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Ele nunca assistia a última corrida. Após o acidente, Lance preferia pular aquele ano, para evitar pensamentos terríveis. Também detestava ver pela casa o último capacete que usou para Williams, e principalmente, o macacão. Para ele, seus dias na equipe inglesa, tinham sido pior que tortura.
Segurou o pequeno capacete entre os dedos frios, girando-o com cuidado.
Não sabia que Atena gostava do seu antigo herói. Será que chorava vendo a última volta de Senna? Não parecia ser do tipo que assistia Fórmula 1. Estava curioso para saber se ainda via aos domingos. Se torcia por ele, ou um dos seus amigos. Talvez preferisse a Red Bull ou Mercedes. Ela poderia ser do tipo que gritava animada, ou ficava em silêncio prestando atenção.
Bebeu o último gole de champanhe na taça.
Lance olhou para o mar a sua volta, aborrecido por ter tantos pensamentos sobre Atena. Não deveria se importar. Foi um erro arriscar tudo por ela, sabendo dos pensamentos dos amigos. Talvez precisasse de um novo hobby, algo menos estressante, que silenciasse sua mente.
Guardou o chaveiro no bolso, sem deixar de toca-lo.
— O que veio fazer aqui?
Apertou com mais força o pequeno capacete.
Era um vestido bege bonito, elegante e sensual na medida certa. Lance poderia não gostar do tom apagado, mas Sara realmente ficava bonita com qualquer cor. Ela brilhava junto com as estrelas.
— O que eu vim fazer?
— Sim Lance. Foi isso que perguntei!
Aquele era um evento cotidiano para os Stroll, e ele aceitou comparecer depois que irmã o ameaçou de muitos tipos diferentes de tortura. Ela estava feliz vivendo no casamento dos sonhos, não queria que se incomodassem com conversas vazias. Seus planos era ir direto para o Canadá depois da corrida, mas precisava se sacrificar um pouco pela irmã mais velha.
— Esses são meus amigos, Sara. Estou aqui porque fui convidado.
— Não o vejo desde o desastre no Canadá.
Ele ainda se revirava na cama com aquele término abrupto. Se a banda de jazz tocasse alguma música de ABBA teria que correr para o banheiro e chorar.
— Não sabia que viria.
— Por que não queria me ver?
Girou o capacete verde e amarelo entre os dedos, mantendo-o escondido no bolso como um segredo. Não queria que Sara descobrisse um de seus pontos fracos.
— Eu só disse que não sabia! Você estando aqui ou não, não significa nada para mim!
Precisaria repetir aquela mesma frase por dias afinco se quisesse parecer confortável com elas.
— Como vai Kenya?
— Antonella tem uma ótima babá.
— Antonella? Colocou o nome da cadela de Antonella? – olhou-o horrorizada.
