— Vejo que é um homem de poucas palavras, não, Sr. Sullivan?
Ao som da voz feminina, Morgan desviou a atenção da vista do grande jardim térreo diante de si e encontrou Samantha Manson admirando-o com pura malícia nos olhos artificialmente azuis. Apesar de ter sido bem sucedido em conter seu suspiro de desprezo, ele não foi capaz de disfarçar a careta descontente que retorceu seu rosto, quando respondeu, frio.
— De fato. — tomando um gole da taça de champanhe que estava segurando, Morgan moveu novamente o olhar para longe da expressão no rosto da esposa de seu novo sócio, fingindo não notar o tom claramente convidativo que havia ali — Especialmente quando percebo que não vale a pena dizer nada.
— Oh, eu entendo perfeitamente o que quer dizer. — a voz dela se aproximou, para desgosto de Morgan, antes que a mão com longas unhas pintadas de vermelho alcançasse seu braço, iniciando uma carícia suave — Festas com o propósito de fazer negócios são sempre muito entediantes. Especialmente quando meu marido está tão empenhado em conseguir novos sócios. — ela resmungou, porém, ao perceber que ele não fazia qualquer questão de encontrar seus olhos, a Sra. Manson avançou mais alguns passos, colocando-se em frente a ele com um sorriso sedutor — Não me entenda mal, eu estou muito feliz que Anthony tenha conseguido um homem tão importante e competente como você para apoiá-lo nos negócios, mas você deve imaginar como é para uma mulher jovem como eu ficar sozinha em uma mansão enorme enquanto meu marido passa noites e mais noites trancado no escritório cuidando da papelada... — com um sorriso, Samantha mordeu o lado, correndo as unhas pela extensão do braço dela, até a altura do ombro, antes que ele pudesse se afastar — Eu estava pensando se você não gostaria de usar o escritório dele de vez em quando... Afinal, agora que são sócios, tudo o que é dele é um pouco seu também...
— É uma bela fonte. — afastando o braço do alcance da mão dela, Morgan comentou, friamente.
— O quê? — a Sra. Manson engasgou, incrédula.
— A fonte. — Morgan moveu a cabeça na direção do grande chafariz de pedra cinzenta que jorrava água a alguns metros à frente dos dois, logo abaixo de uma pequena sacada — É um trabalho de escultura excelente. Acho que vou vê-lo mais de perto.
— Oh... — Samantha resmungou, parecendo incapaz de conter uma careta diante de sua recusa indireta, mas logo um sorriso plástico, congelado no lugar como o de uma marionete, espalhou-se por seus lábios cobertos de vermelho e ela apressou-se em estender novamente a mão na direção da dele — Eu o acompanho, então. Assim podemos conversar com mais privacidade...
— Não é necessário. Como eu lhe disse antes, eu não vejo necessidade de falar, quando claramente nada de bom sairá de certas conversas. Tenho certeza de que terá muito tempo para refletir e perceber que estou certo, sozinha nessa enorme mansão, enquanto eu e seu marido estaremos trabalhando naquelas papeladas entediantes. — Morgan acenou com a cabeça, contendo a vontade que estava sentindo de sorrir de canto ao ver o rosto pasmo e ultrajado da Sra. Manson — Aliás, acho que deveria procurar por Anthony agora mesmo, ou corre o risco de ele acabar conseguindo mais alguns sócios para mantê-lo ocupado, no meio de todos aqueles investidores com quem ele está conversando. Agora, se me dá licença, Sra. Manson...
Não dando a ela a oportunidade de emitir sequer mais um único suspiro, Morgan se afastou a passos largos, deixando que o ar fresco da noite limpasse um pouco do cheiro de charutos e whisky que parecia ter se impregnado depois de longas duas horas naquela festa. Por mais que estivesse naquele meio a quase dez anos, parecia que aquelas cenas opulentas, cheias de sorrisos falsos e frases milimetricamente planejadas, nunca ficava mais fácil de suportar. Assim como Samantha Manson, todas aquelas pessoas eram como bonecos de ventríloquo, movendo-se com elegância e perfeição enquanto suas verdadeiras intenções se escondiam entre insinuações e a busca incansável por poder e conexões.
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Como Seduzir o Seu Marido
RomanceDesde os 17 anos, Charlie Foster é apaixonada por Morgan Sullivan, o gentil sócio de seu pai que rapidamente se tornou seu melhor amigo. Agora, aos 20, e depois de várias tentativas frustradas de fazer Morgan vê-la como mulher, Charlie se vê impedid...