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Anahi

Eu desço do carro e saio correndo assim que ele estaciona.

Há jardineiros do lado de fora da casa e sei que olham espantados a convidada do patrão deixar seu “kyrios” para trás, como se estivesse fugindo dele, mas estou sobrecarregada demais para conseguir manter as aparências.

A briga, o sexo no carro, minha imprudência quando ele praticamente me pediu duas vezes para parar e agora, a confissão sobre a dívida de Hayden.

Meu Deus, e se isso fizer com que ele demita meu irmão, pensando que ele é um viciado em jogo?

Eu não deveria ter falado nada. O que me importa o que pensa de mim?

Não gostávamos um do outro muito antes do meu pai ser preso.

Entro no closet e com a maturidade de uma criança de cinco anos, me escondo atrás dos cabides de dois vestidos longos que trouxe. Eu preciso de um banho, mas tenho medo de que ele venha atrás de mim como da última vez.

Menos de um minuto depois, vejo que meu esconderijo foi descoberto quando a porta se abre.

Eu quase morro de vergonha quando Alfonso afasta os vestidos e me olha, agachando-se na minha frente em seguida.

Ele não fala nada, apenas estica a mão para pegar a minha. Eu não dou.

— Estou propondo uma trégua. Meu comportamento hoje foi imperdoável.

— Qual deles?

— Não estou me desculpando por te comer no carro, Anahi. Faria de novo. Ainda consigo sentir a delícia que é sua boceta em volta do meu pau. Eu quero me desculpar pela cena que fiz na praia. Atticus é um cretino, mas não um traidor…

— E eu sou? Vá para o inferno, Alfonso!

— Não terminei de falar, gata selvagem. Eu estava dizendo que ele não é um traidor, mas mesmo que fosse, eu confio que você não me enganaria.

— Por quê?

— Porque isso que existe entre nós, essa maldita química que nos atrai como dois ímãs, foi a razão que a fez ser imprudente naquele dia no meu escritório. Eu te deixo louca, da mesma maneira que você faz comigo e isso não tem a ver só com tesão. Somos dois fios desencapados que quando encostam um no outro, soltam faísca e não se encontra isso em cada esquina. É a mim que você quer.

— Eu não costumo ser combativa. Você me tira do sério.

— Eu sou conhecido como o irmão prudente. Comedido, frio.

Apesar de ainda estar me sentindo perdida, não consigo deixar de sorrir.

— Só prova que ninguém te conhece realmente.

— Só prova que você viu quem sou fora da superfície e não sei se gosto disso.

— Por que não?

— Perguntas demais, Anahi. Agora, saia daí, como a dama que foi educada para ser.

— Estou cansada de ser uma dama.

— Foi por isso que propôs o acordo?

— O quê?

— Se tivesse me contado sobre a dívida do seu irmão, eu teria quitado-a sem que precisasse me entregar sua virgindade.

— Eu…

— Queria uma desculpa para ficar comigo.

Levanto-me, morrendo de vergonha, e eu nem sei qual a maior razão: se pelo fato dele ter me desmascarado quando eu estava mentindo até agora até para mim mesma, ou se porque o que ele falou mostra o poder que Alfonso sempre exerceu sobre meu corpo.

O Acordo - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora