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Alfonso

— Boa noite, senhor Herrera — Hayden responde assim que me identifico. — Eu quero agradecer ao senhor pela casa e também por contratar minha irmã como sua assistente.

Eu sabia que o garoto era um figura apática. Nas poucas vezes em que nos encontramos, pouco falou, mas não esperava que fosse também tão subserviente.

Ele parece não saber o que agradecer primeiro.

— Sabe a razão pela qual eu e meus irmãos estamos ajudando, Hayden?

— Sei, sim. Tem a ver com a promessa que seu padrasto fez ao nosso pai.

— Sim, mas o que precisa saber, é que quando tenho um dever, eu o levo às últimas consequências. Eu não tenho ideia de como foi criado, mas agora, está sob nossa responsabilidade. Eu não me importo se tem dezoito ou cinquenta anos. Nossa família, nossas regras.

— É só me dizer o que preciso fazer, senhor Herrera.

— Sua irmã falou algo sobre conseguir um emprego para si e para você também. O que exatamente fazia na empresa do seu pai?

— Posso ser honesto?

— Não espero nada diferente.

— Praticamente nada. Eles não me davam muito o que fazer porque achavam que eu não era capaz.

— E você é?

— Sim.

— O que gosta de fazer?

— Eu amo computadores. Sistemas operacionais de maneira geral. Nunca sonhei com o setor financeiro, que é onde se concentrava a empresa do meu pai.

— Vá ao RH da sede da Herrera Steel Group amanhã. Eu deixarei meus funcionários informados. Tenho certeza de que conseguirão alguma coisa para fazer.

— Está falando sério?

Pela primeira vez desde que a conversa começou, ele soa animado.

— Sim, estou. Agora, avise a sua irmã para me ligar assim que encerrar o telefonema com meu irmão mais velho.

— Oh! Foi ele então que ligou para Any?

— Sim. Por que soou preocupado?

— Eu não sei se devo falar.

— Diga.

— Eu tenho medo de que o senhor Demirci… que ele possa fazer mal à minha irmã. Ele queria que ela fosse para sua casa hoje e também, levá-la em uma viagem.

— Não se preocupe com isso. Ninguém a levará contra a vontade.

— Perdão antecipado pelo que vou dizer, senhor Herrera, mas como posso não me preocupar? Any é a única família que me resta. Ela sempre foi meu mundo.

— Como eu lhe disse antes, ela estará em segurança. Agora dê o recado à sua irmã.

Menos de um minuto depois, meu telefona toca.

— Minha assistente?

Eu ouço uma porta bater do outro lado da linha e presumo que ela acaba de entrar no quarto.

Não combinamos nada. O que queria que eu dissesse? Que sou sua propriedade?

— Não tenho como negar que a ideia me agrada.

Ou sua amante de aluguel?

Meu rosto se contrai em uma careta involuntária.

Eu até agora não consigo acreditar que concordei em pagar para ter o direito de matar minha obsessão por ela.

Não tem nada a ver com o dinheiro em si, mas por uma questão de princípios.

Resolvo mudar de assunto, tratando de todas as questões espinhosas de uma vez.

Não quero falar sobre finanças quando estivermos juntos.

— As dívidas de que falou do seu pai, eu vou sanar a questão com os acionistas da empresa, Anahi, mas nada além disso. Algumas das fraudes que ele praticou são irrastreáveis. E mesmo que conseguíssemos quitar todas, ainda assim será condenado. Ele vem sendo investigado há anos e agora que finalmente há provas, não o deixarão escapar.

Eu imagino que sim e não estava falando sério, Alfonso.

— Sobre qual parte?

Sobre quitar as dívidas do meu pai e também na questão da prisão. Eu ficarei eternamente grata se seus advogados puderem auxiliá-lo na defesa, mas sei que os crimes que cometeu são reais.

— Então qual foi o propósito do acordo?

Eu queria um milhão de euros.

— Ah.

Não é o que está pensando.

— Você não tem a menor ideia do que estou pensando nesse momento, Anahi Puente. Esteja pronta amanhã às cinco. Eu a apanharei em casa.

Espera, para onde vamos? O que eu preciso levar?

— Não se preocupe com isso. Se for o caso, compraremos por lá. Além do mais, não vai precisar de roupa na maior parte do tempo.

Ah, claro, eu me esqueci que não sairemos em público. Sou o seu segredinho sujo, senhor Herrera.

— Foi você quem colocou seu preço, Anahi. Eu apenas aceitei a compra.

Desligo sem me despedir, irritado com a situação, mas ainda assim, incapaz de voltar atrás. Se antes, sem nunca tê-la tocado, eu disse sim quando ela me propôs, agora que sei o gosto de sua boca e que provei aqueles peitos deliciosos, eu não vou parar enquanto não a fizer minha.

Solto o telefone em cima da mesa do escritório.

Ainda não fui para casa. Assim como meus irmãos antes de se casarem, sou um viciado em trabalho.

O aparelho volta a tocar.

Eu já falei com Anahi — Cenk diz, assim que atendo.

— Eu sei. Acabamos de desligar também.

Achei que não queria se envolver.

— É tarde demais.

O que isso significa?

— Nós dois fizemos uma espécie de arranjo.

De que tipo?

— Sua esposa não precisa de atenção?

Sou multitarefa. — Ele pausa. — Alfonso, eu não preciso dizer a confusão infernal que seria se você se envolvesse com Anahi Puente, não é? Não poderá simplesmente descartá-la depois. Embora não seja da família, a garota talvez fique sob nossa proteção por anos, a não ser que resolva andar pelas próprias pernas, o que não parece provável.

— Era só isso o que queria?

Nunca foi impulsivo. O que está acontecendo?

— Eu a desejo há mais de um maldito ano e não vou conseguir deixar essa obsessão para lá. Não estou pedindo autorização, Cenk. Sou o senhor da minha vida. Estou apenas avisando-o, mesmo que não pretenda tornar nosso relacionamento público.

O que isso significa?

— Temos um prazo para o fim. Não há razão para mostrá-la como uma namorada.

O Acordo - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora