Anahi
Eu sabia que a família de Alfonso era rica, mas somente quando entro no edifício onde fica a sede da Herrera Steel Group, me dou conta do quanto.
Não há nada, do piso ao teto, que não grite a palavra “poder”.
O saguão é moderno, mas ao mesmo tempo sem deixar de lado as raízes da arquitetura otomana.
Eu estudei muito sobre o país quando soube que nos mudaríamos para cá em definitivo. Até então, só havia vindo em visitas esporádicas com meu pai e assim mesmo, muito raramente, porque nem sempre ele queria nos trazer na “bagagem”.
Caso o que Alfonso me disse sobre a ligação do meu pai com o narcotráfico mexicano seja verdade, talvez tenhamos que ficar aqui por muito tempo, quem sabe, para sempre.
Eu gosto de Istambul. Já considero aqui como um lar, mesmo que não possa dizer que conheço a cidade realmente. Eu nunca andei pelas ruas, por exemplo, exceto em raras ocasiões em que fui a lojas ou pisei na calçada ao sair de veículos para comparecer a eventos.
Na teoria, entretanto, sou uma expert.
Sei que a cidade é a maior da Turquia e também a quarta mais populosa do mundo. A maior parte da população é muçulmana, embora, se os boatos que ouvi forem verdade, os Herrera's, à exceção da mãe deles, são todos ateus ou, ao menos, não seguem a religião predominante no país.
Istambul foi a capital do Império Romano do Oriente e mesmo que a capital da Turquia seja Ancara, a cidade continua sendo o principal polo industrial, comercial, cultural e universitário.
Assim que as coisas se acalmarem — prometo a mim mesma — vou fazer turismo.
Planos. É disso que preciso para não enlouquecer.
Ter um objetivo é o que vai me salvar de uma depressão porque se fosse seguir meu desejo real, me trancaria em um quarto escuro sem ver qualquer pessoa. Nesse instante, nem mesmo Hayden.
Eu o amo com todo o meu coração, mas estou muito magoada. Passei a vida toda me dedicando à sua criação, porque mesmo com a diferença de idade tão pequena entre nós dois, eu me sinto muito mais velha do que meus vinte anos.
E para que me sacrifiquei? Deixei de seguir meus sonhos, de expressar minhas vontades e desejos, totalmente comprometida com a promessa que fiz a minha mãe em seu leito de morte. Ainda assim, ele agiu pelas minhas costas. —
Pode subir, senhorita Puente — uma recepcionista me fala em turco, assim que me apresento a ela.
— Teşekkür ederim— Agradeço.
— De nada. Tem que se dirigir ao elevador privativo, que dará diretamente no andar do doutor Alfonso Herrera — fala, apontando à esquerda.
Assim que desci do automóvel, mandei uma mensagem avisando para Alfonso que tinha chegado e ele me deu as instruções de como ter minha entrada permitida no edifício e a quem deveria me dirigir.
Os guarda-costas ficaram para trás, então sou a única pessoa dentro do elevador, que é todo de vidro.
Uma sensação de estar sendo observada me faz erguer os olhos para o teto. Uma discreta minúscula câmera pisca no canto direito. Obviamente, um edifício tão luxuoso seria monitorado, mas a intuição diz que não é um segurança regular quem me vigia.
É ele. Alfonso.
Sem que eu possa fazer nada a respeito, sinto o corpo inteiro se arrepiar.
Eu nunca vou conseguir entender o tipo de loucura que o homem me desperta. Estou mergulhada em problemas e ainda assim, consigo pensar em algo tão frívolo quanto atração física.
Não, eu não posso mentir para mim mesma. Não há nada de frívolo na maneira como meu corpo responde ao dele. É algo incontrolável e que eu nunca imaginei ser possível: antipatizar com alguém e assim mesmo, querer suas mãos em mim.
As portas do elevador se abrem e eu chego a uma antessala onde uma secretária vestida de maneira quase idêntica à recepcionista que me guiou no térreo — vestido preto com o casaco de um terninho por cima e cabelo preso em um coque apertado —, se levanta para me receber.
— İyi günler — cumprimento.
— Boa tarde, senhorita Puente — ela responde em inglês.
— Eu falei errado?
— Não, mas eu gosto de treinar meu inglês. — Sorri, simpática. — Eu vou acompanhá-la até a sala do doutor Herrera.
Eu aceno com a cabeça e ela segue na minha frente.
Abre a porta e depois de me anunciar, fica de lado para que eu entre.
Eu me preparei para encontrá-lo. Tomei respirações profundas e disse a mim mesma que Alfonso é um arrogante, cínico, não importa o quão lindo seja, mas ainda assim meu coração parece que vai sair pela boca.
Não estou olhando para frente, e sim, para o chão. Não é timidez, eu tento ganhar tempo antes que nossos olhos se bloqueiem. Assim, a primeira coisa que vejo são seus sapatos de couro, impecáveis, que eu sei apenas de olhar que são italianos e feitos à mão. Meu pai e meu irmão têm alguns assim.
Ele está meio recostado na mesa, as pernas cruzadas na altura dos tornozelos.
Eu deixo a vista subir pelas pernas longas e fortes, cobertas por uma calça de terno acinzentado claro. Subo o olhar e percebo que além do terno, usa um colete abotoado por cima da camisa.
Eu sei que a secretária já saiu, mas ainda não me movo.
— Senhorita Puente? — ele chama e posso perceber pelo tom que sabe o quanto vê-lo mexe comigo.
Eu não tenho como continuar catatônica, então finalmente o encaro.
Esperei encontrar uma expressão de deboche, convencimento, mas não é isso o que vejo.
É um reflexo do mesmo desejo que eu sinto.
Alfonso deveria representar tudo o que eu desprezo. Homens como ele se consideram os donos do mundo. Não pensam duas vezes antes de atropelar quem está em seu caminho para conseguirem seus objetivos, mas infelizmente, para mim, não há nada de racional no calor que toma conta do meu corpo inteiro.
— Anahi? — ele repete e sua voz agora soa rouca.
Eu não consigo falar e nem quando o vejo se erguer e caminhar em minha direção, eu digo algo para pará-lo.
Eu vi em seus olhos suas intenções e estou ansiosa para que ele cumpra a promessa silenciosa daquela profundeza verde oliva.
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Próximo capítulo...
— Falou que quer um emprego? De quê, mesmo?
— Talvez eu esteja pensando no cargo de amante. Tornar-me a mulher temporária de algum bilionário — ironizo.
— Vai se vender?
— Não posso negar que pensei nisso. Eu acho que um milhão de euros por um mês seria um bom preço.
— Seria minha por um mês se eu lhe pagasse um milhão de euros?
— Não. Para o senhor o preço seria mais alto.
— Sente-se, Anahi.
— Por que deveria?
— Vamos negociar seu preço.
Em breve...
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Obrigada por todos que estão acompanhando !! Estarei em pausa. Volto na segunda, deixei um gostinho do que vem por aí hehe até logo...
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O Acordo - FINALIZADA
RomanceAviso: pode conter gatilhos. Alfonso Herrera, herdeiro da família mais poderosa da Turquia, não é o tipo de homem que tem dúvidas sobre pegar para si o que quer, principalmente no que diz respeito a mulheres. Entretanto, por questões morais, não se...