Capítulo 93

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|| Giorgian de Arrascaeta ||

Meus olhos intercalam entre as várias pessoas dentro daquele quarto de hospital. Afinal, quanto tempo se passou?

Lembro de ouvir vozes, de tentar acordar e conversar com as pessoas, mas eu não conseguia. Era como se alguma força maior me impedisse de fazer isso.

As pessoas me chamavam, falavam o medo que tinham de me perder e mesmo assim eu me mantive imóvel durante todo esse tempo. Essa foi uma sensação horrível.

-Levanta a cabeça com calma. - uma enfermeira me orienta enquanto ela coloca algo ao redor do meu pescoço.

Isso me deixou extremamente desconfortável, o que me fez resmungar de dor.

-Está doendo? - ela pergunta parecendo preocupada.

-Um pouco. - respondo com dificuldade.

-Vou perguntar ao médico se isso pode ser retirado. - ela sorri gentilmente e se afasta, mas, antes, me olha e fala: - Se eu fosse o senhor, agradeceria muito. É um milagre o senhor ainda estar vivo e sem nenhuma sequela.

Engulo seco. Um verdadeiro milagre.

Quais são as possibilidades de sobreviver a um acidente de avião? Acho que praticamente zero.

Fecho os olhos tentando relaxar o meu corpo, mas tudo dói. Eu não consigo nem respirar direito que tudo já me machuca.

É como se eu estivesse deitado em uma cama onde há vários espinhos me furando. Até o simples ato de engolir saliva machuca.

-Quando que eu vou poder ver a minha família? - pergunto ao médico assim que ele se aproxima.

-Seus pais estavam aqui até agora pouco. - ele responde. - Você estava sedado com os remédios que foram aplicados para dor assim que acordou, por isso não viu.

-E quando vou poder vê-los novamente?

-No horário de visitas eu libero.

-E os meus amigos? - eu estava em uma completa confusão.

Tudo o que mais quero é ter a certeza de que isso não é apenas um sonho e que eu realmente estou vivo, que eu sou um milagre.

-Vamos com calma. - o médico diz sorrindo minimamente. - Você acabou de nascer de novo.

Ele começou a fazer vários testes em mim. Colocou uma lanterna sobre o meu olho e eu não entendi nada.

Levo o meu olhar até a janela. Pelo visto, eu não vou receber visitas tão cedo.

-Sua esposa estava muito preocupada com você. - franzo o cenho confuso com a fala do médico. - Você não é casado?

-Não. - nego sem entender sobre o que ele estava falando.

Minha cabeça estava uma verdadeira bagunça. Tem sido difícil controlar os meus movimentos, mas, aos poucos, estou aprendendo novamente a lidar com isso.

Eu nasci de novo. É como se eu tivesse voltado a ser um bebê.

-Hoje a tarde a fisioterapeuta vem aqui. - o médico alerta. - Você passou muito tempo deitado nessa cama, seus músculos estão enrijecidos.

Suspiro concordando. Não há nada o que eu possa fazer para mudar a minha situação.

-Estou com sede. - digo recebendo o olhar dele.

-Isso é bom. - seu sorriso coberto pela máscara me deixou confuso.

Me matar desidratado é bom?

-Vocês não vão me dar água?

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora