Capítulo Sessenta

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                                  THOMAS

                 FELIZES ATÉ O PARA SEMPRE

Não conseguia dormir, era uma noite longa, a todo momento uma sirene de alguma ambulância disparava, carros e motos passavam pela rua, assim como as maçãs carregando pessoas passavam pelos corredores. Andei de um lado ao outro inúmeras vezes. Estava com tanto medo, só de imaginar uma expressão preocupada de um médico vindo na minha direção fazia com que o meu corpo tremesse de pavor.
  Os meus pais tentaram me trazer tranquilidade. Taylor estava cumprindo a promessa de Manoella em não desamparar a Mak naquele momento. Quando ela havia me ligado para dizer que a Manoella estava vindo para cá de certa forma o mundo se abriu sobre os meus pés.
  Assim que liberaram entrei no quarto onde ela estava, fiquei assustado e pasmo em vê-la daquela forma. Com fios, mais branca que o próprio lençol da cama e com os lábios e extremidades cianótico. O brilho que ela exalava sumiu, o rosto estava pálido e exausto. Me sentei ao seu lado e fiquei as horas seguintes segurando sua mão. O médico informou sobre o estado delicado que ela se encontrava, os pulmões não estavam funcionando corretamente e isso poderia ser um sinal que estivesse chegando a hora de se despedir. Não conseguia raciocinar, o amor da minha vida iria soltar a minha mão novamente, mas dessa vez para sempre.
Devagar Manoella abriu os olhos e simultaneamente um sorriso aliviado surgiu no meu rosto. Ela chamou por mim de maneira sonolenta e dificultosa.

— Estou aqui.

— Você veio.

— É claro que vim, estou aqui e vou ficar até o fim.

  — Fiquei com medo de não conseguir vê-lo.

  Manoella estava exausta, com o pouco de força que tinha estava lutando para se manter viva. Ela observada cada canto do quarto e em um momento ela chorou, tentei acalmá-la, mas não tinha como, ela sabia que estava indo.

Ela estava exausta, observava todo o quarto, e inevitavelmente ela chorou. Tentei acalmá-la, entretanto não tinha como, ela sabia que estava partindo.

— Eu não quero morrer aqui.

O seu choro comovente e sua voz fraca tomavam o leito, continuava segurando sua mão. Da janela do quarto conseguia enxergar Mak abraçada a Taylor.
Os meus olhos eram como uma cachoeira de lágrimas. Usar palavras como " Tudo vai ficar bem " ou " Vamos superar isso " não adiantariam. Manoella estava assustada e eu não podia encorajá-la, já que em mim mesmo faltava coragem. Ela tirou a máscara de oxigênio.

— Eu não posso morrer aqui Thom. — disse mais uma vez. — Aqui não.

  Manoella pediu com os olhos turvos que a tirasse de lá, porém se fizesse isso teria pouco tempo com ela. No hospital as chances que ela teria de ter uma qualidade de vida melhor nos seus últimos momentos seriam maiores.

— Se você sair daqui agora, não terá uma qualidade de vida melhor. Aqui você poderá realizar todas as suas vontades e tem uma equipe médica a sua disposição. — implorei para que ela ficasse.

Suas mãos apertaram a minha e ela tossiu algumas vezes, apertou os olhos e o abriu em seguida.

— Thom me escute. — pediu. Assim fiz. — Não vai adiantar nada esperar aqui, ninguém pode fazer nada por mim em relação a minha condição, mas você pode me tirar daqui. — continuávamos olhando um para o outro. — Eu quero ir para um lugar calmo, onde sinta a areia quentinha da praia nos pés, onde a brisa bata no meu rosto, quero olhar o mar pela última vez. Jura que não vai me deixar morrer aqui.

Manoella olhava para mim esperando minha resposta, concordei com a cabeça e disse que faria o que ela pedisse. Deixei ela aos cuidados da mãe, e recorri aos médicos. Nenhum aceitou liberá-la, dar alta naquele momento era como assinar sua sentença de morte e ninguém queria se responsabilizar por isso. Pedi ajuda para os pais da Manoella e aos meus, mas sem o carimbo de um médico era impossível tirá-la. Mak estava preste arrumar um barraco com todos.

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