Capítulo Sessenta e três

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Quem eu sou?

TAYLOR

O alarme tocou as seis em ponto da manhã, os empregados já estavam acordados, limpando a sala principal, a cozinha e o jardim. Não tomei café da manhã. Não fiz nenhuma produção e nem mesmo ousei colocar uma lace, deixei meus cabelos naturais, presos em um coque com um lenço estampado nas cores azul marinho e laranja.
Coloquei um coturno marrom, short jeans e uma blusa branca, por cima joguei uma camisa aberta do mesmo tecido que o short porém mais escura. Abri o portão da garagem com o controle remoto e entrei na famosa BMW X5 da tia Francine, chamada carinhosamente de Jana pelas crianças. Coloquei a chave na ignição e liguei o carro. Dei uma respirada funda. Iria passar pela rota do acidente que Thomas e eu sofremos. Isso causou um desconforto em mim. Pensei em pedir para Addie me levar, entretanto estava determinada a enfrentar esse monstro que habitava a minha sombra.
As imagens daquela fatídica noite vieram a minha cabeça. O meu irmão desacordado. As sirenes, e o barulho dos pneus no asfalto. A dor física e choque no meu tórax, aquela luz forte sob meus olhos. Era estranho, por qual motivo aquilo nunca se perdeu nas minhas lembranças?
A porta do passageiro se abriu sozinha fazendo com que me assustasse.

  — Você ficou louco! — falei, Thomas adentrou o carro e se sentou ao meu lado.

  — Bom dia para você também. — respondeu com ironia. E logo estendeu uma caneca com capuccino.

— Vocês dois falam tão alto. — reclamou Mak, que também entrou no carro se sentando nos bancos de trás. Ela mencionou a dor de cabeça insuportável que estava sentindo e estendeu uma caixa de donuts recheados.

— O que estão fazendo? — olhei para trás e depois para frente e perguntei o motivo pelo qual os dois estavam acordados.

— Thomas me acordou e disse que você iria fugir.

— O que? — olhei para trás.

Mak mordeu a rosquinha deixando cair uma gota no banco.

— Tia Francine vai ter matar. — Thomas e eu dizemos em uníssono. Mak deu os ombros e disse que no caminho poderíamos passar em uma lava jato.

Deitei no banco com a cabeça para trás. Aquilo realmente não estava nos meus planos. Chamei os dois para uma conversa franca e perguntei o que estava acontecendo.

— Você disse que precisamos seguir. — Thomas afirmou minhas falas precisas enquanto ele chorava no armário no dia anterior. — Estamos fazendo isso, não é Mak?

— Aram, ou pelo menos estamos tentando. — disse, estendendo novamente a caixinha.

— Quando eu disse isso me referir a seguir em frente, seguir com a vida de vocês e não me seguir.

— A gente sabe, não somos idiotas. — Mak disse. — Mas no momento você é o nosso modelo de superação.

Os dois continuaram.

— Ninguém quer ficar sozinho pensando nos últimos dois dias. — Thomas explicou, ele ainda estava com um aspecto triste, mas não estava pior do que ontem. Isso era bom. Mak havia tomado um banho e isso me tranquilizava. — E a mãe precisa trabalhar, o desfile é em alguns dias, ela não vai fazer nada se viver em nossa função.

Concordava com ele.

— Tudo bem. — falei. — Olha gente, eu sei que tá difícil e é difícil para todo mundo, ainda mais para vocês dois. O luto é uma coisa angustiante e vocês podem superar, mas vai doer por muito tempo ainda e...

Parei de falar ao escutar o ronco de Mak vindo do banco de trás. Dei uma risada e balancei a cabeça.

— Não é por ninguém, é por mim. — Thomas disse. — Então onde nós vamos?

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