Capítulo 75

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|| Maria Valentina Felipinne||

Essa festa não foi uma das melhores, mas de certa forma ela ficará marcada em minha vida. São quase três da madrugada e eu resolvi voltar mais cedo, afinal eu viajo daqui algumas horas e quero descansar um pouco.

Sinto os meus pés implorarem para que eu tire o salto. Não sei porquê ainda não fiz isso.

Aperto o botão do elevador a espera de que ele chegue. Pego o celular e mando uma mensagem para as meninas - que haviam ficado na festa - avisando que eu já cheguei.

Se elas sobreviverem ao tanto de álcool que estavam bebendo, provavelmente só irão ver essa mensagem quando eu já estiver dentro do avião.

Entro no elevador enquanto rio minimamente ao ver os vídeos que Marília enviou no nosso grupo. Em um deles, Letícia - que já estava levemente alterada - descia até o chão tentando equilibrar um copo com bebida em sua cabeça.

"-Olhem o que eu consigo fazer. - a Garcia chamava a nossa atenção.

-Você vai cair. - alerto assim que ela começou a descer.

-Não jogue praga. - Letícia resmunga um pouco alto por conta da música que ecoava no local.

-Vai Letícia, você consegue! - Marília exclama animada."

Nunca vou esquecer desse dia.

Limpo uma pequena lágrima que escorreu pela minha bochecha. Meu coração estava doendo. Essa é a parte ruim das despedidas: você sente falta das pessoas que ama.

A porta do elevador se abre e eu saio daquela caixa de metal. Acho que também irei sentir falta dela.

Caminho até o meu apartamento com o olhar voltado para a minha bolsa já que eu guardava o meu celular.

-Finalmente vou poder dormir. - murmuro baixo.

Levanto o meu olhar e engulo seco ao ver a figura daquela pessoa parada em frente a minha porta.

Eu simplesmente parei no meio do corredor.

Giorgian estava jogado naquele chão frio - parecia ter passado a noite lá -. Seus olhos estavam fechados, mas mesmo assim eu consegui perceber que ele havia chorado - pelo menos era o que parecia.

Caminho lentamente até a porta do meu apartamento e tento abri-la com ele escorado nela. É impossível eu fazer isso sem que ele acorde, mas eu não quero o acordar.

Tarde demais. Assim que eu levantei a chave - e um pequeno barulho soou - os olhos de Giorgian abriram e ele rapidamente me olhou.

-Valen. - sua voz, acompanhada de surpresa e alívio, me fez estremecer.

Giorgian tenta se levantar, porém logo em seguida cai. Me abaixo rapidamente, tudo ocorreu como um reflexo instantâneo.

O jogador levanta a sua cabeça fazendo com que os nossos rostos ficassem próximos.

Engulo seco sem conseguir esconder o nervosismo. Sua respiração quente batia contra a minha pele.

Meu coração palpitava mais forte e eu acredito que o dele também.

Uma vontade absurda de beijá-lo percorreu pelo meu corpo. Era como se o beijo de Giorgian fosse uma droga e eu estivesse em uma abstinência surreal.

-O que você está fazendo aqui? - minha voz saiu como um sussurro. - São três da madrugada.

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora