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     Quando a detenção acabou, finalmente, eu fui direto para o ginásio de vôlei depois da aula. Ray me esperava junto de Luma, e o time estava todo reunido. O técnico nos deu aulas e me explicou para voltar á minha posição o quanto antes. 

     — O líbero voltou! — Anunciou Luma, que jogou o chiclete que mascava no lixo. 

     Me preparei fazendo a pose habitual, e encarei as arquibancadas. Era Iuri sacando, e Carla rebateu, vindo direto para mim, marcando imediatamente um ponto. Observando novamente, arquibancadas vazias. Assim, Suzi pediu para sacar. Nesse meio tempo, a porta do ginásio se abriu, mas eram apenas alunos que não tinham mais nada para fazer, a não ser nos assistir jogar. Nada dele.

     A pessoa que eu esperava ver só podia estar no clube de xadrez.

     — Lani, a bola! — ouvi o ecoar da voz de Ray quando a bola veio em minha direção e eu fiz outra  manchete, marcando mais um ponto. 

     Depois de quase meia hora de jogo, o técnico declarou uma pausa de dez minutos para conversar. 

      — Vocês foram o time que ganharam no torneio, há alguns meses. Estamos muito próximos do intercolegial, e poucos internatos como esse são selecionados, então não adianta negar que tivemos muita sorte. — ele pronunciou. — Precisam dar o melhor de si. Competirão 3 sets e quem fizer 25 pontos... Ah, vocês já entendem.

      Assentimos com a cabeça e eu fui beber um pouco d'água, até ver Mira correr até as arquibancadas como se estivesse fugindo de algo.

      — Eu vim o mais rápido que pude. A senhora Kalil nos prendeu na aula, quase que não conseguimos sair. — ela quis justificar. — Precisamos conversar sobre isso, Lani.

      Ray e eu nos entreolhamos, mas minhas bochechas vermelhas me entregaram.

      — Estudei com ele hoje, e claramente Ravi não estava no seu normal. Seus olhos estavam... brilhando. — disse Mira. — Insisti até ele me dizer a verdade, e eu, não sei o que dizer.

      — Lani, está traindo o Dante?

      — Eu não estou traindo ninguém! — respondi rapidamente.

      — Então por quê beijou o Ravi? — pergunta Mira.
 
      — Quê? Eu não o beijei! Por mais que quiséssemos... Não rolou nada, entendeu? Só estamos começando a sentir algo diferente. Só isso. — Por fim, expliquei. — Está sendo difícil já que ele não retribuiu as três palavras.

      — Você disse para ele que o ama? — perguntou Ray, já entendendo minha charada. — Tipo, olho no olho?

      — Eu... Eu só acabei me perdendo, e só falei. Mas não devia ter dito nada. Ele não deve sentir o mesmo por mim, e não quer dizer nada para que eu não fique magoada, entendeu? — eu disse. — Ravi e eu somos bons amigos e não quero acabar com nossa amizade.

      Coloquei algumas mechas rebeldes do meu cabelo para trás, confusa com minhas palavras. Não queria que pensassem que eu estava traindo a confiança de alguém, e não queria que pensassem que eu estava apaixonada por um amigo. Mas, pelos olhos levemente arqueados de Ray diretamente para mim, me senti errada na história. Sem dúvida, talvez eu realmente estivesse. Quando Mira abriu a boca para responder, olhamos todas para as portas. Eram os próprios Ravi e Mars conversando secretamente, e tentei me encontrar com os olhos dele, mas o mesmo continuou fitando o chão enquanto Mars lhe dizia algo intrigante. Nunca quis tanto ter uma super audição agora.

      — Alanis — Ray pegou em meu ombro e ficou na minha frente. — Somos todos amigos a apenas alguns meses. E eu fico muito feliz que tenha conseguido tanta coisa nesse meio tempo, mas... Por que escolheria Ravi em vez de Dante? Tipo, é o Dante, e ele ama você.

Reacendendo-meOnde histórias criam vida. Descubra agora