Capítulo 61

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||Giorgian de Arrascaeta||

-Qual é, Arrasca? - João Gomes indaga abrindo os braços. - Você não pode passar o resto da sua vida deitado nessa cama.

-Eu posso sim. - minha voz saiu abafada por conta do travesseiro que estava em meu rosto.

-Vai acabar morrendo desse jeito. - dessa vez, Everton fala. - Sabe que não é o fim do mundo né?

-Ele sabe disso perfeitamente. - Gabriel retira o travesseiro do meu rosto o que me fez bufar. - E pode tratar de melhorar essa cara. Hoje é dia de festa!

-Eu não quero saber de festa. - reviro os olhos pegando o objeto de suas mãos. - Eu quero ficar sozinho.

-Você quer é chorar. - o camisa dez rebate diz. - Levanta daí, cara.

-Não sei como vocês ainda estão com paciência pra fazer ele mudar de ideia. - Matheuzinho aparece na porta do meu quarto.

Ele estaba com os braços cruzados e sua cara era de quem estava extremamente cansado.

-Vamos logo. - ele chama com a mão. - Se o Arrasca não quer ir, deixa ele aí. Vamos respeitar a dor do uruguaio.

-Escutem ele. - aponto para o lateral que ri negando com a cabeça. - Essa é a voz da sabedoria.

-Voz da sabedoria vai ser o murro que você vai levar se não levantar dessa cama agora. - Gabriel, visivelmente bravo, fala.

-Eu vou expulsar vocês na minha casa.

-Todos sabemos que você não tem esse poder. - Everton dá de ombros.

Suspiro fechando os olhos.

E outra vez a imagem de Valentina refletiu em minha memória.

"-Feliz natal. - me aproximo dela com uma caixa onde estava o seu presente. - Espero que goste.

-Se eu vou gostar? Eu tenho certeza que irei amar. - ela pega o presente com uma das mãos, enquanto a outra segura a lateral do meu pescoço. - Tudo que vem de você é perfeito."

-A não, você não vai se lamentar de novo não. - Matheuzinho resmunga tirando-me dos meus pensamentos.

-Giorgian, você tem três segundos para se levantar dessa cama e ir agora se arrumar. - a voz autoritária do camisa dez do Flamengo me fez gargalhar.

Quem ele acha que é para querer mandar em mim?

Abro um dos meus olhos tendo a visão dos três em minha frente. Matheuzinho estava escorado na porta do quarto, seus olhos estavam fechados e eu suponho que o lateral estava cochilando.

Sinto duas mãos pegarem os meus pés. Não tive tempo de entender o que estava acontecendo, só fui perceber quando senti o meu corpo foi de encontro ao chão.

-Eu avisei. - Gabriel havia me puxado pelos pés. - Agora levanta e vai se arrumar.

-Qual parte do "eu não vou" vocês não entenderam? - indago irritado. - Eu só quero ficar em casa. - me levanto sob o olhar deles.

-Arrasca... - Everton tentava falar, porém fui mais rápido e o interrompi.

-Não adianta, eu não vou. - retruco no mesmo instante. - Vocês, como os amigos que dizem ser, deveriam ao menos entender a minha dor ou respeitar as minhas escolhas. Nunca gostei de ir a festas e, sinceramente, não estou com nenhuma vontade de sair.

Gabriel suspira se dando por vencido. Eu sabia que ele não havia gostado da minha resposta, mas nem sequer fiz questão de me importar com isso.

O camisa dez do Flamengo deixa o meu quarto visivelmente irritado. Em poucos segundos, eu estava sozinho no meu apartamento.

Deito a cabeça no travesseiro e suspiro pesadamente sentindo meus olhos pesarem. Já faz três dias desde que eu e Valentina "terminamos", três dias que eu não sei notícias dela ou qualquer coisa que envolva o seu nome.

Já são três dias sentindo um completo vazio.

Viro a cabeça para o lado e abro os meus olhos devagar. A janela do meu quarto estava fechada, assim como a cortina. Se não fosse pela lâmpada ligada, certamente eu estaria em uma completa escuridão.

"-Qual a necessidade de ter um quarto escuro? - Valentina abria as cortinas fazendo os raios solares iluminarem o ambiente. - Bem melhor assim."

-Por que dói tanto te amar, Valentina? - indago em um sussurro.

Pego o meu celular que estava sobre o outro travesseiro vendo que já passavam das dez da noite, pra ser mais exato, estava bem perto das onze.

Quase onze horas e eu ainda não jantei. Literalmente, essa situação está acabando comigo.

Me levanto da cama e caminho até a cozinha enquanto penso no que vou preparar.

Minha vontade era de simplesmente comer um miojo, mas sei que a minha nutricionista me mataria caso isso acontecesse.

Decido preparar algo mais saudável. Uma carne branca grelhada, um pouco de arroz e batata doce. Acho que isso já resolve os meus problemas por hoje.

-Pois é, Arrascaeta, voltou a ser só você nesse apartamento. - rio minimamente sabendo que no fundo isso serviu como um tiro.

É estranho não estar acompanhado de Valentina, é estranho não sair para o corredor no mesmo horário em que ela chega do trabalho como se eu não estivesse esperando por esse horário apenas para vê-la.

É mais estranho ainda não ouvir a gargalhada dela pelo meu apartamento, não ouvir sua voz conversando com suas amigas ou me contado sobre o quão chato é o filho do seu patrão.

Fico dizendo a mim mesmo que é melhor assim, que é melhor não tê-la por perto mesmo que os nossos amigos sejam quase que os mesmos.

Estou aprendendo a não me importar com isso. Afinal, não importa o quanto algo me pareça complicado, eu vou ter que lidar com aquilo uma hora ou outra.

Termino de jantar no mesmo instante em que uma alta gargalhada é emanada no andar de baixo - provavelmente a pessoa estava no corredor.

Não preciso de muito tempo para perceber que se tratava da risada de Valentina.

Pelo visto ela superou muito rápido, tão rápido que só eu não percebi.

Em pouco tempo eu já estou me perguntando qual o motivo de tanta alegria.

Será se ela está conversando com alguma das meninas? Sobre o que elas estariam conversando para ser tão engraçado?

Ultimamente, eu era a alegria dela. Eu era o motivo de suas risadas e era para mim que Valentina gargalhava.

Dói saber que não sou mais o motivo da sua alegria, mas a raiva me consome no instante em que eu percebo que eu nunca fui.

Olho a hora no meu celular e vejo que eram pouco mais de meia noite. Ela deveria ter acabado de chegar de alguma festa.

Enquanto eu sofria por Valentina, ela se divertia nos braços de outro.

Pelo visto eu perdi o que nunca foi meu.

Decido mandar mensagem para o Gabriel, mas o mesmo não me responde. Ligo para ele que, no quarto toque, atende a ligação.

-Algum problema, uruguaio? - sua voz saiu um pouco abafada por conta do barulho do local.

-Em que balada vocês estão? - pergunto deixando o prato na pia.

-Na mesma de sempre. - ele pareceu confuso. - Por que? Você resolveu aparecer por aqui?

-Marca meia hora que eu chego. - desligo o celular sem dar tempo para que ele respondesse.

Se Valentina vai seguir a vida dela, eu também vou fazer isso com a minha mesmo que tenha que fingir estar bem.

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Acho que esse capítulo marca definitivamente o fim de Valentina e Arrascaeta. 😬👀

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora