Capítulo Cinquenta e oito

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        Em busca de respostas

   — Talvez possa dizer algo que o conforte. — sugeri com esperança.

   Senhora Kate colocou as maçãs na sacola.

  — Conversei uma vez com ele e por telefone, não é invasivo demais me intrometer nos sentimentos dele? — questionou mantendo a mesma calma de sempre.

  — Mas, o que eu faço?

  — Não faça nada.

  — Não fazer nada?

  — Sim.

  — Senhora Kate. — supliquei com os olhos.

  Suspirou.

   — Não fazer nada é tudo que pode fazer agora, deixe ele viver essa dor. Ele não precisa que você faça algo, só que esteja lá por ele.

  — Comigo a senhora agiu de forma diferente.

  — Agir?

  Se demonstrou pensativa.

  — Sim. Me fez limpar a casa, fez com que eu aprendesse a fazer biscoitos e a estender roupas. Fez com que eu saisse do esconderijo e usou conselhos e palavras de afirmação.

  Senhora Kate me entregou a sacola e cruzou os braços.

  — Quem você quer fazer se sentir melhor? O seu irmão ou você?

  — Thomas, é claro. — a olhei.

  — Ele te pediu para fazer algo?

  — Não, só para abraçá-lo.

  — Então feche a boca e estenda os braços.

  Ela saiu andando pelo corredor.
  A acompanhei em casa, deixei suas compras na cozinha. Enquanto ela subia, fiquei no corredor olhando para as fotos na parede.

  — Não é estranha essa sensação?

  Olhei para o lado parecendo a presença de Charlotte.
  A cumprimentei com um pouco de estremecimento.

  — Que sensação?

  — De passado. — comentou. — Essa casa continua igual, não mudou absolutamente nada. E quando olho para você, vejo que nada mudou. Até o sentimento continua o mesmo.

  — Não sei do que está falando.

  — Da angústia. — disse com os olhos focados no retrato da Michelle. — Você tem o olhar dela.

  — Acho que já irei, diga a senhora Kate que voltarei outro dia. — dei as costas.

  — Gostaria de me retratar por aquele dia. — disse. — Aceita um chá?

Virei o corpo para ela.
Concordei com a cabeça.
Ela colocou duas xícaras sobre a mesa e sentou de frente para mim, reparei as unhas bem pintadas e os anéis nos dedos. Agradeci pelo chá, não gostava muito, mas queria aproveitar o momento para saber mais coisas.

  — Tem leite e biscoitos de limão.

  — Gostaria muito. — falei.

  Ela se levantou para pegar o pote e a jarra. 

  — Luccas e você namoram? — perguntou.

  — Somos amigos e sócios de negócios.

  — Sophie disse que vocês estavam namorando e que almoçaram juntas.

  — Sendo direta era tudo armação. Deixei a senhora Sophie irritada?

  — Amendrontada. — corrigiu.

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