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     A semana correu e eu me recusei a conhecer mais alguém. Ray tentou me apresentar algumas garotas, mas não disse nada além de um "oi". Miranda me apresentou alguns garotos e perguntou se eu me interessava por algum. Flertei com piscadelas, mas não estava interessada, na verdade, eu só queria deixar a Ray feliz, ela parecia estar fazendo de tudo para que eu me tornasse popular no colégio... Talvez depois do que aconteceu na aula campo de biologia, ela estivesse tentando ajudar.

     Não tinha certeza, mas queria honestamente que ela parasse.

     Sábado finalmente chegou.
     Coloquei um short e uma camiseta com o número 11 entregada a mim por Ray, para o jogo, e amarrei meu cabelo baixo. Descobri que havia uma quadra sem ser de areia dentro do ginásio, então o time seria maior que eu imaginava. Faria amizade com todos eles, apenas com eles. Amigos demais significaria popularidade demais, e eu não queria isso.

     Com os tênis, as meias altas e as joelheiras brancas, estava completamente pronta. Ray apareceu no quarto para verificar se estava pronta, com uma garrafinha de plástico com água mineral, bem gelada na mão, e outra vazia... Para mim.

     — Nosso time tem seis jogadores, normal, mas... Uma de nossas colegas vai sair do colégio e amanhã os pais dela virão buscá-la. — Disse Ray. — Você irá substituir a Mazu então. — sorriu.

     — Diz que ela era o líbero. — implorei, praticamente.

     No meu antigo time, quando fazíamos intercolegial de vôlei, eu fazia papel de líbero e Angelina era levantadora. Lara fazia a função do oposto e os pontas era Drica e André. Eu era tão boa sendo líbera que quando fui substituir Angelina, certa vez, perdemos feio. Mas não significava que eu era ruim em outras posições, eu só era muito, muito boa como líbera. Nesse novo time do internato, Ray era levantadora.

     E ela balançou a cabeça se desculpando. Mazu era da oposta, então eu cumpriria uma função um pouco diferente.

     — Mas tudo bem, trabalhamos juntas. — Ray sorriu, pedindo um high five para mim. — Está treinada, certo?

     — Completamente. Teria um jogo no meu antigo time ontem, mas minha mãe me obrigou a os abandonar... Espero que eles tenham ido bem. — Respirei fundo.

     Mais tarde descobri pelo instagram que haviam perdido feio. Nunca senti tanta culpa na minha vida, e... Angelina teria odiado. Teria me odiado.

     Chegamos no ginásio, e estudei o lugar. Alto, claro, espaçoso e com muitas, muitas janelas. Haviam várias luzes também, então supus que o ginásio deveria ser um lugar com eventos colegiais também. Ray foi correndo na direção de uma menina que me apresentara um dia antes, mas não me recordava no nome dela. E também outro garoto, e pensei ser o Iuri, de quem comentara com Miranda ontem, também.

     Iuri era alto, muito alto, e a pele era bronzeada. Os cabelos eram castanhos, e havia algumas cicatrizes nos ombros marcados. Os olhos, castanhos escuros, mas um nariz arrebitado e uma boca pálida acobertavam o rosto. Os olhos lembravam uma bolinha de ping e pong.

     A garota, Suzanna, fora me apresentada como Suzi. Os dois eram pontas.

     — É muito bom te conhecer, Alanis, a Rayssa falou muito de você. — Disse Suzi correndo até mim, o cabelo curto e liso amarrado batendo para os lados.

     Outrora, teria apenas dado um sorriso e dito o mesmo. Mas precisava ser a melhor amiga de todos do meu time.

     — É bom jogar no mesmo time que você, Suzi. — Tentei sorrir com os dentes, mas nunca saiu tão falso, mas ela não notara.

Reacendendo-meOnde histórias criam vida. Descubra agora