Capitulo Sessenta e dois

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                                     O LUTO

                                       Taylor

  Fiquei um tempo só lendo a carta deixada por Manoella. Como combinado me encontrei com o Will na cafeteria, pela primeira vez não estava me importando com a minha aparência. Estava cansada, com olheiras e com o rosto enchado, Will estava me esperando sentado em uma mesa no canto, um tanto que discreta. Ao entrar, ele se levantou e puxou a cadeira para mim. Meu corpo se arrepiou ao sentir o aroma do seu perfume que continuava sendo um dos meus favoritos. Uma garçonete colocou na mesa um suco de limão e algumas torradas.

— Imaginei que o seu estômago não estaria muito bem, então tomei liberdade para pedir uma limonada. — ele disse de uma forma mais profissional, não como o Will, mas sim como o doutor Brasart. Nos seus dedos ainda haviam os anéis que trocamos na ilha. — Como você tem estado? É uma pergunta idiota, eu sei, ainda mais pelas circunstâncias.

— Por onde você esteve? — quis saber. — Você sumiu depois do evento Liara, não me ligou e nem me enviou nenhuma mensagem.

— Achei que quisesse um tempo para digerir tudo. Você disse que precisava resolver algumas coisas, antes de voltar para mim. Então eu esperei um passo seu.

Segurei o copo com as duas mãos, Will não tirou os olhos de mim. O olhei de volta e mencionei minha falta de tempo, sendo apenas uma desculpa.
Ele respirou fundo e deu um leve sorriso.

  — Às vezes esqueço que você não é uma mulher comum.

Levantei o olhar. Ele apontou para o pôster com uma foto minha estampada na vitrine atrás de mim. Levei o suco até a boca dando um gole pequeno.

  — Como soube? Alguém noticiou? — questionei. Ele prendeu os lábios e logo imaginei o que teria acontecido. — Tia Francine.

  Quando aqueles olhos verdes se levantaram, eu sabia que tinha acertado.

  — Não vim apenas por isso. — contou esboçando preocupação. — Precisamos conversar.

  — Sobre nós dois? — quis saber curiosa.

  — Sobre você, Baker. — Will disse de forma séria. Deixei com que ele prosseguisse. Na mesa Will colocou todos os meus raios-x feitos do começo do tratamento até o último. Junto a opinião de vários médicos. — 97% considerou inoperável pela localidade e 3% considerou operável com alto risco de sequelas permanentes.

  — Isso tudo eu já sei. — estava cansada do assunto que mal havia começado. — Onde pretende chegar?

  — 0,98% foi o que Ben Carson considerou. Ele acredita que você tenha cerca de quase 1% de chance de sair ilesa da mesa de cirurgia. — Will mostrou um novo relatório. — Eu estava em Tokyo, implorando para que ele juntasse ao doutor Edward para fazer sua cirurgia. E isso pode ser um passo para a ciência.

  Dei um tapa na mesa, chamando a atenção de quem estava no local e do próprio Will que se assustou com a minha atitude.

  — Baker, o que foi?

  — Você realmente está falando isso! — gritei irritada e com os olhos prestes a saltarem junto com lágrimas. — Eu acabei de perder minha amiga, minha cunhada, a pessoa mais importante da vida do meu irmão e você simplesmente volta e me pede pra entrar em uma mesa cirúrgica com menos de 1% de eu sair de lá viva por causa da droga da ciência? — respirei fundo. Will ficou perplexo com meu aumento no tom de voz. — Você é inacreditável.

  Dei as costas e sair andando. Não havia pessoas na calçada, comecei a andar rápido, tirei os saltos que deixavam os meus pés desconfortáveis e continuei andando na mesma velocidade. Não conseguia compreender porque eu estava tão irritada, eu sabia dos riscos e sempre soube, por que aquilo se tornou uma tempestade em um copo d'água?
  Senti as mãos do Will tocarem o meu antebraço. Virei para ele automaticamente ficando quase próxima do seu rosto.

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