Capítulo 86

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|| Gabriel Barbosa ||

Sinto os meus pés doerem, mas mesmo assim eu não paro de correr. Fiquei sabendo do acidente do Giorgian pouco tempo atrás juntamente com todos os outros jogadores do time.

Estávamos treinando quando o celular do Rodrigo Caio tocou várias vezes até que ele parou de treinar e atendeu a ligação.

Depois disso, a correria pelo CT foi enorme. Todos estavam desesperados.

Entrei em contato com o empresário do Arrasca, o Marcos, e ele me informou que o avião caiu em um campo de futebol de areia que, por sorte, não havia ninguém por perto e não ficava muito longe da pista de decolagem.

Pelo pouco que eu sei, eles tentaram voltar, mas não deu tempo.

Marcos me passou o endereço do campo e agora eu estou tentando chegar nesse local.

De longe eu consigo ver o lugar onde o avião caiu.

-Meu Deus. - murmuro no instante em que vejo os destroços.

Levo minha mão até o meu rosto parando de correr. Meus olhos cobriram-se em lágrimas ao imaginar o resultado desse acidente.

Me agacho tentando procurar o fôlego. Meu coração batia mais rápido à medida em que o desespero ficava mais forte.

Volto a correr em direção aos destroços. A cada passo, uma lágrima escorria pelo meu rosto.

O Arrasca não pode ter me deixado.

Eu já estava bem perto do lugar. Já observava a movimentação de várias pessoas no local - principalmente bombeiros e pessoas que trabalham na área de saúde. Também pude ver Marcos lá próximo a um lugar isolado com algumas fitas.

Me aproximo dele lhe dando um abraço. Ele chorava muito.

-Ele me pediu um jatinho de última hora. - ele começa a contar. - Eu deveria tê-lo acalmado antes de deixá-lo ir. É tudo culpa minha.

Eu não consegui dizer nada. Não tinha o que falar. Isso não foi culpa de Marcos.

-Já sabe notícias? - foi a única coisa que saiu da minha garganta.

-Ainda não. Eles não querem falar nada. - olho para o avião vendo que haviam vários bombeiros.

Alguns tentavam serrar a lataria do que restou do avião enquanto outros retiravam uma pessoa lá de dentro. Olho bem, mas ainda assim não consegui decifrar quem era.

Me aproximo a passos lentos do local estranhando o fato de que ninguém havia me parado. Eu estava quase chegando perto quando sinto uma mão tocar o meu ombro.

-O senhor não pode passar daqui. - um homem diz.

-Já salvaram ele? - continuo procurando pelo corpo do meu amigo.

-Não podemos dar informações agora. - fecho os olhos. - Estamos tentando ver se ainda há sobreviventes.

Eu estava prestes a respondê-lo de uma forma não muito agradável, mas, pela sorte dele, o meu celular tocou.

É Letícia...

-Como você está? - ela pergunta com a voz embargada. Provavelmente estava chorando.

-Devastado. - vou para um lugar onde eu sei que posso chorar sem me preocupar se alguém iria ver. Eu estava um pouco afastado do avião. - Eu não posso perdê-lo.

-E não vai. - ela responde rapidamente em uma tentativa falha de me acalmar.

Todos sabem que as chances de sobreviver a um acidente de avião é mínima.

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora