Ela precisou deixar o trabalho para estar ali. Considerou a ligação de Maeva muito incomum, mas não questionou por muito tempo, pois ela raramente se preocupava sem necessidade. No entanto, Atena não esperava por aquilo.
Parada diante a um advogado mal-humorado, de terno e gravata, temeu pelo fim de sua vida. Ela tinha estado em uma delegacia antes, no meio da noite, implorando para que não deixassem que Matheo a pegasse novamente. Havia sido aterrorizante. Desde aquele dia, sentia medo de qualquer pessoa com poder judicial.
— Este estabelecimento foi comprometido. – avisou de forma alta e clara, sem desviar o olhar das poucas mulheres reunidas na lavanderia – Foi dado pelo meu cliente o prazo de três dias para tudo ser retirado. Caso não seja cumprido, alertaremos as autoridades e encaminharemos a denuncia de invasão a propriedade privada.
— Isso é tudo? – Maeva cruzou os braços.
— Sim. – entregou a ela por escrito as mesmas ordens que dera e se retirou desejando um bom dia.
— E agora? – Atena suspirou diante do terrível silêncio.
Seu único pensamento era que perderia o emprego e precisaria encontrar outros meios para tentar cursar a faculdade. O dinheiro que tinha só serviria para o primeiro semestre se fosse bastante cuidadosa e ignorasse algumas refeições. Não podia mais supor que encontraria sua mãe com suas economias intactas.
— É tudo culpa sua! – ouviu Mabel dizer.
Se fosse por causa de Matheo, ela certamente já teria sido levada para um lugar muito sombrio, aterrorizante.
— O que eu fiz?
— Mabel, agora não é um bom momento. – Maeva caminhou para trás do balcão, reunindo seus pertences – Precisamos limpar tudo e ir embora.
— Está falando sério? Ele só fez isso porque acobertamos Atena.
— Como assim me acobertaram? O que está acontecendo? – perguntou apavorada apertando os dedos da mão.
— Você iria gostar se déssemos seu endereço para alguém que você não gosta, Mabel? – questionou Maeva, fazendo-a se calar. Virou-se na direção de Atena, sem esconder o pesar. – Não contei porque achei que fosse um blefe, mas eu estava errada. Um rapaz veio aqui saber de você. – arrastou o cartão pelo balcão até estar de frente a Atena – Ele estava desesperado.
Olhou para o sobrenome prateado em relevo, sentindo os números na parte de trás. O cartão combinava com ele de certa maneira.
Depois do dia anterior, escolheu não encontrar Lance, mas seria injusto colocar suas necessidades acima de mulheres que tentavam se manter dando duro, muitas delas com filhos.
— Vou tentar resolver tudo, prometo.
Provavelmente faria algo muito ruim com ela, mas se devolvesse aquele lugar para Maeva, então tudo estaria bem novamente. Atena cometera um erro em acerta-lo no rosto, principalmente depois de tudo que ele fez, mas ainda estava errado em toca-la daquela maneira.
Saiu da lavanderia apertando com força o cartão, e entrou no carro.
Ela se sentiu transbordar de coragem quando ouviu o motor do carro, mas bastou se aproximar da casa de Lance para repensar se havia sido uma boa ideia. Nunca foi boa com as palavras, principalmente quando era pressionada. Atena viveu em um lar que lhe ensinou a se calar para não se ferir. Levou até ali a ideia que os silenciosos sofriam menos.
Hesitou ao abrir a porta dos fundos. Ficou ali de pé por mais de dez minutos, indo e voltando. Esfregando a mão soada na blusa lilás que comprou recentemente, apesar de não gostar muito de cores. Com a cabeça baixa, abriu a porta, esperando ouvir Lance manda-la embora, porém a cozinha estava vazia, com louças sujas na pia e restos de comida no balcão de mármore branco.

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Stay In My Heart ✔
FanfictionEle lutaria por ela, até o fim de sua vida. #1 lancestroll (10/06/2022)