Capítulo 6-Calourada

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Eu me assustei com aquela cena. Ver o meu melhor amigo naquele estado nunca tinha passado pela minha cabeça. Como? Como o Ramon pôde se envolver com aquele tipo de coisa? Um menino tão bom, que eu conhecia há anos, estudioso, responsável, pé no chão, uma pessoa de um caráter de se admirar... Como? Eu sentia uma imensa dor sobre a minha alma.

Ele se encontrava jogado pela areia. Falava coisas sem sentindo, que chegavam a me dar um pouco de medo. Ao seu redor eu via a sujeira e as porcarias que ele havia feito. Não tinha nem certeza se o Ramon percebera que eu estava ali com ele. Eu queria poder abraçá-lo e leva-lo para casa, mas não sabia o que fazer direito. Minhas mãos tremiam e não pude segurar a vontade silenciosa de chorar.

Giuly: Ramon. – chamei-o – Ramon – ele apenas girava a cabeça para lá e para cá, ainda deitado. Eu abaixei, segurei sua cabeça, olhei em seus olhos e repeti seu nome – Ramon.

Ele me olhou fixamente e depois uma leve lágrima desceu sobre seu rosto e tocou minha mão. Seu olhar era de piedade. Aos poucos sua respiração foi voltando ao normal e eu fui tentando sossegar seu estado.

Ramon: Giuly... Giuly...

Giuly: Eu estou aqui Ramon. Calma.

Ramon: A minha cabeça...

Giuly: O que tem a sua cabeça? Esta com dor?

Ramon: Aham.

Giuly: Vai passar, vai passar. Acalme-se. – fazia carinho em seu rosto.

Ramon: Desculpa Giuly. Desculpa.

Giuly: Assim que melhorar eu vou te levar para casa.

Ramon: Desculpa Giuly. – repetia.

Giuly: Tudo bem, Ramon. Não precisa se desculpar mais não. Depois a gente conversa direito.

Ramon: Eu juro que eu tentei, Giuly. Mas é impossível.

Giuly: Você vai conseguir parar de usar isso, você vai ver. Eu vou te ajudar.

Ramon: Eu tentei te esquecer, mas eu não consigo. – ouvir aquilo foi como um espanto para mim, tentei fazer silêncio – Eu te amo, eu te amo, Giuly.

O Ramon não tinha noção que falava aquilo para mim, foi como um desabafo inconsciente. Eu não sabia o que dizer, nem sabia se deveria acreditar. Ele ainda estava fora de si, não tinha total clareza em suas palavras.

Ramon: Giuly, fica comigo... A minha vida é uma porcaria...

Giuly: Não fala assim, Ramon. Você não sabe direito o que está falando. Mas você sabe que somos melhores amigos.

Ramon: Eu estou cansado de ser seu amigo... Não me deixe mais... Eu quero você...

Giuly: E a Maria Ramon? Ela te ama tanto.

Ramon: A Maria não é você. Mas nem ela me quer mais... Eu sou um lixo mesmo!

Giuly: Não, você não é um lixo! Você é lindo, inteligente, engraçado, todo mundo te adora.

Ramon: Eu tinha que sumir dessa vida!

Giuly: Para com isso Ramon.

Ramon: Por quê?

Giuly: Porque é muito triste eu ter que te ver assim. Você está drogado! Como isso pôde acontecer? Logo você?

Ramon: Eu estou cansado de tudo dá sempre errado. Não quero mais saber de nada. Não aguento mais ver você com o Luan Santana... Está tudo errado!

Giuly: Não está nada errado. O que está errado é você continuar nesta situação – ajudei-o a se sentar – Olha para mim. Você não sabe o tanto de gente queria ter as coisas que você tem, possuir tudo o que você conquistou, e ainda poder sonhar com tudo que você sonha para o futuro. Olha para mim – eu virei o seu rosto para mim – para com estas bobeiras. Você nunca foi de ficar se lamentado, por que isso agora? Nós sempre fomos muito unidos, eu sempre confiei em você, sempre me falou a verdade. Agradeço todos os dia por ter você sempre comigo, porque amizade como a sua, não existe. Mas olha como foi contribuir, vira as costas para mim do nada. Abandona sua namorada, seus amigos, para ficar se drogando?

A Namorada do Luan SantanaOnde histórias criam vida. Descubra agora