Capítulo 10

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|| Maria Valentina Felipinne ||

Estava me preparando para dormir quando percebo que esqueci de trazer o meu cobertor.

Quando decidi sair de casa e ir morar sozinha, acabei levando muitas coisas que eu já tinha aqui na casa dos meus pais. Então, toda vez em que eu venho para cá, tenho que ficar trazendo.

-Que merda. Eu sempre esqueço alguma coisa. – bufo irritada.

Pego minha toalha e minha necessaire com os meus produtos de banho. A melhor coisa do mundo é banhar, principalmente quando você mora em um lugar com temperaturas mais altas do que o inferno.

Tiro minha roupa lentamente e observo a pequena frase que eu tenho tatuada na costela, um pouco abaixo do seio esquerdo.

"Find your reason to live even if life doesn't belong to you."

Uma frase tão pequena que tem um significado enorme.

"Encontre o seu motivo para viver  mesmo que a vida não lhe pertença."

Sinto a água gelada bater contra a minha pele quente após eu ligar o chuveiro. A sensação do "choque térmico" é indescritível. Um arrepio percorre pelo meu corpo.

Acho que esse é momento ideal para pensar. Pensar no quão feliz e sortuda eu sou por ter pessoas incríveis ao meu lado, pensar em todas as dificuldades que passei e que, mesmo querendo desistir, eu ainda continuei em pé. Pensar no pouco tempo que vivi e na quantidade de aprendizados que tive.

O maior erro do ser humano é pensar muito, e foi exatamente isso o que eu fiz. Quando menos esperei, senti que a água gelada que cai do chuveiro e escorre pela minha pele leva consigo uma pequena fração de água salgada, as minhas lágrimas.

Termino o banho tentando esquecer os meus pensamentos. Desligo o chuveiro e abro o box já enrolada na toalha.

Vou para o lugar onde deixei a minha pequena mala no chão e escolho uma roupa confortável. Quando digo "roupa confortável", estou me referindo ao meu pijama.

Se algum dia alguém for me visitar e não me avisar, certamente a pessoa encontrará uma versão minha que a deixará assustada. Pijama folgado, um coque na cabeça mal feito e enormes olheiras, é assim que eu me encontro diariamente.

Calço o meu chinelo e pego o celular vendo que haviam mensagens no grupo com as meninas. Ignorei as inúmeros mensagens, como de costume, e fui para a sala onde os meus pais se econtravam.

Eles assistem a um filme de comédia romântica. Estão tão fofos, espero viver um amor igual ao deles algum dia.

Engulo seco dando meia volta para não atrapalhar os dois, mas o meu desastre acaba me impedindo de sair silêncio.

-Ai, porra. – resmungo com uma expressão de dor.

Levo a minha mão até o meu dedo mindinho do pé.

Levanto o meu olhar e percebo que a visão dos dois a minha frente estava parada sobre o meu corpo, ambos tentavam segurar o riso.

Minha mãe nega com a cabeça e eu reviro os olhos.

Como se ela nunca tivesse batido com o dedinho em algum móvel.

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora