[Por João Miguel]
Olhei ao meu redor e pensei o quanto podia dar errado ir ter com Dora, podia ser uma armadinha, podia estar a minha espera com Helena no nosso ponto de encontro, até porque a mesma tentou-me convencer que o melhor era voltar. Entre ser arrastado por Vicenso até casa ou pela Dora, definitivamente preferia mil vezes a Dora. Achei mesmo que tinha escapado, que tinha deixado tudo aquilo para trás, ao lembrar-me da cara de Helena após ter-lhe acertado a face o meu coração apertou com muita força dentro do peito, quase não conseguia respirar, ela sabia o tempo todo que eu estava ali? Porque não veio atrás de mim?
Sentia que estava a jogar comigo, um jogo louco, ao qual só ela sabia as regras onde eu era rato e ela um gato, que não parava de brincar com a sua presa.
Suspirei, tirei a mochila lilás das costas, tinha que mudar de roupa, olhei para dentro do cacifo do Lucca rapidamente despi as minhas roupas e vesti as deles peguei no casaco com capuz que tinha no fundo do cacifo vesti troquei ate os meus ténis por uns que ele tinha lá guardado, tirei um papel do bloco de notas que estava esquecido em cima do armário com uma caneta que devia pertencer a um dos meninos das mesas e deixei uma mensagem para ele:
"Desculpa ir assim, mas estou em grande perigo não me procures, não quero que nada de mal te aconteça, vou levar a tuas roupas emprestadas, se algum dia conseguir entro em contacto contigo e explico tudo. Obrigado por tudo."
Joguei a minha mochila para dentro do cacifo, após tirar o dinheiro que estava dentro dela, se realmente alguém estava seguir-me estariam a espera que se sai pelas traseiras, já que os empregados não podiam sair nem entrar pela frente do restaurante, para não ser apanhado era mesmo por ai que teria de sair olhei para o cabide que estava na parede tinha um boné pendurado deveria ser do Frederico, o chefe da cozinha, peguei coloquei na minha cabeça, tinha que ter cuidado para não ser visto a passar para parte da frente do restaurante, passei rapidamente pelo pequeno e estreito corredor que ligava o vestiário que ficava nos fundos a cozinha que ficava no meio do corredor e a sala das refeições onde fica a porta da frente, coloquei o capuz do casaco por cima do boné, baixei a cabeça e aprecei o passo, quando estava no meio da sala quase ao pé da porta, Rafaello vinha na minha direção o meu coração acelerou eu não podia ser reconhecido por ninguém, corri na direção da porta. Se deixe o bairro a pé a probabilidade ser apanhado seria grande, andei a paragem de autocarro e entrei no primeiro que passou, sai 5 paragens distancia do bairro, atravessei as ruas atem chegar a entrada do Metro.
(...)
Cheguei na galleria , procurei pela praça de alimentação e não vi Dora, olhe em volta a procura de uma cabine telefónica, perder a esperança quando alguém tocou no meu ombro. Virei o meu corpo, dei um gritinho de felicidade quando a vi, abracei com toda a minha força.
(...)
Estávamos sentados numa das mesas da praça de alimentação, eu estava a comer um Hambúrguer que Dora me tinha comprado no Mc.
- O que o menino quer pretende fazer agora?
- Sei la, fugir para um lugar distante, se calhar fora de Itália...- pela cara de Dora, não concordava com a minha ideia.- não espera mesmo que eu volte? Não posso fazer isso...
Dora atirou um envelope bem cheio para cima da mesa, eu peguei e abri vi continha muito dinheiro lá dentro um passaporte e um cartão de cidadão falsificados com a minha foto.
- Não vou impedir de ir, mas sabia que não é a melhor saída, por mais longe que vá ela vai encontrado, neste momento já deve saber que desapareceu, então se quer ir é melhor ir o mais rápido possível e de maneira nenhuma apanhe um avião dentro de Itália, o mais indicado seria um autocarro para fora daqui. - Estava completamente surpreso.
- Dora onde consegui-o todo este dinheiro. - Helena podia ate pagar bem, mas ter dinheiro assim para dar alguém era muito estranho.
- São algumas economias minhas...-interrompia.
- Não posso aceitar este dinheiro, ele é seu não acho que ...
- Eu disse que ia ajudar, esse dinheiro não me faz falta, o menino vai precisar de dinheiro para se manter nos primeiros tempos, continuo achar que não e a melhor ideia, mas o menino é que sabe da sua vida.
Já me tinha ajudado varias vezes, ela sempre encobria as minhas asneiras, como daquela vez em que eu parti a jarra chinesa que a Helena adorava, Dora assumi a culpa por mim, agora estava se arriscar para me ajudar, arriscar o seu emprego, talvez a sua vida.
- Dora não se vai meter em problemas por causa de mim? Não tem medo da fúria de Helena? - Ela começou a rir.
- Não se preocupe comigo, Helena não vai descobrir que o ajudei, de qualquer das formas criei aquela menina, eu sei bem como lidar com ela.
- Porque acha que o melhor é voltar?- o rosto dela iluminou-se com esperança.
- Porque a conheço ela vai caça-lo ate ao inferno, pode levar o tempo que for, mas ela vai encontra-lo e quando encontrar não sei o que pode acontecer.
- Mas se eu voltar ela vai-me matar.- eu respondi baixo e com vontade de chorar.
- Se voltar vou ajuda-lo, e o facto de voltar pelo próprio pé vai acalma-la, aquilo da chapada vamos pensar em alguma maneira também dela o desculpar, até porque Helena não deve estar tão zangada com isso.
- Porque acha isso?
- Porque esta aqui a respirar e a falar comigo, sendo que ela sabia onde estava, estar vivo é prova de que não esta assim não furiosa. Suspirei profundamente.
- Menino continua a ser só um conselho voltar ou ir embora continua a ser uma escolha exclusivamente sua.
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O perigo do teu toque
RomantizmHelena, uma mulher enigmática e ameaçadora , surge misteriosamente na vida de João Miguel, obrigando-o a ir morar com ela e a seguir suas ordens. Essa narrativa é repleta de assassinatos, violência e suspense. Este texto ficcional aborda uma narr...