Capítulo 12

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|| Maria Valentina Felipinne ||

Levanto as minhas mãos, estalando os dedos em seguida. Faz mais de quatro horas que estou sentada nessa cadeira sem poder sair da sala sequer para beber um copo de água.

Essa minha "viagem" até a casa dos meu pais me fez acumular trabalho que eu nem sabia que tinha. Agora, além de ter que fazer tudo de última hora, ainda tenho que aguentar o idiota do filho do meu patrão.

Dizem que se falar três vezes o nome da aberração, ela aparece em sua frente. Nesse caso, bastou apenas mencionar uma vez que a praga já apareceu quase derrubando a porta da minha sala.

-Quero que você faça novos modelos para as nossas postagens. - ele fala sem ao menos olhar na minha cara. Estava muito ocupado fazendo algo em seu celular de última geração. - Devemos inovar não apenas nos produtos, sem contar que o seu modelo de propaganda está bem batido.

-Bom dia para você também, Lucca. - menciono ainda concentrada em meu notebook. - Não sei se você se lembra, mas enviou semana passada mais de trinta conteúdos que eu devo criar arte, levar pra aprovação, modificar o que for preciso, levar outra vez para a aprovação e só depois postar. Estou cheia de trabalho agora e não posso perder o foco.

-Era só ter pensado nisso antes de ficar viajando sem nem ser suas férias. - ele senta na cadeira em frente a minha.

Lucca puxa o meu notebook e eu tive que inspirar e expirar umas três vezes antes de falar com ele, ou então eu sairia daqui direto para a cadeia.

-Ficou legalzinho até. - ele faz uma careta e começa a mexer em algo.

-Lucca, para com isso. - suplico com a mão sobre a cabeça. - Você não sabe o que está fazendo, vai acabar destruindo a minha arte.

-Eu sou mestre em tecnologia tá. - me olha com a sobrancelha arqueada. - Aprendi até a fazer slide.

Sinto o meu sangue ferver com toda essa situação. Fecho as mãos com força e direciono o meu olhar até ele.

Eu não sou de me estressar, juro. Sempre levei tudo na brincadeira e tentei ver o melhor lado da vida, mas, com o Lucca na minhas frente, essa se tornou uma missão evidentemente impossível.

-Pode fazer o favor de devolver o meu notebook? - peço educadamente, porém ele simplesmente fingiu que não escutou. - Olha, eu preciso terminar o meu trabalho e você está me atrapalhando.

-Só faltam mais alguns ajustes. - ele comenta ainda concentrado na tela a sua frente.

Levanto da cadeira e dou a volta ao redor da mesa. Nem me preocupei em ver o que ele estava fazendo, apenas puxei o notebook da sua frente e o coloquei novamente em seu devido lugar.

-Pode sair da minha sala? - aponto para a portar irritada.

O sorriso debochado no rosto dele me deu nos nervos.

-Eu não tenho tempo de fazer algo agora. Volte aqui na próxima semana. - digo cruzando os braços.

-Acho que você deveria dar uma olhadinha na sua arte. Talvez goste. - ele ia saindo quando levantou o indicador e olhou para mim por cima do ombro. - E sobre eu voltar aqui, reserve o meu horário para daqui a uma hora e meia. Preciso conversar com você.

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora