Capítulo 65

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||Maria Valentina Felipinne||

Dia... Acho que perdi as contas de quantos dias já faz que eu e Giorgian não conversamos.

Já se passou um mês?!

Tem sido estranho encontrar ele nos corredores, acho que isso tem se tornado mais frequente do que quando estávamos juntos.

Nos encontramos algumas vezes no condomínio, no elevador. Eu ia e ele vinha. É constrangedor.

Olhar nos olhos de Giorgian e saber que ele está com outra, ou melhor, com várias, não ajuda em nada.

Já não é mais novidade o nome dele sair em jornais. Quase sempre o jogador está saindo de casa, mas não sozinho e isso tem uma alta capacidade de se tornar o título de várias reportagens, as quais eu sempre vejo.

Decido terminar de tomar café antes que fique muito tarde para ir trabalhar. 

Confiro uma última vez, antes de pegar as chaves e fechar a porta, se tudo estava em ordem. E, mais uma vez, nada que pudesse colocar em risco o meu apartamento.

Fecho a porta do meu ap e sigo até o elevador a passos rápidos. Cumprimento a vizinha com um pequeno sorriso amarelo - hoje eu não estou em um bom dia.

Isso tem se tornado frequente nas últimas semanas. Noites mal dormidas seguidas de um mal-estar insuportável, tem se tornado difícil acordar de bom-humor.

Aperto o botão do elevador pela segunda vez. Ele está demorando mais do que o normal - ou então eu que estou impaciente.

Engulo seco assim que a porta se abre revelando o uruguaio dentro da pequena caixa de metal.

Penso em dar meia volta e descer pelas escadas, mas isso não seria muito eficiente.

Tenho que aprender a lidar com a presença inesperada de Giorgian nos lugares. Afinal, moramos no mesmo prédio.

Ele afasta para um dos cantos do elevador fazendo com que eu fosse para o outro. Não apertei o botão, ele fez isso antes de mim.

A presença dele me deixava inquieta e angustiada. Eu queria muito resolver isso logo, mas tudo o que eu tinha para falar já falei.

Olho para ele de canto de olho. Suas mãos estavam no bolso do seu short de treino - provavelmente ele irá trabalhar.

A porta do elevador se abre após longos segundos fechadas. O que não contávamos é que o espaço entre elas não era grande o suficiente para que nós dois passássemos.

E, em questão de milissegundos, tive a sensação de Giorgian tocando a minha pele pela primeira vez nas últimas semanas. Isso me causou um arrepio que ele percebeu muito bem.

Dou um passo para trás ao mesmo tempo que ele. Giorgian estica o braço para que eu passe em sua frente.

Levanto o meu olhar procurando o dele. O jogador aparentava estar cansado.

Saio de dentro daquela caixa de metal minúscula e sigo até onde o meu carro estava estacionado.

Antes de entrar no veículo, meus olhos vagam pelo imenso lugar cheio de carros até pararem sobre a vaga onde o automóvel de Giorgian estava estacionado.

O jogador olha para mim. Esses foram os segundos mais torturantes da minha vida - e eu não sei nem se passou de dois segundos.

Continuo olhando para Giorgian enquanto o meu coração grita para que eu corra até ele e me submeta a uma humilhação.

Mas até quando essa humilhação valeria a pena?

Havia algo no olhar do camisa quatorze do Flamengo que era diferente de tudo o que já vi.

Antes que você diga Adeus! - Giorgian De ArrascaetaOnde histórias criam vida. Descubra agora