Capítulo 76

778 65 130
                                    

|| Maria Valentina Felipinne||

Abro os olhos com certa dificuldade por conta da claridade. Apesar de não ter bebido ontem, a minha cabeça está para explodir.

Pego o meu celular que ecoava o alarme. Desligo rapidamente pois eu não queria que o Giorgian acordasse.

O Giorgian acordasse...

Puta que pariu, ele ainda está aqui no meu quarto... abraçado comigo e sem camisa.

Engulo seco virando lentamente a cabeça e passando a vê-lo. Seu rosto sereno indicava paz.

E, depois de tanto tempo, eu também me sinto em paz.

Sorrio minimamente acariciando o rosto dele devagar para que ele não acordasse.

-Se você soubesse o quanto eu te amo. - sussurro mesmo sabendo que ele não irá me ouvir. - Espero que algum dia você me perdoe, meu amor.

Sinto meus olhos se encherem de lágrimas. Suspiro pegando o meu celular e vendo que já estava na hora de levantar, caso contrário eu me atrasaria.

Levanto com cuidado fazendo com que o jogador resmungue algo o qual eu não consegui ouvir. Apesar disso, Giorgian abraçou o meu travesseiro e continuou dormindo.

Vou em direção ao banheiro e, em pouco tempo, eu já havia feito minha higiene pessoal. Confiro se não havia deixado nada para trás e, o que faltava, eu coloquei na mala que ainda sobrava um pouco de espaço.

Pego a roupa que eu havia separado e visto-a sentindo a dor de partir bater contra o meu coração.

As palavras que Giorgian me disse na noite anterior, fizeram-se presentes em minha mente. Fecho os olhos sentindo vontade de desistir de toda essa loucura de viagem, mas eu não posso.

Não posso porque esse é o ponto inicial para a minha nova vida. Não posso porque esse é o meu sonho - algo que eu não sei se vou viver alguma outra vez.

Não posso porque essa é a oportunidade de uma nova chance para viver.

E, por mais que me doa partir, eu não posso ficar aqui. Eu tenho que ir embora, eu preciso disso e realmente espero que o Giorgian me perdoe algum dia para que eu também possa me perdoar.

Quando menos percebi, as lágrimas já escorriam pelo meu rosto. Trato de enxugá-las rápido e, com todo o cuidado do mundo, tiro as malas de dentro do quarto deixando-as no canto da sala.

Eu sabia que iria doer, só não imaginava que seria tanto. Me preparei durante semanas para essa momento, criei pensamentos e cenários na minha cabeça que seriam usados agora para que eu não sentisse como se uma parte de mim estivesse se perdendo. Mas nada disso adiantou.

Talvez o fato de ter estado com Giorgian nas minhas últimas horas aqui no Brasil, fizeram-me mudar de ideia. Talvez agora eu não queira ir embora.

Dói muito partir. Nunca pensei que um coração pudesse sentir tanta dor.

Eu ia saindo do apartamento, mas Giorgian certamente merece mais do que acordar e não me encontrar pelo apartamento, não encontrar nenhum vestígio meu aqui. Foi aí que eu decidi escrever uma carta, talvez esse tenha sido o meu pior erro.

"Para o meu único e verdadeiro amor.

Querido Giorgian, nunca pensei que fosse sentir tanta dor como estou sentindo nesse momento. Confesso que eu não faço a mínima ideia de como inciar essa carta - se bem que eu já comecei a escrevê-la.

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora