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Anahi

Se eu fosse uma garota prudente, não teria dito aquilo, mas se tivesse mesmo juízo, não me apaixonaria por esse arrogante, em primeiro lugar.

Eu espero que ele vá negar, dizer alguma coisa debochada para desmentir o que eu falei, mas não. Ele sorri.

Não o sorriso irônico costumeiro. Um de verdade.

— Posso saber qual é a graça?

— Acha que vai me fazer desistir de você ao jogar na minha cara que te quero?

— Não só quer. Querer é desejo. Gosta de mim.

Ele se levanta e avança em minha direção. Dou um passo para trás, mas não tenho muita área de manobra e fico presa entre seu corpo e a amurada do iate.

— Eu nunca neguei que gostava de você.

— Desprezava-me.

— Você é irritante, às vezes. Briguenta. Indomável.

O rosto dele está a poucos centímetros do meu.

— E você é desconfiado. Prepotente. Eu já falei arrogante?

— Provocadora. — Ele beija a curva do meu pescoço. — Deliciosa. — Segura meu rosto. — Minha.

Eu não me importo quem esteja nos observando. Sei que há outros iates ancorados perto de nós, mas tudo o que desejo é me entregar àquele beijo com a alma.

Quando nos separamos, ele diz:

— Vamos viver um dia de cada vez, Anahi.

— Um dia de cada vez parece uma boa ideia — concordo, ainda abalada com a mudança dele.






Véspera da volta para a Turquia



— Não esqueceu nada em casa? — Alfonso pergunta, enquanto andamos de mãos dadas pelas ruas de Zarofu.

— Não.

Ele sorri, tira o celular do bolso da bermuda e o sacode para mim.

— Deus, eu nunca lembro de carregá-lo comigo!

— Deveria. Sou um maníaco por controle e não me agrada a ideia de que saia sem ele.

Eu não respondo o que estou pensando porque não quero brigar.

Se fosse falar o que está na ponta da língua, diria que vou começar a controlar cada passo que dá também, da mesma maneira que faz comigo.

Eu não sei o que mudou na cabeça dele desde que rotulamos nossa relação de caso temporário para algo ainda sem nome, porém com várias possibilidades, mas eu juro por tudo o quanto é mais sagrado que ele está atento até mesmo às minhas respirações. Às vezes eu me pergunto se é só o jeito protetor dele mesmo ou se, por não gostar do meu pai, desconfia que eu seja igual.

Não, claro que não.

Ele poderia pensar nisso antes de me conhecer, mas estamos há mais de duas semanas dormindo e acordando juntos todos os dias. Eu teria que ser uma excelente atriz para fingir tão bem. Nem mesmo alguém tão desconfiado quanto Alfonso poderia pensar algo assim.

— Eu só uso o telefone para mandar mensagem para Hayden. Não tenho alguém para ligar.

— Só para ele?

— Eu não tenho amigos aqui… na verdade, nem nos Estados Unidos.

— E parentes?

— Também não. Somos só nós três. Meu pai era filho único e os pais dele estão mortos. Talvez haja uns primos distantes, mas nunca mantivemos contato.

O Acordo - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora