Entrei no ginásio sem conter um sorriso. O uniforme que eu usava, com o número 11, ficou com certeza mais descarado. A primeira a olhar para mim foi Carla, que estava bebendo água de coco com sua amiga, Nora Mendes, que jogava handebol, que também virou o olhar para mim. Fiquei ansiosa por ver meus amigos, o que eles diriam.Ray estava colocando os tênis novos.
— Lani, é você? — perguntou ela, abaixada, quando cheguei perto e fiz uma sombra em sua frente.
— Sim. Vamos treinar hoje? Posso começar sacando? — pedi.
— Bom, Iuri havia pedido primeiro... — Ela levantou a cabeça e arregalou os olhos, analisando meu cabelo, boquiaberta. Abri um sorriso, mais uma vez, fazendo Ray repetir a pergunta. — Lani, é você!?
— Sim, sou eu! — falei, entusiasmada. — Finalmente, essa sou eu. — abri mais um sorriso, sem querer.
— Ah, Lani. Estou tão feliz por você. — Ray me abraçou. — Você tá tão gata com esse corte, e esse sorriso que está todo metido? Nunca a vi rir desse jeito, em todos os nossos três curtos meses de amizade. E estou tão, tão orgulhosa!
— Obrigada, Ray. — disse eu, devolvendo seu abraço.
— Você quem vai sacar. — ela disse, por fim, antes de sair de perto de mim. — IURI! VAI PRA PONTA!
Depois, Miranda apareceu com um sanduíche natural. Contei a ela sobre minha conversa com minha mãe, e ela ressaltou que eu fiz bem em não voltar. Pessoas como minha mãe são manipuladoras, e talvez eu não pudesse ter uma vida normal em casa como pensávamos. Assim como Ray, ela elogiou meu corte e disse que poderia me ajudar a dar umas aparadas na franja, que ficara meio desproporcional.
Mars, que havia acabado de sair da quadra de basquete, suado, riu conosco ao me ver.
— Garota!? Quem é você e o que fez com a Alanis sem graça, depressiva e inofensiva? — disse ele. — Você tá muito gata! Se você não tivesse um ficante... Juro, estou na fila.— Valeu, Mars. Você com certeza é o melhor. — eu respondi, colocando algumas mechas da minha franja para atrás da orelha.
Quando nos demos conta, Ravi havia se sentado, ali, nas arquibancadas, segurava uma caixa de um mini-tabuleiro de xadrez, provavelmente para jogar com Mira enquanto Ray e eu treinávamos. Ele me analisou, parecendo procurar palavras.
— O que aconteceu com você? — ele perguntou. Dei de ombros, entre risadas.
— Só quis mudar um pouquinho. — respondi.
Era como se ele não quisesse dizer que eu estava bonita. Nem que eu estava feia. Ravi apenas mordeu os lábios e se sentou, dizendo:
— Ficou bom.Depois, Ray nos chamou para formar o time. A reação de Ravi não foi das melhores, mas fiquei feliz por ao menos receber a atenção que achava que merecia dos meus amigos. Logo, fiquei surpresa com a quantidade de pessoas que recaiu o olhar para mim ao me ver jogar com um aspecto tão diferente. Era fato que o corte não estava dos melhores, mas era fato também que mesmo assim eu ficara bonita. Diferente. Não muito feminina, como Ray ou Carla, mas ficara atraente de certa forma.
Quando as aulas acabaram, fui para o quarto de Dante, imaginando o quão feliz ele ficaria de me ver daquele jeito, tanto que não pude conter o sorriso. O dormitório estava fechado, e quem abriu foi Fred, que acelerou meu coração de raiva. O mesmo estava jogando xadrez sozinho, pelas peças espalhadas na mesa e não haver mais ninguém no quarto, e disse que Dante tinha treino de basquete hoje. Quando eu fora ao ginásio se basquete, as arquibancadas estavam cheias de alunos que assistiam ao jogo, incluindo Mira e Ravi. Mars e Dante jogavam em times opostos, porém o primeiro citado não estava muito centrado.

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Reacendendo-me
Fiksi RemajaEnquanto uma adolescente passa pela fase do luto e do trauma, ela começa a estudar em um instituto interno, e onde espera mais tristeza, na verdade encontra diversos amores e uma vida que jamais imaginou viver novamente. iniciado: 22 de julho de 20...