Anahi
Assim que descemos do avião, noto uma limusine nos esperando, o motorista parado com a porta aberta e sorrindo.
— Kaliníhta, doutor Herrera. Seja bem-vindo novamente.
— Kaliníhta.
Durante todo o voo para a ilha grega, eu fiquei em silêncio, fingindo dormir.
Ainda estou chateada pela conversa que tivemos ontem, mas sei que, se vamos mesmo conviver pelo próximo mês, não poderei ser tão sensível.
Eu já percebi que ele não mede o que tem que falar, dizendo a verdade sempre.
Alfonso, por sua vez, parecia concentrado no notebook, como se não tivesse sequer uma preocupação na vida.
Eu não me importei de ser ignorada. Foi um alívio, na verdade, porque todas as vezes que estamos perto um do outro, me sinto sobrecarregada. É como se ele dominasse cada célula minha.
Apenas poucas horas antes de me buscar na casa nova, ele me disse para trazer o passaporte, pois viríamos à Grécia.
Eu tive vontade de gritar por sua arrogância. E se estivesse vencido? Ele não se preocupou em dizer que sairíamos do país.
— O que significa kalimera? — pergunto, assim que nos sentamos no banco traseiro do veículo.
— Boa noite, em grego.
— Quantas línguas você fala?
— Cinco. Além da minha natal.
— Quais?
— Grego, inglês, obviamente — diz, sorrindo, e meu coração erra as batidas. Eu queria saber que poder o homem tem de acelerar minha pulsação mesmo sem se esforçar para isso —, italiano, russo e chinês.
Eu não consigo esconder meu espanto.
— Chinês?
— Sim. Temos muitas transações comerciais naquele país e eu nunca confio totalmente nos locais ou em intérpretes. Eu quero saber se o que estou negociando está sendo colocado da maneira que desejo.
— E esse é um traço característico da sua personalidade?
— Qual?
— A desconfiança.
— Sem dúvida. Fora da família, eu não posso ser rotulado como alguém que tenha muita fé na humanidade.
Ele não precisava ter me dito isso para que eu tivesse certeza. Homens como Alfonso e meu pai desconfiam da própria sombra.
Imediatamente após o pensamento, eu me sinto mal. Ainda que eu continue detestando-o, não posso negar que não mentiu para mim até agora. Ao contrário, foi absolutamente honesto em suas intenções.
Eu decido que ainda nessa viagem, contarei a ele sobre a razão de eu precisar do um milhão de euros. Sinto-me desonesta por deixá-lo pensar que propus o acordo por querer o dinheiro por mero capricho.
E por que se importa como ele a julgará? — uma voz pergunta na minha cabeça. — Em cerca de trinta dias provavelmente nem se verão mais.
Eu percebi desde a conversa com o irmão mais velho, Cenk, que ele tomou para si a responsabilidade de cumprir o acordo com o padrasto deles. O que me faz questionar por que foi Alfonso quem providenciou a casa e os seguranças. Afinal, eles são cinco irmãos. Mesmo antes que eu propusesse o acordo, ele já estava tomando a frente para cuidar de mim e de Hayden.
Eu não gosto dessa linha de pensamento. Não quero acreditar que ele se importa conosco. Como bem apontou, foi seu senso de honra que não permitiu que fugisse da obrigação.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Acordo - FINALIZADA
RomanceAviso: pode conter gatilhos. Alfonso Herrera, herdeiro da família mais poderosa da Turquia, não é o tipo de homem que tem dúvidas sobre pegar para si o que quer, principalmente no que diz respeito a mulheres. Entretanto, por questões morais, não se...