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A residência da família Kalton era espetacular por fora, mas por dentro parecia que algum designer viciado por objetos vitorianos enlouqueceu

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A residência da família Kalton era espetacular por fora, mas por dentro parecia que algum designer viciado por objetos vitorianos enlouqueceu. Atena levava bastante tempo passando pano nos milhares de vasos enfileirados, sabendo os motivos dos empregados da casa ter se demitido. Ela não ganhava a mais por esfregar as almofadas escondidas no armário da Senhora Kalton, mas usava como desculpa para encontrar as fotos divertidas dela com o marido.

Normalmente aumentava o volume, e descia as escadas exageradas sentindo-se uma princesa descendo no momento do baile. Em dias chuvosos fingia ter se perdido em todos os corredores, fazia poses parecidas com das mulheres em quadros, ou tentava entender como não sofriam com pesadelos frequentes ao avistar um monstro com chifres segurando com força uma mulher chorosa.

Não muito longe dali estacionava na frente da casa peculiar do Senhor Mooney, um homem bastante rico, como diz o sobrenome, porém neurótico. Ele era engenheiro, gostava muito de espelhos pela casa porque sua personalidade narcisista pedia por aquilo. Atena sempre saia com dores nos braços, entretanto aprendeu a ter um ótimo equilíbrio. Ás vezes recebia um extra quando limpava os lustres exagerados, só queria ter certeza que era pelo trabalho e não porque o velho estava de olhos nas suas pernas cobertas por uma calça jeans gasta.

Se fosse inicio do mês, parava perto de um parque abandonado pelas crianças do bairro, e comia em silêncio um pacote de pipoca.

Gostava bastante quando chegava o horário da faxina do jovem casal Sinclair, porque apesar da reputação de pomposos, eram pessoas ótimas. Sempre traziam biscoitos para Atena no meio do expediente, e ela aceitava levar alguns para casa. O lugar não era grande, mas dois homens conseguiam ser bagunceiros quando queriam, principalmente se trabalhavam longe.

A senhora Vaughn era obcecada pela Marilyn Monroe, então era normal ouvi-la cantar uma das músicas da ídola. Atena usava luvas para limpar os itens mais importantes da mansão, e não fazia contato visual quando Vaughn escolhia usar a peruca há muito tempo guardada, caso contrário, seria convidada para criar uma cena dramática.

Alguns clientes não eram fixos, mas tentava criar um padrão para poder ter mais dinheiro.

Em dias ruins, precisava fazer faxinas em casas que seriam vendidas pelo banco. Era terrível quando o lugar já foi cena de crime, pois apesar de não ter sangue pelas paredes, os moradores deixavam itens preocupantes para trás. Mabel roubava algumas coisas para vender como se tivessem poder mágico, ou fãs dos criminosos, o que Atena notou ser comum. Ás vezes acreditava que Mabel só aceitava continuar no emprego por causa do dinheiro extra.

— Vai limpar a casa do mauricinho?

Desviou o olhar da bola de cabelo no ralo, para encarar a mulher despreocupada no batente da porta. Se Atena não a conhece, juraria ser a dona da casa e ela uma faxineira. Bem, uma dessas coisas era verdade.

— Você não disse que passaria inseticida nos armário da cozinha?

— Tenho nojo de barata.

— E eu não tenho?

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