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Anahi

Ele saiu para resolver negócios referentes ao complexo turístico e depois de fazer um telefonema para o meu irmão confirmando que ele está bem, eu decidi ir à praia.

Não a privativa de Alfonso, mas a da cidade, onde os turistas frequentam também, porque cheguei à conclusão de que já passou da hora de viver a vida como alguém normal. Por conta da maneira com que meu pai sempre me controlou, posso contar nos dedos de uma mão quantas amigas tive ao longo da vida e mesmo assim, nenhuma íntima.

Eu quero me cercar de pessoas que gostam de mim. Estou cansada de ser sozinha. Com Hayden, não sou amiga, sou mais mãe do que qualquer outra coisa.

Depois de pedir algumas instruções à governanta e perguntar quanto tempo levaria para chegar lá, ela me diz que de bicicleta seriam cerca de dez minutos e que há várias à disposição na garagem.

Eu guardo o celular na bolsa e confiro se tenho filtro solar e toalha. Coloco tudo na cestinha e saio pedalando.

Quando chego ao local indicado pela funcionária, fico sem fôlego diante da cor verde azulada do mae.

É a perfeita imagem do paraíso na Terra.

Há um pequeno restaurante, bem mais modesto do que o de Atticus, quase na beira da água.

Algumas pessoas estão sentadas às mesas, que ficam nas sombras, admirando os banhistas.

Na areia há espreguiçadeiras fixas, com guarda-sóis e depois de me informar com um dos turistas se posso escolher uma delas, eu sigo para a mais próxima da água possível.

Tiro a saída de banho e reaplico o filtro solar, depois resolvo mandar uma mensagem para Alfonso avisando onde estou.

“Estou na praia. Volto mais tarde, a tempo de jantarmos.”

N

ão que eu ache que ele vá se importar. 

Quando eu acordei, ele já havia levantado e não deixou qualquer recado de quando voltaria, além do aviso de que fora a uma reunião.

Nós devemos ir embora amanhã e eu quero pelo menos tirar esse branco-fantasma do corpo.

Eu guardo o telefone na bolsa e corro em direção a água. Está bem fria, mas mesmo assim, depois de molhar nuca e punhos, eu mergulho.

Tremo nos primeiros minutos, mas após nadar uns metros, começo a me acostumar.

Eu perco a noção do tempo, me permitindo esvaziar a mente de qualquer preocupação que não seja sentir o calor delicioso dos raios solares em minha pele enquanto boio.

Apenas quando meu nariz começa a arder um pouquinho é que percebo que talvez tenha exagerado.

Eu saio da água, torcendo o cabelo, mas quando chego na espreguiçadeira, sorrio ao ver quem está sentado lá. Atticus.

— Uma sereia — flerta, se levantando. Depois pega minha mão e beija.

— Uma sereia temporariamente fora do mercado — brinco, mas falo sério ao mesmo tempo.

Eu li em algum lugar que gregos e italianos são muitos sedutores e paqueram com facilidade, mas percebi ontem que Alfonso ficou irritado com as investidas do amigo. Embora nosso relacionamento tenha data para acabar, eu não quero que se aborreça por minha causa.

— Temporariamente quanto? Talvez eu esteja disposto a esperar.

— Você não quis dizer isso, Atticus. Eu sou apenas uma americana a mais na vida do seu amigo. Uma disputa por mulheres não vale uma amizade.

O Acordo - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora