13

17 3 0
                                    

     Lição número 01 do recomeço: faça do jeito que você sempre fez, porém, diferente.

     E iria começar ficando com alguém.
     Depois da aula de literatura fomos direto para o ginásio assistir ao treino de basquete masculino. Todos os garotos eram bonitinhos, mas não chegavam aos pés do Dante, para mim. Ray estava comigo, apenas ela e Ravi jogavam vôlei, mas ele se recusou a colocar os pés no ginásio. O técnico deles era o sr. Beddor e o jogador oposto do time de Leblanc, Cairo Tamlinson, fisgou o coração de Ray, e ela não parava de falar dele.

     — Imagina aqueles dedos esguios na minha cintura enquanto eu agarro aquele maxilar.... Ah, que saudade de beijar. — disse ela. — Já tem cinco semanas que eu não fico com ninguém. Não sabe como isso é aborrecedor, não sabe, Lani?

     — Você é gata. Logo aparece alguém. — disse eu, com os olhos na bola de basquete nas mãos do técnico.

     — Acho que vou flertar com ele. — ela mordeu o lábio inferior. — É um deus grego.

     Soltei uma risada.
     — Céus, você está parecendo uma cadela no cio, pare de empinar a bunda. — eu disse enquanto ela me obedecia, entre risadas e um rosto corado.

     Esforcei para minha boca parecer vermelha, para atrair o olhar de Dante. Mas quando o jogo começou, ele não se desconcentrava, mantinha centrado na bola e os jogadores ao redor.

     Não sabia dizer se estava pronta para me apaixonar de novo, meus últimos relacionamentos foram um fiasco, mas para beijar, eu estava. Beijar com força, como eu e André fazíamos. De repente, parei, pensei, e pensei. Pensei de novo.

     Afastei esses pensamentos quando o treino acabou e alguns jogadores se aproximaram de nós. Alguns foram direto para algumas garotas perto de nós, e Ray foi direto para Cairo.

     — Mars falou sobre você. — disse uma voz atrás de mim. — Eu sou Dante.

     — Eu sei. — segurei a mão dele. — Alanis. Vocês jogam bem, parabéns.

     Ele abriu um sorriso.
     — Já te vi jogando vôlei, seu primeiro jogo, suponho. Fiquei impressionado, joga a quanto tempo?

     — Ah... meio que desde que me conheço por gente. — menti.

     Fiquei completamente impressionada quando percebi que realmente consegui desencadear uma conversa produtiva com Dante. Produtiva entre aspas, já que conversávamos muito mais sobre esportes do que da vida um do outro. Mas o que importava era conhecê-lo. Quando olhei para Ray, de longe, ela piscou, enquanto apontava para Dante, dizendo para que eu prestasse atenção nele, que falava na sua tentativa falha de jogar futebol.

      Não seria difícil beijá-lo.
     Mais tarde, na hora do meu treino, ele se ofereceu para assistir, e Ray lamentou falhar terrivelmente em tentar se envolver com Cairo, já que ele tinha namorada e descobrira da pior maneira.

     — Aquele é Dante Leblanc? — Disse Miranda quando chegou perto da quadra de areia só para me perguntar isso.

     — E isso é uma garrafa de leite? — Perguntou Ray correndo até nós. — Mira, não me diga que você...

     — Leite com vodca. Mas não conta pra ninguém.

     — Miranda, você está bebendo em horário de aula!? — Arregalei os olhos, falando rapidamente. — Enlouqueceu de vez?

     — Em primeiro lugar, não é horário de aula. — Era sim. — E em segundo lugar, o leite disfarça o cheio da vodca, eu li isso num livro. — ela deu um gole. — Agora, caso não percebeu, Alanis, o Leblanc tá super na sua. Pega ele, bate, beija, transa, faça tudo que puder com ele. Porque quando tive a chance descartei, e agora ele tá um merda de um gostoso e o garoto mais difícil do mundo, nunca vi Dante ficar com ninguém, até ver o olhar dele em você.

     Tentei não olhar para ele. Mas Miranda estava certa, eu deveria realmente aproveitar enquanto podia.

