Capítulo Vinte e quatro

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  Estava com o corpo suado, o chão estava como um forno quente e havia muita fumaça a minha volta.
  Me levantei com dificuldade, novamente estava naquele corredor com o espelho na minha frente. O meu reflexo estava distorcido, era muito estranho. Caminhei até uma porta no fim do corredor.

  — Borboletinha.

  Uma criança passou por mim correndo, indo em direção a um homem alto. Ela tinha cabelos cacheados, bem enroladinhos e usava uma fantasia rosa e asas de tule.

  — Papai, você me achou. — ela sorriu.

  — É claro que sim, você é a minha borboletinha. E sabe de uma coisa? Sempre irei achar você.

  O homem respondeu com um sorriso entusiasmado. O meu peito ficou apertado com aquele gesto dos dois, uma mulher entrou no local, a mesma mulher dos meus sonhos. A mulher sem rosto, nas mãos trazia consigo uma travessa com bolo. De relace olhei para a geladeira, nela estava grudada uma folha de calendário, o mês não aparecia, somente o ano, 2001.
  Uma garota chegou e sentou a mesa, usando um chapéu de aniversário. Todos pareciam está tão felizes. A fumaça invadiu o lugar, os levando. Andei para uma nova porta e acabei saindo em uma varanda com a vista para rua. O homem de antes estava sentado em uma cadeira de balanço, tragando um cigarro e lendo um jornal.
  Estávamos em 2006, o anúncio do jornal falava a respeito da minha mãe assumindo a presidência da Space Black. Foi o mesmo ano que tinha chegado ao orfanato. De repente a minha mãe e a mesma mulher de antes se aproximaram de mim.

  — Querida, vamos. Irei levá-la para casa.

  A mulher sem rosto estendeu a mão para mim.

— Onde você vai meu amor? — mamãe perguntou. — Sua família está aqui.

  Ela apontou para o meu pai e Thomas que estavam jogando basquete no jardim, e logo depois segurou a minha mão.
  Não sabia o que fazer, estava totalmente impotente.

  Acordei com o suor escorrendo pelo meu rosto, o quarto estava escuro com as luzes apagadas e cortinas fechadas. Will estava virado de lado dormindo, levantei devagar, calcei o meu chinelo branco e sair do quarto. Encontrei o papai arrumando a coxinha.

  — Oi. — cumprimentei baixo.

  — Filha. — sorriu. — Precisa de alguma coisa?

  Balancei a cabeça dizendo que não.

  — Na verdade... — suspirei. — Pai, estou procurando pela minha família biológica, não é por curiosidade e sim necessidade. Se isso for demais para o senhor, me desculpa, e eu paro de procurar por eles.

  Ele puxou uma cadeira para mim e disse:

  — Eu não posso dizer que sei como se sente, porque eu não sei. Mas se estivesse na mesma situação gostaria de saber os motivos que os levaram a me deixar, não por curiosidade, mas também por necessidade. — sua compressão me deixou um pouco ansiosa. — Não me incomodo por querer saber o que houve, só peço para não nos privar de um momento importante como esse.

  — Não contei nada a princípio porque não queria chateá-los.

  Contei entristecida.

  — Bebê. — passou as mãos pelo meu cabelo. — Você nunca nos chateia, ao contrário, nos deixa orgulhosos.

  Dei um sorriso feliz.

  — E se eu descobri algo ruim?

  — Estarei lá com você. — garantiu.

  Papai me serviu alguns cookies e leite quente.

  — Como conheceu a mãe?

  A história de como uma recém  empresária teve seu coração roubado por um astro de basquete era tão romântica, eu adorava escutar a história dos dois.

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