Capítulo 51

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|| Giorgian de Arrascaeta||

Acordo sentindo a minha cabeça latejar de dor. Meus olhos pesados indicam o quão mal eu dormi nessa noite.

Passei grande parte do tempo observando Valentina dormir até eu me certificar que estaria bem, o que demorou bastante por conta das lágrimas que caíram de seus olhos na noite anterior.

Ver a Valentina daquele jeito me destruiu por completo. Parecia que haviam enfiado várias facas em meu coração e me deixaram sangrar até a morte. É como se o meu mundo estivesse sendo destruído e a única coisa que eu poderia fazer era observar até que tudo chegasse ao fim.

E de fato ele estava, Valentina se tornou o meu mundo.

Eu só desejava acordar e ver que toda aquela melancolia da noite anterior não havia passado de um pesadelo. Que toda a dor que ela sentia - mesmo que não fosse física - não passasse de uma mentira e que o seu coração estivesse em paz durante todo esse tempo, mas eu sabia que, mesmo desejando tanto, tudo isso ainda era real.

Fecho os olhos com força me espreguiçando em seguida. Arregalo-os assustado ao não sentir o peso de Valentina sobre o meu peito.

-Valen?! - chamo baixo pelo seu nome enquanto olho ao meu redor.

Nenhum sinal dela.

Me levanto da cama tão rápido que minha pressão baixou e, tudo o que vi, era um simples borrão preto na minha frente.

Me apoio na cama até que tudo volte ao normal.

-Valentina?! - chamo pelo seu nome outra vez, só que mais alto. - Valen, onde que você está?

Abro a porta do banheiro não a encontrando. Sinto o desespero bater contra o meu peito.

Corro para fora do quarto a procurando por todos os cômodos do seu apartamento e, quando estava pensando em desistir, a encontrei sentada em uma das cadeiras da mesa da cozinha.

Suspiro passando a mão pelo rosto. O alívio percorreu pelo meu corpo como em um passe de mágica.

-Algum problema? - ela indaga ao perceber a minha presença.

Franzo o cenho confuso. Ela estava... sorrindo?

-Apenas me assustei ao não te ver no quarto. - respondo baixo. - Achei que tivesse fugido. - suspiro aliviado.

-E você me deixa fugir dos seus braços? - ela arqueia uma sobrancelha divertida. Rio minamente pelo canto da boca. - Acordei mais cedo e preparei o nosso café. Hoje você tem treino e tem que estar preparado.

-Valen, não precisava. - passo a mão pela minha nuca sem saber o que fazer.

Eu devo perguntar o que aconteceu na noite passada?

Ou eu devo fingir que tudo foi um delírio coletivo igual ela está fazendo?

-Claro que precisa. - ela rebate colocando algumas comidas sobre a mesa.

-Está tudo bem?

-Sim. - ela responde automaticamente. - Não entendi o motivo da pergunta.

-Sabe bem do que eu estou falando. - reviro os olhos colocando um pedaço de bolo em meu prato. - Não se faça de sonsa.

-Olha, aquilo que você viu não era nada de muito importante. - Valentina dá de ombros sentando em sua cadeira. - Foi apenas um momento de surto.

-Aquilo foi tudo menos normal. - cruzo meus braços a olhando. - Valen, eu nunca te vi daquela forma.

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora