Encontro

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Após o desjejum daquela manhã, Rain decidiu que aquele era o dia de partir, apesar da noite mal dormida afundado em seus pensamentos, ele sabia que já não podia esperar, cada minuto importava e de repente eles correram. As ninfas e Yeleni, a principal governanta do palácio, já haviam arrumado Noto com vestes apropriadas, em tons de azul escuro, com pequenos bordados que lembravam estrelas, haviam também trançado algumas flores aromáticas em seus cabelos claros, parecia um pequeno nobre do Reino da Água ao lado de Rain, que estava formal, seu casaco longo, sua coroa azulada parecia fluir como o elemento que lhe regia, precisava se apresentar da melhor forma a Emeritus, especialmente para lidar com uma situação tão atípica, mas era estranho, uma vez que em suas terras, ele mal usava roupas, sempre provocando chuvas e se molhando nelas, mas ele entendia cada protocolo que sua posição o colocava e respeitava as coisas como elas deveriam ser, especialmente fora de sua Casa.

Sem grande alarde, seguiram até a embarcação ornamentada que os aguardava no leito do rio e o pingo de ser parecia animado ao ver que navegariam pelas águas até seu destino, mesmo sem saber o motivo daquela pequena excursão, mas era uma novidade em seu pequeno mundo que vinha se expandindo a todo momento. Ele bateu palmas alegremente ao ser elevado para dentro, sendo seguido pelo Water Ghoul e após as despedidas com aqueles que os haviam acompanhado, o rio os direcionou a frente lentamente e Noto parecia encantado com os seres que surgiram na água a volta do barco, sirenes, hipocampos, cecaelias, ele esticava suas mãozinhas pela amurada e as criaturas espirravam água em sua direção, fazendo-o rir confortavelmente enquanto Rain assistia a cena, acenando para seus companheiros. A viagem duraria pouco mais de um dia e meio e talvez parassem no porto humano para poderem terem uma refeição completa e caminharem um pouco, pois era claro que aquela gota de ser não ficaria calmo em um ambiente tão limitado por toda viagem sem ao menos uma longa pausa.

Já seguiam a rota a horas e Rain se viu obrigado a ser a única distração da criança, que possuía uma energia sem igual e agora não havia outra criatura além dele próprio para entretê-lo. Juntos exploraram a embarcação, as cabines, a proa e a popa, prepararam uma refeição leve com os mantimentos que haviam levado, Rain tentou nadar com ele, mas Noto ainda não tinha coragem de mergulhar e preferiu ficar observando de um lugar seguro enquanto o Ghoul relaxava nas águas límpidas do rio e jogava bolhas de água em sua direção, fazendo com que quando Rain voltou à embarcação, precisasse ajudar Noto a secar seus cabelos e mudar suas roupas.

Quando o fim da tarde chegou junto ao poente alaranjado, finalmente chegaram à cidade humana litorânea conhecida como Flam, que ficava ao norte de seu reino e antes das terras do Fire Ghoul. Rain, por segurança, decidiu que atracariam fora do cais principal da cidade, de forma que não chamassem a atenção da população que ali residia. Pouco antes de chegarem, ele havia tomado uma cápsula feita por bruxas naturais que serviam em uma aldeia em seu reino, que tinha como efeito mudar sua aparência, tornando-o visualmente humano por algumas horas e ao ver-se no reflexo das águas detestou o que viu, ma seria o melhor a ser feito, pois nem todos os humanos viam os espíritos com bons olhos, muitas vezes enfrentando-os, mesmo que eles fossem os grandes responsáveis por todo equilíbrio daquele mundo, mas ainda havia aqueles que idolatravam as entidades, especialmente aos Ghouls, o que nesse momento seria igualmente um problema, já que não gostaria de pessoas se ajoelhando aos seus pés a cada dois passos e muito menos de olhares curiosos para o pingo de ser que lhe acompanhava, não era interessante que sua chegada fosse tão divulgada, apesar de Cumulus já ter provado que muitos sabiam e isso incomodava-lhe profundamente.

Seguiram por uma trilha até chegarem à cidade e Noto caminhava ao seu lado, segurando sua mão enquanto saltitava pelas pedras. Era estranho que um ser daquele tamanho não soubesse falar e isso era só mais um dos mistérios do garoto, mas isso não o impedia de se comunicar, apontando, fazendo sons, puxando sua mão, ele conseguia se virar bem, mas ainda assim Rain tentava falar com ele, indagar-lhe de onde vinha, quem era, o que queria e tinha como resposta olhinhos confusos, mãos que apontavam para si mesmo ou para ele, ele com certeza tinha a chave para toda situação, só falta decifrar como ele colocava essas peças na mesa.

Waterdrop Firedrop (Rain x Sodo)Onde histórias criam vida. Descubra agora