     Depois do jantar, não passei no esconderijo por ordens de Mira de aceitar o convite de Dante até o refeitório e me sentar na mesa com os amigos dele. Era a pior ideia que alguém pudesse aceitar já que ele era amigo de alguns amigos de Tori, mas eu fui mesmo assim.

     Tentei não parecer desconfortável, mas foi relativamente impossível não ficar perto de Zara com melações com o namorado. E lá se foi o Dante que eu criei na cabeça quando o refeitório ficou vazio e ele começou a falar com os amigos gritando, xingando, e sendo nada fofo.

     Fora as perguntas que as meninas faziam para mim: Qual tinta você usou para colorir o cabelo? Qual seu cantor favorito? Você gosta mesmo de vôlei? O que tem de errado com a Miranda Pêra?

     — Eu nunca pintei o cabelo. — Respondi fria. — Eu... preciso ir. Estou cansada, treino difícil.

     Me levantei, mas Dante segurou a minha cintura. Não meu braço; não minha mão. Minha cintura.

     — Te acompanho até o seu quarto. — ele sorriu, o cheiro do condicionador usado no cabelo mais cedo entrando pelas minhas narinas. — Está escuro. Muito escuro.

     O toque de recolher era ás 21h, quando os monitores passavam pelos corredores, com lanternas, e pelo refeitório e em praticamente toda a escola procurando por alunos que não o obedeceram ou mandando alguns irem. Naquele momento, faltava meia hora para o toque, e eu sabia disso, provavelmente Dante também sabia que eu saberia.

     — Obrigado. — Ele falou, repentinamente, enquanto caminhávamos até os dormitórios, passando pelo imenso campus.

     — Pelo o quê? — perguntei, tentando sorrir. Coloco as mãos no bolso da calça.

     — Por me tirar daquela multidão. — ele deu de ombros. — De verdade, quando o Matias — seu amigo — me arrasta para os amigos dele, eu juro que não sei nem o que fazer. Prefiro meu cantinho, sabe? 

     De repente, paramos em frente ao lago, e ele olhava calmo para a vista enquanto eu verificava o quarto. Ray estava dormindo, mas Mira não estava na cama. Tudo estava escuro, pude sentir a mão gelada e grandemente masculina se envolvendo por mim.

     — Parece que não tem ninguém. — Ele sussurrou no meu ouvido, agarrando a minha cintura tão forte que não soube dizer que tipo de dor sentia.

     Sorri, para entrar no clima que ele queria criar. Claro. Se Dante era como os amigos dele, não estava se importando para estar apaixonado, desde que tivesse uma garota bonita e uma noite de pegação recíproca, então estava tudo perfeito.

     Ele pegou no meu pulso e me prensou na parede atrás do almoxarifado, quando todos os monitores terminaram o toque de recolher. Enquanto isso, fazia leves beijos no meu pescoço e com a outra mão, acariciava meu ombro. Passei a mão pelos seus cabelos enquanto o beijava intensamente e logo enchia seu rosto de beijos, vendo sua silhueta naquela escuridão.

      — Você é linda. — ele sussurra, depositando beijos molhados e leves como uma pluma em volta da minha boca. — Me diga o que você quer.

      Já jogara aquele jogo antes. Um dos dois pergunta no ápice "o que você quer?" e claramente a outra pessoa responde "eu quero você" caso a amasse de verdade. Mas eu não amava Dante, amava os beijos dele.

      — Eu quero me divertir. — Respondi com a voz manhosa, e ele sorriu. Pareceu ter gostado da resposta.

     Ficamos algum tempo ali abraçados enquanto sua mão acariciava levemente a borda da minha calcinha e explorava todo o meu corpo. Eu havia me entregado para ele, no mesmo dia que havia o conhecido, mas me senti nos velhos tempos. Quando eu, Angelina, Lara, Eleanor e André saíamos juntos para algumas festas, era nisso que dava sempre que sumíamos para um canto. Eu conhecia alguém aleatório e era nisso que dava, alguns amassos e fim.

     — Está tarde. Mas eu nunca gostei tanto de um beijo quanto o seu. — Disse eu, segurando o seu pescoço. Roçamos os narizes. — Continuamos depois.

     Dante abriu um sorriso antes de apertar a minha bunda, e beijamos entre risadas.

Reacendendo-meOnde histórias criam vida. Descubra agora