|| Giorgian de Arrascaeta ||
Meus olhos intercalam entre as várias pessoas dentro daquele quarto de hospital. Afinal, quanto tempo se passou?
Lembro de ouvir vozes, de tentar acordar e conversar com as pessoas, mas eu não conseguia. Era como se alguma força maior me impedisse de fazer isso.
As pessoas me chamavam, falavam o medo que tinham de me perder e mesmo assim eu me mantive imóvel durante todo esse tempo. Essa foi uma sensação horrível.
-Levanta a cabeça com calma. - uma enfermeira me orienta enquanto ela coloca algo ao redor do meu pescoço.
Isso me deixou extremamente desconfortável, o que me fez resmungar de dor.
-Está doendo? - ela pergunta parecendo preocupada.
-Um pouco. - respondo com dificuldade.
-Vou perguntar ao médico se isso pode ser retirado. - ela sorri gentilmente e se afasta, mas, antes, me olha e fala: - Se eu fosse o senhor, agradeceria muito. É um milagre o senhor ainda estar vivo e sem nenhuma sequela.
Engulo seco. Um verdadeiro milagre.
Quais são as possibilidades de sobreviver a um acidente de avião? Acho que praticamente zero.
Fecho os olhos tentando relaxar o meu corpo, mas tudo dói. Eu não consigo nem respirar direito que tudo já me machuca.
É como se eu estivesse deitado em uma cama onde há vários espinhos me furando. Até o simples ato de engolir saliva machuca.
-Quando que eu vou poder ver a minha família? - pergunto ao médico assim que ele se aproxima.
-Seus pais estavam aqui até agora pouco. - ele responde. - Você estava sedado com os remédios que foram aplicados para dor assim que acordou, por isso não viu.
-E quando vou poder vê-los novamente?
-No horário de visitas eu libero.
-E os meus amigos? - eu estava em uma completa confusão.
Tudo o que mais quero é ter a certeza de que isso não é apenas um sonho e que eu realmente estou vivo, que eu sou um milagre.
-Vamos com calma. - o médico diz sorrindo minimamente. - Você acabou de nascer de novo.
Ele começou a fazer vários testes em mim. Colocou uma lanterna sobre o meu olho e eu não entendi nada.
Levo o meu olhar até a janela. Pelo visto, eu não vou receber visitas tão cedo.
-Sua esposa estava muito preocupada com você. - franzo o cenho confuso com a fala do médico. - Você não é casado?
-Não. - nego sem entender sobre o que ele estava falando.
Minha cabeça estava uma verdadeira bagunça. Tem sido difícil controlar os meus movimentos, mas, aos poucos, estou aprendendo novamente a lidar com isso.
Eu nasci de novo. É como se eu tivesse voltado a ser um bebê.
-Hoje a tarde a fisioterapeuta vem aqui. - o médico alerta. - Você passou muito tempo deitado nessa cama, seus músculos estão enrijecidos.
Suspiro concordando. Não há nada o que eu possa fazer para mudar a minha situação.
-Estou com sede. - digo recebendo o olhar dele.
-Isso é bom. - seu sorriso coberto pela máscara me deixou confuso.
Me matar desidratado é bom?
-Vocês não vão me dar água?
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Antes que você diga Adeus! - Giorgian De Arrascaeta
FanfictionNo fim das contas, tudo o que Giorgian precisava era passar 24 horas ao lado de Valentina. Mas eles não tinham essas 24 horas.