Capítulo 9- Para Sempre Com Você

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Marta: Morreu - disse no sussurro.

Giuly: Nãããããão! - comecei a chorar - Nããããão, mãe, não pode ser! A minha avozinha linda não! Não mãe! Não por favor! Diga que nããão! Por favor, a minha vovó não!

Marta: Sim Giu, sim. Eu estou arrasada.

Giuly: Mas como?

Marta: Foi meio de repente. - soluço - Hoje cedo, antes de ir para o trabalho eu liguei para ela, como de costume, mas então ela não atendeu mesmo eu insistindo. Achei muito estranho, então fui para a casa dela, chegando lá, entrei. A casa estava silenciosa, a empregada ainda nem havia chegado, seu tio está em viagem de trabalho, ainda nem avisei nada a ele. Quando cheguei ao quarto da mamãe, pensei que ela ainda estava dormindo, quando tentei acordá-la, ela não se mexia, foi aí que percebi o que tinha acontecido. Ela faleceu dormindo.

Giuly: Nossa mãe! Nossa! - estava destruída de tristeza - Mas como assim, ela já estava com alguma coisa?

Marta: Ela ultimamente estava se queixando de algumas dores, semana passada eu a levei ao médico que apenas passou uns remédios. E hoje foi isso. - o laudo médico vai sair daqui a pouco explicando o que houve com ela. O enterro é ainda hoje, as 16h30.

Giuly: Eu preciso ir logo então mãe. Aaaah que horror - chorava - Por que isso foi acontecer com a minha avó? Tão cheia sempre de saúde! Eu nem pude me despedir dela, nem nada. Quinta-feira era para a gente ter ido visitá-la! E a gente não foi, eu não poderei mais sentir o seu cafuné! Nunca mais mãe! Nunca mais!

Marta: Não se desespere filha, calma - respirou - eu também estou mal, mas preciso ser forte. Agora vou ligar para meu irmão, coitadinho, também vai ficar arrasado.

Giuly: Eu vou avisar aqui o pessoal e chego aí logo, mãe. Fica com o celular na mão. Beijos. Eu te amo.

Marta: Beijo querida, eu também te amo.


Parei por um segundo. Agarrei meu travesseiro e comecei a chorar, eu precisava colocar aquilo para fora. Eu amava tanto a minha avó. A última vez em que a vi fazia algumas semanas, ela era sempre tão doce comigo, tratava-me como uma princesa. Fazia todas as minhas vontades. Era linda! E agora eu não a veria mais. Eu não pude me despedir dela, apenas disse um eu te amo, pela última vez na quinta-feira pelo telefone. Eu a amaria para sempre, nunca me esqueceria dela, do seu sorriso, do seu cafuné, do seu olhar. Mas neste momento sei que ela está em um lugar muito melhor, olhando-nos lá do céu, já com meu avô e com meu pai. Devem estar todos juntos.


Tomei um bom banho e comecei a arrumar as minhas coisas, como ainda estava cedo, com certeza ninguém havia acordado ainda. Desci, tomei café e encontrei com o 'Marreta' e Daiane, contei-lhes tudo. Eles me ajudaram e logo o Marreta foi tentar acordar o Luan, pois o celular estava desligado. Logo depois, já em meu quarto, o Luan apareceu para me consolar. Disse-me palavras lindas de conforto, fé, força e confiança, coisas para eu não me entregar à tristeza. Também lamentou muito, porque não aproveitou a oportunidade de conhecê-la. Ofereceu-se para ir comigo de volta, daria tempo até o próximo show, mas eu não aceitei, seria cansativo de mais para ele e os fãs merecem um Luan Santana em perfeitas condições à noite.

Tentamos comprar uma passagem de urgência pela internet, não conseguimos. Por telefone, foi melhor, a Marla, conseguiu conversar com alguém da companhia de viagem e só explicando o caso que era para alguém ligado ao Luan Santana que eles cederam uma passagem para mim às 13h.


A chuva não parava de cair e ao meio-dia, parecia ser quase noite, eu já estava no aeroporto, pronta para entrar no avião. Eu estava desesperada, com medo. Percebi que os vôos estavam atrasando devido ao mau tempo. O Luan estava ao meu lado, tentando me acalmar, mas não adiantava muito, ora ou outra eu começava a chorar. Liguei para minha mãe para avisar que logo eu chegaria. Na nossa cidade não chovia, o que era melhor.


Deu a hora do voo e nada. Com certeza ele atrasaria mais um pouco. Tive medo que eu pudesse perder o enterro. A viagem até lá durava cerca de uma hora e meia, uma hora e quarenta, no máximo. O avião não podia atrasar muito. Torcia para que tudo desse certo. A hora passava e o meu desespero só aumentava. Consegui entrar no avião às 14h45min. Com muita sorte ainda daria tempo.


Fui a viagem inteira pensando no rosto da minha avó e em tudo que vivemos juntas. Às 16h, ainda dentro do avião senti que não daria mais tempo. Virei para a janela, olhei para o céu e as lágrimas começaram a cair. Eu não a veria pela última vez. A angústia chegava, eu me via ali sozinha. Sem ao menos minha mãe para abraçar. Não conseguia nem secar o meu rosto, caíam muitas lágrimas sem parar. Senti-me um pouco culpada por aquilo que estava acontecendo, se eu não tivesse viajado iria ter tido a oportunidade de ver a minha avó. Pelo menos eu não iria ficar com sua última imagem na cabeça dentro de um caixão, guardaria para sempre o seu último apertado abraço que me deu em sua casa com aquele lindo sorriso que sempre soltava. Para sempre eu lembraria dela, para sempre! "Para sempre com você, vó!" - Sussurrei.


Quando o avião pousou eram 16h20min, até que eu chegasse ao cemitério, levariam 30 minutos. Saí do aeroporto, peguei um táxi, mas chegaria tarde de mais. Não tive nem coragem de ligar para minha mãe, para poder tentar falar algo eu iria começar a chorar de novo. No horário marcado, fechei os olhos e rezei um Pai-Nosso, uma Ave-maria e pedi para Nossa Senhora de Aparecida abençoar a minha avó e depois para que minha família continuasse forte e unida.


Cheguei lá e vi uns parentes já indo embora. Corri até o local que minha mãe estava e abraçamo-nos fortemente. Deixei de segurar as lágrimas e durante uns 10 minutos ficamos ali, paradas, apenas olhando para onde minha vovó tinha acabado de ser enterrada.


Giuly: Desculpa mãe, desculpa.

Marta: Não tem nada que se desculpar não minha filha, eu ainda tentei atrasar ao máximo, mas depois não teve como esperar mais.

Giuly: Mãe, eu queria ter visto ela! Eu nunca mais vou poder olhar para o rostinho dela...

Marta: É melhor que você só ficará com as boas recordações, amor - beijou a minha testa e finalmente seguimos para casa.


Antes de ele subir no palco na noite de sábado, ele me ligou e assim pudemos conversar um pouco, ainda estava muito abatida, mesmo assim ele conseguia fazer com que eu ficasse mais animada.


Eu e minha mãe passamos o resto do final de semana em casa, trancadas, sem sair. Estávamos sem entusiasmo. Durante a semana recebi muita força do pessoal de faculdade, todos foram bastante atenciosos e prestativos comigo. Maria, Caroline, Daniel, o pessoal dos outros cursos, até mesmo a Helena falou alguma coisa comigo. Na verdade, acho que todo mundo com quem eu falava veio conversar um pouco, exceto o Ramon. Ele devia estar verdadeiramente magoado comigo porque nem nesse momento em que eu precisava tanto de um ombro amigo, eu pude contar com ele, o que foi muito decepcionante. Eu também não fui atrás dele, ainda estava sem força e vontade de desculpar-me.


O Luan também estava me ajudando muito, falava com ele umas três vezes ao dia. Como ele estava muito atarefado, não pôde durante a semana ir me visitar. Disse apenas que com toda a certeza no sábado, nosso aniversário, daria um jeito de dar uma fugidinha para se encontrar comigo. O que me deixou um pouco mais contente.


Enfim, dia 13 de março de 2010, sábado, chegou. Eu e o Luan estávamos completando mais um ano de vida! 19 anos. Acordei e minha mãe veio direto me dar os parabéns. Ganhei um lindo scarpin vermelho dela, era exatamente o que eu estava querendo, era mais um para a minha coleção! Em seguida a campainha tocou, era um homem que vinha entregar um buquê de flores. Era lindo, com rosas vermelhas e apenas uma amarela no centro. O cartão dizia:


A Namorada do Luan SantanaOnde histórias criam vida. Descubra agora