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Quanto uma pessoa precisa perder para perder a si mesma?
Lance não sabia a resposta para aquela pergunta, mas temia que Atena estivesse perto de descobrir.
Talvez um dia recebesse uma noticia terrível nos noticiários com um nome conhecido, porque não soube para qual direção ir. Eram as raras as vezes que se deixava levar pela vida de outras pessoas, e agora não deixava de pensar sobre a mulher que deixou na sua casa sozinha. Passara a noite acordado esperando que ela despertasse do pesadelo pessoal, mas Atena apagou entre as lágrimas insistentes e soluços.
— É bom ter a família reunida.
Olhou para o pai sentado na cabeceira da mesa como um bom patriarca.
— Almoços em família assim são no mínimo preocupantes. – Percy divagou – E sem a presença do advogado tudo piora. Quer dizer que o assunto é pessoal e traumatizante.
— Não é traumatizante. – disse para a filha.
Lance tomou um grande gole de vinho encarando as feições imparciais do pai. Ele era um homem que matava investidores com poucas palavras e gestos breves. Nunca o viu agir de forma impensada, sempre planejando antes de agir.
— Acredito que Claire tenha contado a atual situação.
Chloe revirou os olhos.
Ele não soube se a irmã mais velha possuía um lado na briga familiar, mas esperava que escolhesse o lado certo ou então Persephone passaria por cima.
— O adultério. O elefante sentado em nossas cabeças. – Percy sorriu docemente para o pai.
— Eu e sua mãe concordamos com nosso casamento acabou.
— Antes ou depois da traição?
— Persephone, ouça seu pai. – Claire pediu tentando manter a voz inalterada e sem qualquer emoção óbvia. Ela estava agindo como uma esposa troféu – Somos uma família e devemos agir como tal.
Lance cortou um pedaço do peixe e levou aos lábios. Mastigou lentamente, fingindo que toda a situação não o deixava louco ao ponto a entrar em um ringue querendo usar os punhos furiosamente.
— Vou dizer o que somos! – apontou o garfo para o pai, ignorando as palavras maternas – Selvagens. Destruiu nossa família por causa de uma mulher e algo muito pior. Pensou nos filhos? Pensou em Lance?
Abaixou o garfo ao ouvir o próprio nome, sendo alvo de todos os olhares preocupados porque era o mais novo e destrutivo.
— Case-se com quem quiser. – murmurou indiferente – Posso ir embora agora?
— Não, ainda não terminei de falar.
— Termina de uma vez, Charles tem que treinar para o próximo campeonato e eu tenho uma empresa para gerenciar. Não tenho tempo para sentimentalismo barato. – Percy cruzou os braços na defensiva como uma criança mimada perdendo o pai para uma madrasta mais bonita e loira.
