|| Giorgian de Arrascaeta||
Abro os olhos lentamente enquanto a claridade do quarto - por causa da cortina aberta - me impedia de ver tudo com nitidez. Os poucos eu fui me acostumando e, logo, já estava sentado na cama observando tudo ao meu redor.
Um pequeno sorriso surge em meus lábios ao me lembrar da noite anterior. Suspiro virando lentamente a cabeça fazendo-me franzir o cenho confuso ao não ver Valentina deitada na cama.
Eu só espero que ela não tenha ido...
-Valentina. - chamo pelo seu nome já me levantando da cama. - Valen, onde você está?
Abro a porta do banheiro e não encontro nada por lá.
-Merda. - murmuro correndo em direção à sala e suspiro frustrado ao não ter nenhum sinal dela. - Calma, ela só deve ter ido comprar pão. - digo para mim enquanto tento ligar para Valentina.
Caixa postal...
Ligo outra vez e nada. Valentina não me atende.
Passo a mão pelo rosto angustiado. Ela não pode ir embora assim e me deixar sozinho, não pode.
Eu realmente achei que Valentina fosse considerar mudar de opinião e ficar no Brasil - principalmente depois da nossa conversa durante a madrugada.
Engulo seco na esperança de vê-la aparecendo em minha frente, mas a única coisa que eu vi foi um recado ao lado das chaves do seu apartamento.
Pego o bilhete onde no verso estava escrito:
"Para Giorgian de Arrascaeta"
Sinto o medo me consumir e a angústia de ler - ou não ler - essa carta bater contra o meu peito.
Sento no sofá e começo a ler as frases. É a letra da Valen...
Engulo seco quando começo a visualizar os primeiros parágrafos. Isso está doendo muito.
Sinto os meus dedos fraquejarem e o papel cair da minha mão.
"-Me promete que você não vai embora.
Valentina sorri minimamente acariciando a minha barba.
-Você precisa dormir. A nossa madrugada foi cansativa."
Ela não me prometeu...
Jogo minha cabeça para trás passando minha mão pelo rosto. Sinto as lágrimas caírem involuntariamente.
Está doendo mais do que o que eu imaginei.
Pego a carta do chão e a leio outra vez. É difícil de acreditar que eu me declarei para ela em uma noite e, pela manhã, ela havia me deixado sozinho em seu apartamento.
Eu queria ler outras palavras aqui. Tive a esperança de que, se eu olhasse outra vez para esse papel, as palavras fossem se tornar outras.
Mas não se tornaram.
"Espero que algum dia você possa me perdoar."
Essa simples frase tem rondado a minha cabeça deixando-me tonto.
Perdoar o quê, Valentina?
O que tanto ela temia? O que tanto ela me implora para perdoar? O que tanto a Valen esconde para precisar fugir de mim?
-Mais que merda! - resmungo passando a mão pelo rosto.
Apesar de estar embriagado nessa madrugada, eu lembro de todos os mínimos detalhes da nossa conversa. Até mesmo de quando ela achava que eu já havia adormecido. Mesmo assim, eu não consegui dizer metade do que deveria.
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Antes que você diga Adeus! - Giorgian De Arrascaeta
FanfictionNo fim das contas, tudo o que Giorgian precisava era passar 24 horas ao lado de Valentina. Mas eles não tinham essas 24 horas.