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Anahi

Eu não consigo parar de olhar em volta, enquanto descemos do carro na rua do pequeno centro da ilha.

As pessoas sorriem e nos cumprimentam com uma kaliníhta e agora eu já sei que a palavra significa “boa noite”, então respondo timidamente.

Alfonso apoia a mão na parte baixa das minhas costas, me guiando para o restaurante e desviando dos turistas que lotam as calçadas.

Quando finalmente conseguimos entrar no estabelecimento, somos recebidos por um homem de seus quarenta anos, bonito, pele bronzeada e que meu acompanhante me explica que é o proprietário do estabelecimento e também um amigo de longa data.

O restaurante foi inaugurado há poucos meses e justamente por conta da intenção de Alfonso de adquirir a ilha, o que me diz que o negócio já deve estar praticamente fechado.

Eu também reparei que os empregados da casa o tratam com reverência, chamando-o de Kyrios Alfonso, que vi no Google que significa “senhor”.

Eles trocam algumas palavras em grego pelo que consigo notar, então ouço Alfonso dizer:

— Anahi não entende sua língua, Atticus. Vamos falar em inglês.

O homem me encara, sorrindo.

— Americana?

— Sim — respondo. — Do tipo que acha que os Estados Unidos é o centro da Via Láctea — brinco, me autodepreciando.

— Linda e com senso de humor. É um homem de sorte, Alfonso.

Ele me olha sem dizer nada e não consigo adivinhar se está se divertindo ou aborrecido.

— De que lugar dos Estados Unidos, senhorita…?

— Anahi Puente. Sou de Nova Iorque, senhor Atticus.

— Manhattan?

— Sim. Nascida e criada.

— Nem tão autocentrada assim, então. É a cidade mais cosmopolita do país.

É minha vez de sorrir.

— Talvez eu apenas goste de dar um susto no primeiro momento. A maioria do mundo pensa o pior de nós. Eu me divirto confirmando.

— Ela é uma perfeição, Alfonso. Se um dia enjoar desse turco arrogante, é só me telefonar, Anahi Puente.

Eu não acho que ele esteja falando sério. Parece flertar com facilidade e talvez seja um pouco para provocar Alfonso também.

Eu não respondo, mas sorrio. A mão dele muda da parte baixa das minhas costas para os quadris.

— Já basta — diz e o sorriso do grego amplia consideravelmente.

Sim, ele o estava provocando.

Sem parecer se importar com o mau humor do amigo, o homem nos guia para uma mesa, mas antes de se sentar, Alfonso me pergunta:

— Está com frio?

— Não. A noite está uma delícia.

— Então vamos ficar com uma das mesas do terraço, Atticus. É a primeira vez de Anahi em ilhas gregas e quero que aprecie a experiência.

O homem volta a empurrar a cadeira que havia puxado para que eu me sentasse e nos direciona para o lado de fora.

O restaurante localiza-se na parte alta da ilha e eu fico sem fôlego ao chegar à amurada do terraço e observar as construções abaixo de nós, todas iluminadas.

O Acordo - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora