Waterdrop Firedrop (Rain x Sodo)

Quer dançar?

-Achei que não viria mais, Chuvinha- sussurrou Fire no ouvido do outro quando finalmente o Water Ghoul desembarcou diante da escadaria junto de Noto, tirando um sorriso discreto do Ghoul.

-Papai!

Fire tinha razão, Noto crescera consideravelmente desde o último encontro e mesmo que ainda fosse claramente uma criança, já não carregava os traços de bebê. Seu corpo já não era tão mole e roliço, pelo contrário, se tornara esguio e músculos infantis já eram vistos em seus braços, provavelmente fruto das aulas de esgrima. Os cabelos, ainda curtos, pareciam não encontrar ordem, como se fossem constantemente revirados por uma entidade invisível. Seu rosto carregava uma pintura que levava Fire a crer que ele próprio havia feito, um pouco incerto da ideia, sem tanta coordenação, mas que ainda contava sua história, era claramente ele em sua totalidade, o representava por completo.

O garoto não parou de falar um só segundo no colo do pai, que acompanhava os convidados até os quartos, ouvindo com atenção cada palavra proferida. Noto contava sobre os dias, sobre os passeios e sobre Nis, contou sobre a vila do espíritos do Rio e sobre as aulas, tanto com espadas, quanto as de dança, assim como as de escrita e idiomas. Rain sorria a cada história, sentindo a felicidade do filho ecoar por seu cerne até o seu, feliz em estar finalmente no calor de Fire, o qual Water também desejava e assim que acomodaram o filho no quarto, adentraram o comodo onde Water se hospedaria mais uma vez, o mesmo que ocupara em sua estada anterior e antes mesmo que a porta se fechasse por completo, eles já cerravam a distância, em um beijo necessitado, explosivo, cheio de tudo que palavras não seriam capazes de expressar, elas sequer existiam nesse momento. Fire, tão dependente de ar, foi o primeiro a se afastar, ainda com o corpo do outro nas mãos, em um abraço firme, possessivo, deixando claro que não iriam a lugar nenhum nas próximas horas se pudessem evitar, porém um bater na porta se fez ouvir, interrompendo o instante cedo demais.

-Preciso abrir, Sodo.- disse Water, sentindo o Senhor do Fogo beijar-lhe o pescoço, puxando sua cintura para si, seus lábios quentes contra a pele úmida, contendo-se para para não mordê-lo, não marcá-lo com fogo, enquanto ele tentava, contra a própria vontade, escapar daquela prisão tentadora.

-Seus deveres são para o senhor da casa, Water, não para serviçais intrometidos e inconvenientes.

-Seus serviçais intrometidos e inconvenientes- respondeu ouvindo novamente as batidas insistentes, que pareciam até mais fortes do que antes, como se exigissem uma urgência que não cabia aos dois enamorados.

A contra gosto, Fire deixou que Water se desvencilhasse de seus afagos, com um último beijo, revirando os olhos para o outro que abria a porta.

Ali, parada, claramente a beira das lágrimas, estava Agni, que assim que viu seu mestre, adentrou o quarto, ignorando por completo o Water Ghoul, jogando-se sem nenhum pudor nos braços de Fire, que trocou olhares com Rain, enquanto a garota afundava em seu peito, trêmula.

-Agni... o que houve...?

A voz de Fire era preocupada, seu carinho por todas suas crianças sempre lhe fora forte, presente. Ele podia sentir o cerne dela em polvorosa, em uma dor tremenda, como se estivesse prestes a explodir em um milhão de pedaços.

-Creio que seja melhor que eu saia, Fire, para que a garota sinta-se mais a vontade- disse Water, já dirigindo-se a porta.

-Não será necessário, Rain, esses são seus aposentos, mas agradeço se puder servir um copo de água para ela.

-Eu não quero nada dele!- vociferou Agni, intensificando o abraço, o qual Fire retribuia com menos intensidade.

-Já conversamos sobre isso, Agni. Ele é meu convidado...