Com Flores na Cabeça

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Fire se sentia muito mais a vontade em sua própria casa, era como se sua energia tivesse sido renovada no segundo que adentraram o primeiro terreno de seu reino e antes que o Sol terminasse de surgir, ele já estava de pé, pois ele havia decidido que havia algo que ele precisava fazer antes de iniciar, de fato, seu dia.

Ele poderia ter muitos sentimentos conturbados sobre o Water Ghoul, mas não era e não seria ingrato, além de ser um bom anfitrião aos que buscavam teto ou abrigo em seu casarão, todos sempre foram bem recepcionados e ele gostaria que isso não mudasse, queria que aquele lugar fosse de aconchego e conforto. A alguns anos atrás, Mountain o havia presenteado com algumas pedras preciosas de suas minas por tê-lo ajudado com as grandes forjas e ficou satisfeito ao encontrá-las facilmente em sua oficina, puxou a pequena caixinha carmesim, que continha pequenos rubis vermelho sangue em formato de diminutas gotas, quase uma sangria delicada. O Mountain Ghoul era um bom amigo, o que lhe era mais próximo entre os Ghouls Elementais, até mais do que Air e em seus tempos juntos, o ensinou a moldar os metais usando calor e pressão de suas próprias mãos incandescentes e essa era sua intenção nesse início de dia, passando algumas horas da manhã se dedicando aquilo e quando finalmente terminou, analisou seu trabalho, refinando os últimos detalhes e por fim, guardou a peça criada em seu bolso, já sentindo seu estomago pedir por uma boa xícara de café e alguns pães, portanto foi até a cozinha para finalmente comer algo. Ele não gostava de cerimônias e protocolos que a maioria da nobreza seguia, ele poderia ser o Mestre e Senhor de todos ali, mas tratava a todos igualmente, se misturava a seus servos e vassalos constantemente e todos o tinham como um amigo e eram-lhe extremamente leais, sem sequer precisar do juramento gravado em suas carnes.

-Eu não gosto dele!- disse Agni, que por ali estava, com a insatisfação clara na voz- Não entendo porque precisamos mantê-lo aqui! O garoto é, seu não é, meu senhor? Apenas reclame aquilo que vos pertence, Mestre Sodo!

-Eu também não gosto dele, Agni, mas neste momento ele é meu convidado especial, pois temos um grande interesse em comum e peço que o trate como tal. Será por um bom tempo, infelizmente, mas não para sempre, posso garantir.

Ela bufou, insatisfeita, enquanto ele bebia seu café pensativo em como sua relação com o mundo afetava os seus. Era simples, ela o odiava unicamente porque ele o odiava.

Ao terminar o desjejum, soube pelos espíritos que Noto estava com Rain no jardim dos fundos e dirigiu-se diretamente para lá. Chegando ao gramado, deparou-se com uma cena inusitada. O mais velho jogava bolhas de água contra a pequena criança, que fazia com que elas explodissem em vapor antes de lhe tocarem, mas às vezes falhava nesse processo e então gargalhava encharcado. Haviam sido poucas semanas desde que encontrou aquela gotinha flamejante pela primeira vez naquela embarcação tão ao sul do seu reino, mas ele claramente já havia crescido consideravelmente, fisicamente e mentalmente. Os espíritos tinham esse risco, essa possibilidade sempre à mão, de crescerem em ritmos totalmente diferentes e depois de um tempo, simplesmente não envelheciam mais, eles eram exatamente o que deveriam ser, o que quer que isso fosse. E se antes Noto era pouco maior que a altura de seus joelhos, hoje ele já estava na sua cintura e sua coordenação motora estava muito melhor, só faltava conseguir falar em idioma comum, mas mesmo isso já se mostrava encaminhado.

-Og Vany!- disse ao notar a presença de Fire, correndo em sua direção.

-Pai Fire, minha gotinha flamejante.- respondeu acariciando-lhe os cabelos gentilmente- Og Vany é Pai Fire e Bo Vany é Pai Water. O que estão fazendo, rapazes?

-Colocando o pequeno para suar um pouco, depois de tantos dias acomodado, afinal, nosso pequeno é o Espírito do Vapor, não é? Gostaria de juntar-se a nós, Og Vany?

Waterdrop Firedrop (Rain x Sodo)Onde histórias criam vida. Descubra agora