Capítulo 88

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|| Maria Valentina Felipinne ||

Uma semana depois:

Saio de dentro do banheiro secando o meu cabelo com uma toalha. Do lado de fora, Letícia me aguardava jogada em minha cama, ou melhor, na cama do quarto que eu estou hospedada temporariamente.

Eu não tinha onde ficar. Cheguei da Espanha e fiquei totalmente sem teto até que Letícia me ofereceu um quarto em sua casa.

Estávamos todos exaustos, mas não poderíamos parar com as nossas obrigações.

Tenho feito os meus trabalhos aqui do Brasil. As vezes, Miguel decide fazer por mim e isso está me ajudando muito. Não sei por quanto tempo vou conseguir me manter nesse ritmo.

Gabriel e Everton tiveram que voltar aos treinos. Afinal, o campeonato não iria parar.

Tem sido dias difíceis, confesso. A todo instante a angústia me atormenta. Tenho medo de que Giorgian não acorde - o que, segundo o médico, é quase certeza - mas também estou com medo de encará-lo outra vez.

Como que eu vou explicar algo inexplicável? Como que eu vou dizer para o Giorgian os motivos que me fizeram esconder essa gravidez?

Ele não vai me perdoar nunca.

-Sua cara está péssima. - digo quebrando o silêncio.

-Obrigada por me dizer o óbvio. - ela responde rindo minimamente.

-Acho que toda essa história está acabando com todo mundo. - suspiro passando o creme de pentear no cabelo.

Meus fios estavam mais embaraçados do que o normal. Talvez esse seja o resultado de passar quase uma semana sem lavar o cabelo.

Olho o meu reflexo no espelho. Eu não me reconheço mais. Essa tristeza não faz parte de mim, mas é quem tem me acompanhado nos últimos tempos.

-Acho que já podemos ir. - comento após desembaraçar o meu cabelo.

Me viro para trás vendo que Letícia estava dormindo na minha cama. Suspiro pensando se iria acordá-la ou não.

Decido deixar um bilhete avisando que fui ao hospital e que não quis atrapalhar o seu sono.

Bilhetes...

Isso tem se tornado o meu pesadelo desde que eu fui para a Espanha. Talvez eu tenha pegado um ódio tão grande quando o de gravatas.

Fecho a porta da casa e jogo a chave para dentro por baixo dela. Letícia vai querer sair assim que acordar.

Eu dirigia pelas ruas do Rio de Janeiro com a janela do carro que eu aluguei aberta - isso pode parecer loucura, mas eu gosto.

"-Por que está me olhando assim? - sinto minhas bochechas arderem com esse fato.

-Você fica linda dirigindo. - Giorgian fala baixo. - Ainda mais com os cabelos ao vento.

-Eu devo estar parecendo uma palhaça. - rio minimamente vendo-o negar com a cabeça.

-Você está linda, Valentina."

Engulo seco estacionando o carro próximo ao hospital. Minha respiração acelerava à medida em que eu caminhava até a entrada do local.

E, mais uma vez, a sensação de culpa tomou conta de mim.

Entro no hospital e logo vejo a família de Giorgian reunida. Alguns choravam - o que me assustou já que, ultimamente, todos apenas ficavam apenas com o semblante triste e preocupado.

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora