Capítulo 68

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|| Letícia Garcia ||

-Alguém sabe onde a Valentina está? - Luca aparece na recepção com um semblante raivoso. - E também o motivo dela não responder as minhas mensagens.

-Já olhou na sala dela? - Karina, uma das recepcionistas, pergunta sem olhar para ele. - Ela costuma ficar por lá.

-Foi o primeiro lugar onde procurei. - ele responde escorando o seu cotovelo no balcão da recepção.

Franzo o cenho confusa ao ver que já eram quase dez horas da manhã. Valentina não se atrasa, ela sempre é pontual.

Decido mandar mensagem para ela. Vai ver minha amiga apenas não queria responder o Lucas.

-Letícia. - ele chama a minha atenção fazendo-me olhá-lo. - Você é a melhor amiga, deve saber onde ela se meteu.

-Ainda não sei o que aconteceu, mas já estou resolvendo isso. - volto a minha atenção para o celular e, dessa vez, ligo para o seu número.

Todos me olhavam atentos e isso estava me deixando aflita. Odeio ser o centro das atenções.

Suspiro ao ver que a ligação caiu na caixa postal.

Tento ligar outra vez, mas nada acontece.

Essa já é a terceira vez a qual eu ligo para a Valentina e ela não me atende. Isso me deixa mais preocupada do que o fato dela ainda não ter chegado no trabalho - Tina sempre é pontual.

-Já conseguiu falar com ela? - Luca indaga.

-Ainda não. - levo o celular outra vez até o ouvido e, de novo, aparece uma voz irritante dizendo para que eu deixe o recado. - Tem como você segurar a barra para nós duas? Eu vou até o apartamento da Tina ver se ela está bem.

-Não precisa nem se preocupar com isso. - Luca retira algo de dentro do bolso da sua calça social. - Eu vou com você.

Pensei seriamente em recusar. Sei como as fofocas correm a solta por essa empresa, mas a Tina precisa de mim.

Concordo com a cabeça e Luca me guiou, a passos rápidos, até o local onde o seu carro estava estacionado.

Fui a todo momento o guiando pelas ruas do Rio de Janeiro - praticamente paradas por conta do trânsito - enquanto tentava me comunicar com minha amiga.

Não demorou muito para que eu e Luca chegássemos até o condomínio onde minha amiga mora. Desço do carro antes mesmo que o filho do meu chefe desligue o automóvel.

Corro até o portão onde rapidamente chamo pelo porteiro.

-Abre o portão. - suplico angustiada.

O porteiro, por já me conhecer, apenas apertou no botão dando espaço para que eu seguisse até o meu objetivo.

Rapidamente eu entro no condomínio sendo seguida pelo Luca. Em questão de poucos segundos já estávamos em frente ao apartamento dela.

-Valentina. - grito enquanto bato na porta. - Valentina, abre essa porta!

Luca pega seu celular e, pelo que consegui ver, ele estava tentando ligar para ela.

Ele andava de um lado para o outro com o seu telefone no ouvido.

-A Tina não atende. - murmura passando a mão pelo rosto. - Letícia, e se algo de grave aconteceu?

Nego com a cabeça.

Não, nada pode ter acontecido com a Tina.

Continuo batendo na porta enquanto grito pelo seu nome.

-Vou pegar a chave do apartamento dela com alguém. - digo me aproximando dele. - O porteiro deve ter.

-Que? - Luca indaga tomando a minha frente. - Não temos tempo para isso.

-E como vamos entrar?

Luca empurra levemente o meu ombro me afastando da porta. Em questão de poucos segundos, o caminho estava livre para entrarmos.

Luca havia derrubado, com alguns chutes, a imensa porta em nossa frente.

Entramos no apartamento da Valentina e vasculhamos por todos os cômodos.

Comecei pela cozinha, já que ficava bem próxima da entrada, mas não encontrei a minha amiga.

O desespero começou a percorrer pelo meu corpo. Um nó se formava em minha garganta a cada porta que eu abria e não a encontrava. Tudo piorou quando entrei no seu quarto.

Valentina não está em canto nenhum.

-Não encontrei. - murmuro chorosa. - Valentina, cadê você? - minha voz saiu por um fio.

Luca suspira e sai do quarto correndo. Me sento na cama dela e começo a sentir as lágrimas vindo.

Valentina não é de sair sem avisar a ninguém, muito menos sem nem atender uma ligação.

-Letícia! - Luca grita o meu nome. - Encontrei a Tina.

Me levanto da cama em um pulo. Corro na direção onde a voz dele me chamava.

Arregalo os olhos e levo a minha mão até a boca. Se antes eu estava querendo chorar, agora foi inevitável segurar as lágrimas.

-Tina. - sussurro me abaixando até onde o seu corpo estava estirado no chão.

Valentina ainda estava respirando, isso me tranquilizou. Mas havia um pequeno sangramento em sua cabeça.

Possivelmente ela desmaiou e bateu com a cabeça em algum canto do banheiro.

-Temos que levar ela para o hospital. - concordo com a cabeça sem saber o que fazer.

Luca pega minha amiga no colo sem precisar fazer muito esforço. Era como se Valentina não tivesse nenhum peso.

Tudo aconteceu tão rápido. Em um segundo eu estava no quarto dela procurando os seus documentos e, no outro, Lucas já estava estacionando o seu carro em frente ao hospital.

Acho que nunca fiquei tão aflita como agora. Estava ficando difícil até de respirar.

-A Valentina tem se alimentado bem? - Luca se aproxima de mim.

Tina já havia sido atendida e agora estava sob os cuidados médicos enquanto eu e Luca aguardamos na recepção do hospital.

-Nada fora do normal. - comento pensativa. - Ela estava meio estranha, mas nada que comprometesse a sua saúde.

Ele passa a mão pelo rosto angustiado. Embora tenha a cara de bravo e de filhinho de papai, Luca também é um ser humano. Ele se mostrou uma boa pessoa em tão pouco tempo que toda a visão que eu tinha sobre ele está mudando.

Algo nessa história me fez ter outra visão sobre ele. Talvez Luca não seja tão ruim quanto eu imaginava.

-Eu tomei um susto na hora que a vi. - ele confessa um pouco envergonhado. - Achei que o pior tinha acontecido.

-Nem fala isso. - fecho os olhos o interrompendo. - A Tina é muito forte, não é atoa que o Arrasca diz direto que ela tem "valente" em seu nome.

Luca não me respondeu e eu só vim entender o porquê alguns segundos depois. Me xingo mentalmente por causa disso.

O meu comentário foi muito idiota...

-Tenho que voltar para a empresa. - ele diz olhando para o seu celular. - Meu pai está enlouquecendo por lá.

-Não precisa se preocupar, eu fico aqui. - sorrio minimamente para ele que retribui o gesto.

Observo Luca se afastar e levar consigo toda a visão antiga que eu tinha sobre sua pessoa. Acho que está na hora de vê-lo além do que o que ele se mostra ser.

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Notas:

Acho que é agora que as coisas começam a dar errado... Ops, a dar certo😅

Flamengo e Athletico-PR outra vez??? Só pode ter algum esquema de apostas nesse sorteio.

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora