Uma semana passou. As provas finais me esgotaram, e no fim do sábado, fiquei treinando na quadra para esvaziar a mente, fazendo o treino na parede, como costumava fazer quando era uma mera principiante no jogo.
— Você abre demais a mão. Por isso que a bola não volta. —A voz de Angelina ecoava na minha cabeça. — Vai, dessa vez, com força. Junte as mãos, Alanis. Boa!
Sorri com a lembrança, ao invés de chorar.
Escutei os passos vindo da porta do ginásio, e soube quem era quando o sol que passara com um feixe de luz pela janela iluminou belos cachos dourados, e um belo par de olhos castanhos. O sorriso dele veio de encontro ao meu, as covinhas também iluminadas. Durante a semana de provas, ele invadiu meu dormitório para me ajudar a estudar, e no contexto, Rayssa e Miranda também eram recompensadas por serem ajudadas. Tudo isso para que no final ele pudesse ter privacidade comigo, e nos beijávamos no corredor.
Continuei vendo Dante, mas ele passou a me ver como uma memória antiga e falecida, então me ignorava constantemente, e quando me via acompanhada de Ravi, seus olhos pareciam ferver de ódio, como a pintura do anjo caído. Fred, o narcisista irritante do clube de xadrez, se tornou um ótimo amigo para mim, e relatava tudo que Dante fazia no quarto. Desde socar o travesseiro, até destruir a Lolita. E de como vê-lo chorar era muito esquisito.
Antes que eu me sentisse culpada, Fred mencionou como ele era dramático e não tivemos nada demais. Porém, uma gota de remorso me rodeava como um carneiro ferido.
— Te devo toda a felicidade da minha vida. — Disse Ravi, segurando meu rosto. — Tenho uma coisa para você.
Ele carregava um livro em suas mãos, e isso fez meu coração palpitar de alegria.
— É de Augusto Cury. — Analiso. — Obrigada, Ravi, obrigada de verdade, mas...
— Não venha me dizer que não precisava. — Ele me abraçou. — Feliz aniversário, Lani.
Deitei minha cabeça em seu abdômen, sentindo seu corpo balançar levemente o meu. Desde que começamos a namorar, compartilhamos tudo que temos direito de saber um do outro, então ele acabou descobrindo que meu aniversário era na primeira semana de dezembro, e providenciou comprar algo para mim no mesmo dia que descobriu.
— Tem mais uma promessa para cumprir para mim. — Disse ele.
— Tenho?
— Claro, é uma questão de vida ou morte. — Ele agarrou minha mão e saímos do ginásio. — Cumpra o que promete.
— Devemos ter uma boa memória para sermos capazes de cumprir as promessas que fazemos. — Citei Nietzsche, enquanto caminhávamos pela mesma trilha que fizemos dois meses antes para chegar ao rio.
— Eu devia ter comprado um livro dele para você. É provável que teria surtado de alegria. — ele diz.
— Tanto faz os presentes que eu ganho, o que importa é quem me presenteia. — Digo. — Esse lugar é tão extraordinário.
As árvores se balançando com o vento é o encanto daquele bosque, e o que nos refrescava enquanto passávamos pela trilha.
— Lani, nunca lhe contei, e na verdade, nunca contei a ninguém, mas quando tinha quinze anos, ou seja, não há muito tempo, fiz uma cápsula do tempo. — Ravi parou, e começou a olhar ao redor. — Na época, eu nunca experimentara um cigarro, e ainda estava de luto pelos meus pais e pela vida solitária que levava. Mesmo assim... — Ele procurava por algum sinal na terra. — Ainda tive esperanças de mudar meu futuro, e por isso, quero abri-la contigo. E fazer uma nova.
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Reacendendo-me
Teen FictionEnquanto uma adolescente passa pela fase do luto e do trauma, ela começa a estudar em um instituto interno, e onde espera mais tristeza, na verdade encontra diversos amores e uma vida que jamais imaginou viver novamente. iniciado: 22 de julho de 20...