Capítulo 70

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|| Maria Valentina Felipinne ||

Reviro os olhos ao ver Marília trazer, até a minha cama, uma bandeja com algumas frutas sobre ela.

Recebi alta ainda hoje pela manhã, depois de ter ficado vinte e quatro horas em observação, e agora tenho que repousar durante uma semana.

Ela e Letícia estão revezando para "cuidar" de mim. Estou parecendo um bebê.

-Sabe que não precisa fazer isso, não é? - questiono ao vê-la sentar na poltrona. - Eu consigo me virar.

-Repouso total. - Marília levanta o dedo me fazendo revirar os olhos. - Ordens da médica.

-Que essa médica se dane!

-Maria Valentina?! - sou repreendida, mas no fundo consigo pegar uma expressão a qual Marília segurava o riso.

Cruzo os braços parecendo uma criança birrenta. Odeio que me tratem como se eu tivesse cinco anos.

-Você não vai mesmo nos contar o que a médica disse? - Marília me olha pelo canto do olho enquanto arruma o travesseiro ao meu lado.

-Eu já falei. - dou de ombros levando uma fatia de maçã até a boca. - Não entendo o porquê de ficarem me perguntando isso toda hora.

-É porque eu não acredito nenhum pouco nisso que você contou. - minha amiga responde se sentando ao meu lado. - Tina, vocês ficaram conversando por quase uma hora.

-Ela estava conferindo meus últimos exames. - me defendo.

-Posso terminar de falar? - reviro os olhos enquanto Marília suspira. - Vocês ficaram conversando muito tempo antes de você receber alta e, depois disso, você saiu daquele quarto como se tivesse recebido a pior notícia da vida.

-Eu só estava exausta. Fiquei internada durante vinte e quatro horas.

O celular de Marília toca antes mesmo que ela me respondesse. Sinto um alívio percorrer pelo meu corpo no instante em que ela se afasta para atender a ligação.

Não gosto que me façam perguntas, muito menos que me perguntem o que eu não sei responder.

Continuo comendo minhas frutas enquanto Marília não aparecia. Ela demorou uns cinco minutos até voltar.

-Era a minha mãe. - minha amiga coloca o seu celular no bolso. - Parece que o Antônio está chorando enquanto pergunta por mim.

-Eu já disse que você não precisa estar aqui. - deixo a bandeja ao lado. - O seu filho precisa de você.

-Ele tem que se acostumar. Logo o Antônio entra em uma escola e não vai poder ficar chorando pedindo o colo da mãe toda vez.

-Tadinho. - murmuro baixo.

Sei que essa situação está doendo em Marília, seus olhos entregam isso. Não deve ser fácil para uma mãe ver o seu filho chorando e não poder fazer nada.

 Não deve ser fácil para uma mãe ver o seu filho chorando e não poder fazer nada

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||Giorgian de Arrascaeta ||

-A Letícia me contou que a Valentina passou mal. - ouço o Gabriel comentar baixo com o Everton.

-A Marília foi cuidar da Tina hoje. Parece que a médica disse para ela ficar em repouso total. - o camisa sete responde.

-Acha que devemos contar ao Giorgian?

-Não sei se a Tina gostaria que ele ficasse sabendo. - franzo o cenho confuso. - Ela ficou bem chateada com algo que o Giorgian fez.

-O que será que esse uruguaio fez em?

-Fui um idiota. - interrompi a conversa recebendo a atenção dos dois. - Fiz coisas que não deveria.

-Percebeu que é impossível a Valentina ter te "traído"? - Gabriel faz aspas com os dedos enquanto debocha com sua voz.

-Não. Já disse que sei muito bem o que eu vi.

-Seus olhos podem ter visto algo e a verdade ser diferente. - Everton alerta.

-Vocês não vão me fazer mudar de ideia. - suspiro desviando o olhar. - O que ela tinha?

-Isso não é algo do seu interesse. - Gabriel passa por mim sendo seguido pelo Everton.

Reviro os olhos virando de costas. Sigo os dois até o gramado.

-É sério que vocês não vão me contar?

-Pra que você quer saber? - o camisa dez indaga. - Isso é tudo curiosidade.

-Não, isso é preocupação. - me defendo vendo-o concordar desacreditado.

Gabriel se aproxima de mim e coloca uma das suas mãos em meu ombro.

-Giorgian, não vai adiantar nada eu te falar o que a Valentina tem se você não vai fazer nada que possa a ajudar.

-E como você quer que eu ajude? Nem conversando nós não estamos. - abro os braços.

-Talvez você poderia começar deixando de ser idiota. A Valentina não beijou aquele cara por vontade própria e, mesmo se tivesse feito isso, você não poderia ficar bravo. - Everton diz ganhando a minha atenção. - Vocês dois não tinham nada.

-Ele tem razão. - Gabriel acena com a cabeça para o camisa sete.

-Vocês não sabem o que eu vi. - tiro, com um pouco de força, a mão do camisa dez do Flamengo do meu ombro. - Eu estava lá, eu vi os dois. - aponto para mim.

Sinto que a minha voz já estava mais alta do que o normal. É questão de tempo até que os outros jogadores passem a nos observar.

-Vocês não têm ideia do quanto que eu fiquei me perguntando onde fui que eu errei em algo que nem tenho culpa! - arregalo os olhos engolindo seco. - Essa não é a primeira vez em que eu sou trocado, então certamente há algo de errado comigo.

-A única coisa errada é você fingir que não sente mais nada pela Tina. Isso que é errado, Arrasca. - Gabriel diz no mesmo tom.

-Gente, vamos acalmar os ânimos. - Everton se aproxima de nós dois nos afastando um pouco.

-Eu finalmente entendi o que eu mereço! - aponto na minha direção. - Eu mereço alguém que realmente queira estar ao meu lado.

-Você merece é um murro no meio da cara para ver se acorda para a vida. - Gabriel rebate.

-Chega! - Everton grita recebendo o nosso olhar. - Vocês estão brigando por besteira.

-Quer saber, Arrasca, acredite no que você quiser. Só não se arrependa quando for tarde. - engulo seco com a fala do camisa dez. - Enquanto a sua ignorância não permitir que você reflita sobre o que aconteceu, você nunca irá encontrar a felicidade.

Observo ele se afastar fazendo-me respirar fundo.

O Gabriel não pode simplesmente chegar em mim e me falar essas coisas. Ele não sabe o que eu vi, muito menos o que senti.

Olho para Everton que me lança um olhar reconfortante, de pena. Ele estava com pena de mim?

Odeio essa sensação. Odeio brigar com os meus amigos, ainda mais por besteira.

Porra, isso não é assunto o qual o Gabriel deva se intrometer.

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Foi aqui que pediram para eu voltar?👀

Gabriel e Arrasca discutindo... Pois é, a vida do uruguaio não está nada fácil.

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora