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Anahi

— Quer que eu te poupe o trabalho?

— O quê?

— Não me trouxe aqui para conversar. Vai terminar comigo. Poderia ter economizado tempo a nós dois. Eu estava perto de casa.

— Não vai ser tão fácil assim, Anahi — diz, sem negar que chegamos ao fim da linha.

— Não estou entendendo.

Ele tira o celular do bolso e me entrega.

— Esqueceu seu telefone ontem.

Eu estendo a mão para pegar, mas ele se afasta, me impedindo.

— Ainda não.

— O que quer, Alfonso? Acabou de confirmar que é o fim.

Eu tento manter a voz firme, mas sei que ela sai dolorida e fico com raiva dele por fazer com que eu me exponha assim, por me fazer amar e confiar nele.

— Quando falei para virmos, eu ainda acreditava que tudo não passava de uma mal-entendido.

— Tudo o quê?

— Desbloqueie seu celular e leia suas mensagens, Anahi.

Eu não pego o telefone. Ao invés disso, o encaro, chocada.

— Mexeu no meu aparelho? É disso que se trata? Leu minhas mensagens privadas? Como pôde fazer algo assim? Eu penso no que poderia ter lido e sei

que não há nada que tenha encontrado que o faria agir como está se comportando agora. É provável que queira uma desculpa para poder sair como aquele com razão. Principalmente perante os irmãos.

Eu não preciso ser um gênio para entender que Cenk é contra nosso relacionamento, baseado na conversa que ouvi entre os dois na Grécia.

O que me faz questionar mais uma vez por que queria me levar a um almoço de família.

Mas o que isso importa, agora?

— Eu não mexi — ele finalmente responde. — Eu pretendia lhe devolver no jantar de hoje. Levei para a empresa. Temos um sistema de monitoração de palavras-chave.

Eu sorrio, mesmo sem estar com qualquer vontade, mas morrerei antes de demonstrar o quanto estou sofrendo.

— Está me dizendo que uma “palavra-chave” de uma das minhas mensagens ativou seu sistema de segurança? O que era? Eu ameacei colocar uma bomba na Mesquita Azul?

— Desbloqueie o aparelho, Anahi. Ou está com vergonha de ler na minha frente a troca de mensagens com seu namorado?

— O quê?

Eu agora pego o telefone sem pestanejar. Minha mão treme tanto que ele quase cai.

Olho para um número sem identificador, certa de que não só não conheço, como nunca recebi mensagens desse chamador antes. Então, quando começo a ler o que está escrito, preciso me sentar.

A tontura de hoje cedo me ataca ainda mais forte, mas eu rezo todas as orações que conheço para não desmaiar.

Não é uma mensagem, são várias, desde antes de irmos para a Grécia.

Nelas, a pessoa que me trata de maneira carinhosa e se identifica como meu namorado, agradece a transferência de dinheiro e pergunta se Alfonso desconfia de alguma coisa.

Não é o pior, entretanto. Há respostas minhas. Conversas inteiras nossas, rindo e debochando por enganar Alfonso.

Eu sinto a bile subir à garganta e mesmo fraca, me levanto.

O Acordo - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora