Tradução: verdade doce ou mentira amarga
continuação no carro
(João Miguel)
Larguei as calças e olhei para os seus olhos azuis ,a espera, que disse ou manda-se fazer alguma coisa.
— Normalmente eu sou boa a ler as pessoas e consigo prever quais serão as sua atitudes . Entao porquê? — Eu arquei as sobrancelhas e enruguei a testa confuso:
— Porquê o quê? — perguntei, sem entender ao que se referia.
— Todos os teus gestos e atitudes neste dias indicaram que ias fazer uma cena patética de choro e gritaria para ficares com a tua mãe, até porque o real motivo, de a querer conheceres era te livrares de mim.- Eu arregalei os olhos, ela sabia, deu um sorriso de canto em resposta a minha reação.
-Achavas mesmo que eu não sabia? Garoto és um livro aberto.- Baixe a cabeça, senti o sangue nas minhas veias correr mais rápido.
-A Helena disse-me uma vez, que a pior coisa que podia fazer era mentir-lhe, se eu for completamente honesto acerca disto pode-me prometer que não vai ficar zangada, nem punir- olhou séria para mim.
-Se eu não prometer, vais mentir? Então, nem me precisas explicar nada, posso passar já parte do castigo.- estava entre á espada e parede se mentia dor se disser a verdade tinha certeza que ia sofrer na mesma.
- Qual é diferença entre dizer a verdade e mentir? Vou sofrer das duas maneiras.- suspirei.
-Garoto, como sabes que através verdade haverá um castigo?
-Porque vai ficar irritada.- respondi.
-Uma verdade é sempre melhor que um mentira- ela respondeu séria.
— Nem sempre, as vezes é melhor uma mentira doce à uma verdade amarga.- eu falei, olhou para mim como quisesse ler a minha alma.
-Eu vou sempre preferir a verdade mesmo que ela seja amarga.- eu vi que não havia saída, teria de riscar , e falar o que verdadeiramente me passou pela cabeça.- Garoto gosta de jogar, jogos perigosos, sendo que a minutos atrás acabaste de dizer que não voltas a mentir, mas tudo bem as tuas atitudes inesperadas deixaram, com posso dizer? Bem-humorada, então vou te dar um incentivo para me disseres a verdade, dou te a minha palavra de que não haverá represálias.
-Durante o vosso dialogo eu apercebi-me que ela não a possui poder o necessário para me ajudar, então eu desisti e tentar alguma coisa e fiquei com medo que a vossa discussão acaba-se numa desgraça ...- eu suspirei, o rosto dela estava mais serio e definitivamente ela estava zangada, o clima ficou tenso.
-Se ela tivesse tu ias?!
-Sim.- Sussurrei de cabeça baixa. Senti a mão gelada dela minha coxa, o que me fez arrepiar. Segurou o meu rosto com a outra mão e fez os nossos rostos ficarem bem próximos um ao outro.
-Sabes que neste preciso momento eu podia fazer o que quisesse contigo e ninguém, mesmo ninguém te ia socorrer ?- A minha respiração ficou irregular e pesada, as lágrimas começaram a querer se formar nos meu olhos.
-Sei.- respondi baixinho, eu estava a tremer. -Por favor Helena- pedi baixinho, numa tentativa que de não me magoa-se, deu uma mordidinha nos meus lábios.
- Por favor? Mas eu não fiz nada.- ela olhou para mim com uma falsa indignação.- E não vou fazer, por mais vontade que tenha de dar-te uns bons tabefes por essa afronta, eu dei a minha palavra e vou cumpri-la- larguei todo o ar que tinha prendido e superei fundo.- por mais que ninguém me possa obrigar a cumprir, sou fiel ao que prometo.- entendi o que ela tinha acabado de fazer e o que ela queria provar. Eu respirei fundo e tentei ficar calmo.
-Porque me trouxe se sabia qual era o meu "plano"- fiz aspas como dedos na palavra plano
-Porque é essa esperança tola de que a tua mãe ia-te ajudar só te ia arranjar problemas.- o que ela quer dizer com isto é ias ficar desobediente. Lembrei repentinamente:
-E o meu pai ele...
-Deu-me uma volta ao estômago e nem consegui acabar a frase. A postura dela mudou imediatamente assim que falei nele:
-Garoto, é sobre isto que queres conversar?! Se queres saber se ele está vivo? Não te preocupes eu sou uma mulher de palavra. Pensava que te tinha provado isso, mas é melhor eu mudar de ideias? –o seu súbito surto deixou-me confuso então uma pergunta fugiu por entre os meus lábios, eu não queria, mas foi mais forte do que eu:
-A minha pergunta está a incomodá-la assim tanto, porquê?- Eu acho que a apanhei de surpresa, vi por alguns segundos o seu rosto estampado de surpresa. Mas depois o carro encheu-se de gargalhadas, e desta vez eu é que fui surpreso.
-Ai garoto, por que razão as tuas perguntas ir-me-iam incomodar?! O que verdadeiramente me irrita é o facto de achares-te tão importante que penses que algo que faças-me incomode -Ok esta doeu.
-Então não está irritada ?! Então porque que esta a olhar para mim assim?
-Assim como garoto?-Assim, com arrogância a olhar-me como se me quisesse matar.
-Chamaste-me arrogante?
-Eu... não era isso que eu...-Eu olhei para ela, espera aí, ela estava a fugir do assunto.- Não foi isso que quis dizer. E a Helena sabe, está a fugir do assunto!
-E se estiver mesmo a fugir o que vais fazer? Hum garoto?- Ela perguntou. As minhas bochechas devem ter ficado muito vermelhas porque sentias a ferver, então em movimentos rápidos e calculados eu tirei a minha camisa, a única peça de roupa que ainda tinha no meu corpo e coloquei-me de joelhos em cima do banco do carro e baixei a cabeça.
-Eu vou fazer o que a Helena quiser que eu faça.- Eu não sabia bem o que estava a fazer, mas eu queria que as coisas dessem certo, esse era o plano inicial, eu não podia viver em guerra para sempre. Eu acho que ela tinha ficado surpresa com a minha ação. Bem hoje era um dia de surpresas para os dois.Senti os dedos de Helena a entrarem pelos meus fios loiros e acariciar a minha cabeça. O toque dela ficou mais bruto e puxou-me pelos cabelos na sua direção e beijou-me.
-Eu tenho mesmo de ir, garoto! Tenho uns assuntos para resolver.- Disse ela assim que terminou o seu beijo.- Mas...-Ela fechou os olhos e respirou fundo antes de continuara frase.- Queres ficar e passar a noite aqui?- Eu arregalei os olhos não esperam isso dela, será ser algum tipo de teste? Eu olhei confuso para ela, eu tinha de pensar bem no que ia dizer.
-Eu quero Helena! Mas como alguém me disse uma vez que não é poder - Disse a olhar para ela.
-Amanhã tens escola, já te inscrevi no novo colégio. Então vamos fazer assim, o meu motorista vai passar de novo para te vir buscar e levar para a escola. –Eu não queria mudar de escola, ela tinha falado disso comigo, mas não ia adiantar discutir isso, muito menos agora.
-Eu posso mesmo ficar?-Eu perguntei baixo ainda sem acreditar.
-É melhor vestir-te e saíres do carro antes que mude de ideias.- Eu vesti-me o mais rápido possível, mas antes de sair do carro dei um beijo na bochecha dela e disse "obrigado" e saí o mais rápido possível do carro até ao portão, antes de entrar olhei para o carro e fiz adeus e só quando entrei no portão é que ela arrancou com o carro.Toquei na campainha e a minha mãe abriu a porta, os olhos dela estão vermelhos e as bochechas molhadas pelo choro. Ela abriu um sorriso quando me viu:-Esqueceste alguma coisa o meu doce?-Não! Eu voltei porque vou passar cá a noite.- Ela não fez mais perguntas e arrastou-me para dentro de casa.
![](https://img.wattpad.com/cover/248805294-288-k80115.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
O perigo do teu toque
RomanceHelena, uma mulher enigmática e ameaçadora , surge misteriosamente na vida de João Miguel, obrigando-o a ir morar com ela e a seguir suas ordens. Essa narrativa é repleta de assassinatos, violência e suspense. Este texto ficcional aborda uma narr...