||Giorgian de Arrascaeta||
-A Tina está melhor? - Gabriel faz um pequeno toque de mão comigo antes de se sentar ao meu lado e começar a colocar suas chuteiras. - Ontem ela parecia bem mal.
Ontem a noite, estávamos todos reunidos na casa do Everton e da Marília quando a Valen começou sentir uma forte dor de cabeça, segundo ela, era "apenas" uma crise de enxaqueca.
Levei ela pra casa e, depois de um longo tempo, ela conseguiu dormir - o que me deixou um pouco mais tranquilo.
-Estava doendo a cabeça. - suspiro fechando os olhos. - E um pouco tonta.
-Sabe o que isso pode ser? - o camisa 10 indaga.
-Provavelmente tem relação com os problemas de pressão da Valen, foi isso o que ela me disse. - olho para ele que continha um semblante confuso. - Ela voltou a tomar os remédios um tempinho atrás, mas ainda não normalizou.
-Cuida dela. - ele toca o meu ombro. - A Tina é muito forte, mas também precisa de ajuda.
-Não é atoa que o nome dela tem "valente" pelo meio. - rio minimamente, mas no fundo eu estava preocupado.
Desde que descobri que a Valen precisa tomar remédios - quando viajamos para o Uruguai -, a minha atenção redobrou com ela. Valentina é como se fosse uma criança birrenta, sempre quer ser forte.
Nos levantamos após o técnico nos chamar para iniciarmos o treino. Antes de ir para o gramado, eu me certifiquei se Valentina havia respondido a minha mensagem que enviei hoje cedo antes de sair do apartamento dela.
Sorrio ao ver que ela estava tão animada como se estivesse 100% saudável. Guardo o celular junto com minhas coisas e vou de encontro aos outros jogadores.
Faço os treinos iniciais, mas a minha cabeça ainda estava pensando nela. Minha maior vontade é abandonar o treino e voltar para casa, ficar perto de Valentina e me certificar de que nenhum mal posso acontecer a ela, mas infelizmente eu não posso fazer isso.
-Foco, Arrasca! - Rodrigo Caio suplica após eu não conseguir dominar a bola pela terceira vez seguida. - Desse jeito fica impossível.
-Perdão. - digo me afastando dos jogadores.
Caminho até um lugar onde o Sol não fosse queimar a minha pele. Pego uma das garrafas com água que estão a disposição dos jogadores, acabando com o conteúdo de dentro dela em pouco tempo.
-Tem que conseguir se concentrar, Arrasca. - Everton aparece me assustando. - Eu sei que isso tem nome e sobrenome, mas você também não pode ficar dando bobeira.
-Eu sei. - murmuro chateado comigo mesmo.
-Já faz uns jogos que você não está bem, acho que seria bom se você pedisse para ficar no banco nesse próximo jogo. - ele coloca sua mão sobre o meu ombro fazendo-me desviar o olhar. - Você precisa desse descanso.
-Eu preciso jogar. - volto a minha atenção para ele. - Como você mesmo disse, eu não estou indo muito bem. Preciso treinar mais e praticar.
-Se você diz. - Everton dá de ombros suspirando. - Vai ter uma resenha lá em casa mais tarde, passa por lá.
-Vou ver se a Valen quer ir.
-Ela vai. - ele ri me olhando. - Já confirmou com a Marília.
Rolo os olhos rindo minimamente em seguida.
-Sendo assim, eu vou. - Everton sorri em minha direção e se afasta voltando ao círculo que havia no centro do gramado.
Continuo observando eles de longe, até que decidi voltar ao treino. Não será fácil conseguir voltar a jogar o mesmo que eu jogava antes.
||Maria Valentina Felipinne||
Me encolho no chão frio da sala a qual trabalho. Meus braços envolviam as minhas pernas fortemente.
Minha cabeça está a ponto de explodir.
Faço careta ao sentir outra "pontada" aparecer.
-Que merda. - murmuro tentando me levantar do chão.
Com certa dificuldade, caminho até a minha mesa e procuro pela minha bolsa.
Abro-a e retiro a cartela de comprimidos para dor.
A porta da sala se abre como se alguém precisasse conversar urgente comigo. Levanto o meu olhar devagar até os meus olhos encontrarem com os de Letícia.
-O que aconteceu? - ela franze o cenho fazendo careta. Com o pé, Letícia fecha a porta. - Sua cara está péssima.
-Parece que um caminhão passou por cima de mim. - resmungo levando o comprimido até minha boca e engolindo-o sem água. - Estou quase me jogando daqui de cima desse prédio.
-Não fala essas besteiras. - rio negando com a cabeça. - Ainda está setindo dor?
-Já são três dias seguidos. - suspiro me sentando na cadeira. - E a cada dia parece piorar. - completo observando ela me olhar com pena.
-Já sabe a minha opinião sobre isso.
-E você já sabe a minha. - Letícia caminha até a cadeira a frente da mesa, sentando nela em seguida. - Eu não vou me consultar outra vez.
-Mas você está doente! - minha amiga exclama.
-Essa seria a terceira vez que eu vou em um hospital em apenas um mês. - abro os braços gesticulando. - É apenas uma dor de cabeça, logo passa.
-Não vou discutir, só vim confirmar se você vai ou não para a cara da Marília mais tarde. - fecho os olhos confirmando com a cabeça. - Achei que, com essas dores, você não fosse querer ver nem um mosquito.
-Temos que aproveitar a vida da forma mais intensa possível. - rio abrindo os olhos. - Afinal, nunca saberemos se vamos viver em outra encarnação ou se essa é única.
-Você está muito melancólica. - Letícia faz careta o que arrancou uma pequena gargalhada minha. - Essa não é a Valentina que conheço.
-Minha cabeça está a ponto de explodir. - levo minhas mãos até o local. - Se eu não morrer hoje, não morro mais nunca.
-E vai virar pedra?
-Espero que não.
Ficamos alguns segundos em silêncio. Eu olhava para Letícia, que também me observava, a espera de que algum assunto surgisse do além.
Mas não surgiu.
Eu teria tantos assuntos para conversar, mas acontece que não sou muito boa em fazer algo quando estou sentindo dor.
Letícia parece perceber a minha inquietação e o tanto que eu dedejava ficar sozinha nesse exato momento. Então, ela se levantou da cadeira e saiu após um breve aceno.
Suspiro sentindo a minha cabeça latejar de dor. Hoje, definitivamente, não é o meu dia.
Ou melhor, essa não é a minha semana.
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.Notas:
Capítulo pequeno, mas, se a minha criatividade cooperar, mais tarde eu solto outro capítulo.
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Antes que você diga Adeus! - Giorgian De Arrascaeta
FanfictionNo fim das contas, tudo o que Giorgian precisava era passar 24 horas ao lado de Valentina. Mas eles não tinham essas 24 horas.