Anahi
Eu o odeio um pouco mais por conseguir me ler tão bem, mas o que eu esperava?
Alfonso Herrera é um homem vivido, que desfila com namoradas diferentes na mesma velocidade em que algumas pessoas trocam suas escovas de dentes.
Deve estar mais do que acostumado a interpretar as reações do corpo de uma mulher.
Ele nos levou para um lugar escuro, onde não há tantas pessoas, mas ainda assim, enquanto nos afastávamos, os casais que passavam nos observaram quase que com reverência.
A família deles é como uma espécie de realeza na Turquia.
Eu já notei que, nas festas, assim que um deles chega, provoca uma espécie de alvoroço nos convidados: admiração e respeito dos homens e cobiça entre a ala feminina, sejam as mulheres solteiras ou não.
Eu não acho que tenha a ver apenas o fato de que é muito atraente, lindo, na verdade, que faz com que as mulheres pareçam dispostas a ficarem nuas com um estalar de dedos do magnata, mas também por causa da aura de poder que ele emana.
Não são todos os homens que a possuem.
Alfonso, os irmãos, meu pai. Eles parecem dominar o mundo.
Hayden, meu irmão, fisicamente se parece com papai, mas se você o olhar com atenção, percebe fragilidade — ou seria fraqueza? — no fundo dos seus olhos.
Ele é o tipo de pessoa que quando confrontado, sai do seu caminho porque sabe que vai perder, seja uma discussão ou uma luta física.
O turco que me tem em seus braços, ao contrário, demonstra autoconfiança até mesmo no respirar.
— Eu não tenho ideia do que está falando, senhor Herrera. Se tremo, é porque a noite esfriou e não vim vestida adequadamente.
Eu tento manter alguma distância porque a quentura dos lábios dele muito próxima ao lóbulo da minha orelha está me deixando com as pernas bambas.
Eu não quero demonstrar fraqueza.
— Estou decepcionado, Anahi. Não achei que fosse uma mentirosa.
Eu o encaro e percebo que cometi um erro ao me ver mergulhada naquele abismo oliva.
Eu quero desviar os olhos dos dele, mas não consigo. É como se tivesse o poder de me hipnotizar. Eu deveria me afastar porque a essa altura, meu pai está à minha procura, mas minto para mim mesma dizendo que estou apenas tendo um pouco de diversão.
Nunca ficamos tão próximos e apesar de antipatizar com Alfonso, não tenho como negar que ele sempre é o homem mais interessante presente, onde quer que esteja.
— Vai continuar me insultando? — pergunto, apesar de não me sentir assim. Estar perto dele, ao contrário, me excita.
Ele afrouxa o braço em torno da minha cintura, embora não o bastante. Eu tenho uma área de manobra para escapar, se for o caso, mas ele ainda mantém os nossos corpos colados.
— Foi isso o que fiz?
— Está brincando comigo, senhor Herrera, como um gato faria com um rato. Diverte-se com isso.
Eu não costumo deixar meu temperamento vir à tona. Sempre me mantenho como a filha doce e perfeita, apenas Hayden conhece minhas ironias. É o nosso segredo. Mas Alfonso conseguiu desfazer minha imagem de garota comportada em pouco menos de cinco minutos na primeira vez em que ficamos a sós.
Eu espero que vá me dizer algo para me colocar em meu devido lugar, mas em vez disso, sinto sua boca roçar minha mandíbula e arrepios percorrem meu corpo.
— Eu não me divirto em estar perto de você, Anahi. Eu não quero desejar rasgar o seu vestido e te deixar nua. Eu não quero querer percorrer seu corpo com minha boca ou conhecer seu gosto na ponta da língua. Eu não quero imaginar se seus olhos ficam um azul mais escuro na hora em que está gozando. Ou qual a sensação de tê-la me apertando dentro de si.
Eu fico sem ar. Impactada demais para conseguir dizer algo, mas ao mesmo tempo querendo que ele continue falando.
Nenhum homem jamais me disse algo tão ousado, mas eu sei que não é por isso que sinto o ventre pulsar e o centro das minhas coxas encharcar. É porque eu acabo de descobrir que apesar de detestá-lo, a agonia que me domina toda vez que o vejo é desejo.
Para minha vergonha, é ele quem toma a iniciativa de me soltar, dando um passo para trás.
Eu posso conferir em seus olhos que tudo o que falou é verdade.
Ele me quer, e sente-se raivoso por isso.
— Chocada?
Engulo em seco.
— Ofendida — minto.
Um canto de sua boca se ergue.
— Sabe que existem reações do nosso corpo que impossibilitam disfarçar o desejo, menina? Suas pupilas estão dilatadas e você não me empurrou quando me ouviu dizer o quanto te desejo. Cravou as unhas no meu terno. Afastou as coxas, ansiando para me sentir melhor. Seus mamilos ficaram duros — ele olha para a frente do meu vestido — ainda estão.
— Eu odeio você.
— Não. Você não me odeia. Odeia me desejar.
E então, ele vira as costas e se afasta, me deixando sozinha para processar tudo isso.
Eu recosto em uma parede e fecho os olhos, o corpo tremendo e tomo um susto quando ouço a voz do meu irmão.
— Anahi, onde você se meteu? Está louca? Papai ficou furioso quando deixou Berat Demirci sozinho na pista de dança, na frente de todos os convidados, e foi para os braços de Alfonso Herrera. Sabe como ele dá importância ao que os outros estão pensando.
— Eu não queria dançar com o senhor Demirci, Hayden.
— E acha que ele se importa com isso? Papai sempre coloca os negócios à frente de nós, então, por favor, não se meta em encrenca, contrariando-o.
— Contrariando-o? Por que me negar a dançar com o senhor Demirci o contraria?
— Foi modo de dizer — responde, mas não me olha nos olhos.
— Não, não foi. Está sabendo de alguma coisa.
Ele me dá um beijo na testa.
— Não se preocupe com isso. Provavelmente eu entendi errado.
— Entendeu errado o quê?
Antes que ele consiga responder, nosso pai se aproxima com a expressão carregada.
— Vamos.
— Embora? — pergunto, tentando disfarçar o alívio.
— Sim. Você já me constrangeu demais por uma noite, Anahi. Melhor encerrarmos nossa participação no evento antes que a situação piore.
Eu quero perguntar que situação é essa, mas um olhar de advertência do meu irmão me faz manter a boca fechada.
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O Acordo - FINALIZADA
RomanceAviso: pode conter gatilhos. Alfonso Herrera, herdeiro da família mais poderosa da Turquia, não é o tipo de homem que tem dúvidas sobre pegar para si o que quer, principalmente no que diz respeito a mulheres. Entretanto, por questões morais, não se...