Capítulo 14

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|| Letícia Garcia ||

Rio mais uma vez por causa do Gabriel. O tanto de risadas que ele conseguiu tirar de mim em apenas uma noite não está escrito.

O jantar foi simplesmente incrível. Acho que nunca fui a um encontro – se é que eu posso chamar isso de encontro – o qual o meu acompanhante tenha sido tão atencioso e tenha me feito rir a noite inteira.

Pela primeira vez eu pude ser eu mesma na frente de algum homem.

-Eu ainda não acredito que você fez isso. – digo tentando recuperar o fôlego.

Achei que eu fosse passar vergonha por não saber usar garfo e faca, mas, na verdade, a minha gargalhada foi o que me fez ser odiada por todos desse restaurante. Mas eu não me importei com isso em nenhum momento.

-A vizinha era chata! – Gabriel se defende como se isso fosse motivo suficiente para o que ele fez.

-Você chutou uma bola na cara dela e ainda quebrou a janela da casa da mulher, você é terrível. – comento.

-Eu era terrível. – ele levanta o dedo me olhando. – Melhorei muito desde os meus nove anos.

-Melhorou tanto que hoje você é o atacante mais odiado do Brasil. – termino o último gole de vinho que ainda havia em minha taça.

-E o mais amado, não esqueça.

Observo ele me olhar com certa alegria. O brilho em seus olhos estava mais radiante do que o do início da noite.

Olho ao nosso redor vendo que éramos os único no restaurante além dos funcionários.

-Acho que vamos ser expulsos daqui. – comento após olhar o horário em meu celular. – É mais de meia noite!

-Já? – Gabriel indaga surpreso.

Confirmo com a cabeça vendo-o rir minimamente e logo chamar o garçom que rapidamente veio. O jogador pediu a conta e em questão de minutos ele fez o pagamento.

Nos levantamos e seguimos até o carro dele. Gabriel abre a porta para mim e, assim que eu entrei no veículo, ele deu a volta e entrou do lado do motorista.

-Esse lugar é maravilhoso. – ele me lança um sorriso genuíno ao escutar minha voz. – Amei a noite.

-Eu sabia que você iria gostar. – o jogador comenta dando partida.

Ficamos em silêncio durante alguns segundos. Relaxo os meus músculos no banco do carro sentindo o sono me prender.

-Não vai babar o meu carro. – sua voz brincalhona me fez revirar os olhos.

-Tava demorando pra você começar a me provocar.

-É porque no restaurante eu tive que me comportar. – ele dá de ombros.

-Aí aqui você soltou os cachorros. – completo vendo ele fazer uma careta.

-Que expressão de gente velha, sua idosa! – Gabriel exclama com um semblante engraçado.

-Idosa é a sua... – antes que eu terminasse minha frase, o jogador tira uma mão do volante e coloca sobre minha boca me impedindo de continuar.

-Olha como você fala da minha mãe. – alerta com a voz séria, porém no fundo eu sei que ele estava brincando. – Ela precisa gostar da nora.

-Deixa dessas coisas, sei que você não presta e eu não vou cair no seu papinho. – falo afastando sua mão da minha boca.

Gabriel revira os olhos e continua dirigindo. Ele liga o som do carro e começa a tocar Matuê.

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora