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O carma o fazia rir sentado naquele corredor bem iluminado com portas fechadas e desconhecidos de jaleco

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O carma o fazia rir sentado naquele corredor bem iluminado com portas fechadas e desconhecidos de jaleco. Lance ria tanto quanto seu corpo aguentava, vibrando com a alegria repentina e sórdida, bordando em sua alma arrependimentos sem fim, para se torturar. Seus olhos mantinham-se para baixo, observando o ir e vir sem realmente prestar atenção. Ele ouvia vozes ao seu redor, todas elas tentavam chegar até Lance, mas nenhuma obtinha o sucesso.

Ele estava morto.

Tão morto quanto o garoto que viu seu herói perder a vida em uma curva perigosa.

Aquele era o fardo do amor de Lance. Ele estava fadado a sofrer por todos os seus sentimentos, fossem puros ou amargos. Não havia para onde fugir, ou lugares para se esconder. Antes que percebesse estaria de mãos atadas, assistindo a morte desviar dos desejos que escondia.

Um mundo tão grande que o castigava sem tentar ouvir seu lado.

Talvez se tivesse tido uma chance de falar, tudo teria mudado.

Atena seria para sempre seu efeito borboleta. Sem ela, Lance sabia que estaria vivendo o suficiente com sua boa aparência, alimentando boas mentiras. Não precisaria limpar as unhas porque estavam sujas de sangue, ou esperar no corredor para liberarem o corpo da sua esposa. Teria tido tempo o suficiente para criar filhos ingratos, viajar para longe da esposa e ter uma coleção de esposas.

O amor só era bonito visto de longe. No mundo real era melhor ser alvo de desejo.

Uma parte dele quis lamentar profundamente a vontade de voltar para o passado e desistir da ideia de considerar Atena boa o suficiente. Ela estava entre a vida e a morte. Lance não se considerava pronto para enterrar outra pessoa que amava. Tivera o suficiente com tão pouca idade.

Persephone levantou-se soltando a mão do irmão, sabendo que ele não perceberia o suficiente para reagir. Lance estivera na mesma posição por cinco horas, desde que chegara usando roupas estranhas que comprara na primeira loja que entrou, sem notar que valiam menos de cinquenta dólares.

— São os familiares da Atena Strulovitch?- perguntou o médico.

— Somos. – Percy respondeu imediatamente – Ela está bem?

— Podem me acompanhar?

A loira puxou o irmão, obrigando-o a despertar do próprio pesadelo.

Os dois caminharam de mãos dadas até a sala extremamente impessoal.

Lance sentou-se diante do médico, vendo-o mexer brevemente no computador.

— Vocês são...?

— Cunhada e marido. – Percy apontou.

— Quando vão liberar o corpo dela?

O homem de cabelos pretos cortado estilo militar, colocou os braços na mesa, entrelaçando os dedos. Ele possuía olheiras profundas, como Percy. Sua aparência era severamente abatida, como se o mundo houvesse parado para ele e sua vida se resumisse a aquela realidade.

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