Capítulo 103

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|| Maria Valentina Felipinne||

Sinto os braços de Giorgian passarem ao redor da minha cintura e suas mãos pararem sobre a minha barriga.

Dou um pequeno sorriso de lado ao sentir a sua barba passar lentamente pelo meu pescoço, o arranhando de uma forma que não me machucasse.

Viro ficando de frente para ele. Suas mãos agora estavam em minha cintura enquanto os meus braços rodearam o seu pescoço.

-Você está escondendo algo. - ele fala convicto.

Suspiro concordando com a cabeça. Eu realmente estou escondendo.

-Achei que tivéssemos um acordo. - engulo seco ao ouvi-lo falar.

"-Me promete que sempre vai me contar o que está acontecendo? - Giorgian indagava preocupado. - Mesmo que seja apenas um canto da sua unha doendo.

-Eu prometo."

-Já quebramos tantas promessas. - sussurro encostando a minha cabeça sobre o seu peitoral.

-Valen... - o jogador murmura como se estivesse me repreendendo.

"-O seu aneurisma pode estourar a qualquer momento. - engulo seco ouvindo o médico falar. - Eu tenho que ser realista com você e, infelizmente, não sei se você terá mais um mês de vida."

Como contar para Giorgian que o meu tempo está acabando? Como falar para ele que agora tudo é cronometrado?

Embora eu implore por mais vinte e quatro horas a cada dia que passa, sei que o destino não quer isso.

Como que eu vou explicar para ele que não vou vivenciar as etapas da nossa filha crescendo?

Aurora...

Como que eu vou explicar para o Giorgian que talvez ela não nasça com vida?

Só de pensar nisso, as lágrimas já escorriam pelo meu rosto molhando a camisa vermelha dele.

-Valen, olha pra mim. - nego com a cabeça me apertando mais em seu braço. - Por favor.

Levanto o olhar vendo-o tenso. Giorgian está com medo do que eu irei dizer.

-O que houve? - ele indaga.

Inspiro profundamente e depois solto o ar em uma tentativa de me acalmar - o que não deu nada certo.

-Antes de ontem eu fui ao médico fazer os exames de rotina para ver como tudo estava indo. - me afasto dele. Não tenho coragem para olhar em seus olhos.

-E o que o médico disse?

-Meu tempo é limitado. - solto com um fio de voz. - Provavelmente eu não irei aguentar nem os nove meses de gestação.

Giorgian passa a mão pelo rosto e se vira de costas para mim. Não sei o que se passa pela cabeça dele e isso me assusta.

Eu estava chorando feito uma criança e, mesmo sendo a maior vítima dessa doença, eu ainda me sentia culpada.

-Me desculpa. - sussurro sem conseguir me aproximar dele. - Me desculpa por não conseguir te entregar a nossa filha com vida, me perdoa por abandonar vocês.

Minhas pernas fraquejaram, foi aí que eu resolvi sentar no sofá antes que eu caísse no chão.

Giorgian está chorando. Percebi isso pelo seu pequeno soluço.

Ele nega com a cabeça se virando para mim. Ver os seus olhos vermelhos me abalou ainda mais.

-Você não vai nos deixar. - ele se aproxima segurando o meu rosto. - Você não vai, entendeu?

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora