Capítulo 10 - Morgan

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Nem mesmo em seus piores dias de trabalho, Morgan se lembrava de ter sentido tanta raiva quanto no dia em que tinha presenciado Charlie falando sobre seu desejo de dormir com outros homens.

Quase um dia inteiro havia se passado desde então e, mesmo assim, ele ainda não tinha conseguido se acalmar completamente. Fosse arrumando as malas, dando a atenção que Sawyer estava cada vez mais de mandando ou simplesmente parado ali, esperando que Charlie terminasse de se vestir para eles poderem dirigir até o aeroporto, aquela fúria que sentira ao imaginar Charlie com outro homem ainda tomava conta dele. O suficiente até mesmo para fazer com que ele e Charlie acabassem trocando poucas palavras nas últimas horas, o que inédito. Eles não tinham exatamente brigado, mas ele tinha que admitir que o clima entre eles não era o mesmo, desde que aquilo tinha acontecido. E, por mais que uma parte dele quisesse mais do que tudo fazer as pazes com Charlie e fazer com que as coisas voltassem a ser como eram antes, havia outra parte, mais teimosa e primal, que não queria dar o braço a torcer enquanto ela não lhe prometesse, com todas as letras, que não iria se envolver com nenhum outro homem, enquanto eles estivessem casados.

Nunca antes em seus 34 anos de vida, até onde ele se lembrava, ele sentira uma vontade séria e quase incontrolável de matar alguém. Mas bastou Charlie dizer que queria descobrir como era estar nos braços de um homem, que ele quase havia perdido a compostura por completo. Nada havia acontecido e aquele homem hipotético com o qual Charlie queria se envolver nem sequer existia, mas ainda assim ele queria soca-lo até que seu rosto desaparecesse, por ter ousado tocar em Charlie. E, por mais que ele tivesse tentado se enganar, Morgan sabia que aquela não era a raiva que um irmão mais velho ou um melhor amigo sentiria ao pensar em sua preciosa irmã/amiga sendo seduzida por um idiota. Era o tipo de raiva que um homem sentia quando cogitava a possibilidade de sua mulher encontrar outro.

Ciúmes era o nome, ou assim ele acreditava. Morgan apenas não esperava que aquele sentimento fosse tão intenso. Ou que roubasse seu controle, geralmente inabalável, com tanta facilidade.

Suspirando ao sentir Sawyer começar a se esfregar em seus tornozelos e ronronar alto, exigindo atenção imediata, Morgan o pegou no colo e começou a correr as unhas por seu pescoço, quase no exato mesmo momento que Charlie por fim saiu do quarto, vestindo uma camisa de botões e uma saia leve que a deixaram absolutamente estonteante. Por um momento, ele se esqueceu até mesmo que ainda estava um pouco bravo e apenas a admirou por um longo tempo, enquanto os dois permaneciam se encarando em silêncio, até que Charlie desceu os olhos até o gato no colo dele, que naquele momento já estava virado de barriga para cima, ronronando tão alto quanto uma sirene de ambulância.

— Traidor. — ela resmungou, colocando as mãos na cintura — Eu o alimento, limpo a caixa de areia e dou a ele todas as caixas que encontro e ele ainda tem a audácia de preferir você.

— Você deve ser a segunda favorita dele, eu tenho certeza. — ele brincou, após um longo momento de silêncio.

— Isso é o seu jeito de dizer que já não está mais bravo comigo? — ela o questionou timidamente, indo sentar-se ao lado dele no sofá, onde as duas pequenas bagagens de mão dos dois os esperavam, com apenas o necessário para que eles pudessem pernoitar no hotel que tinha alugado em Las Vegas.

— Eu nunca realmente estivesse bravo com você, Charlie. — ele admitiu, com um suspiro — Desculpe se fiz você pensar isso, foi muito infantil da minha parte. Estamos prestes a firmar um compromisso muito importante juntos e precisamos confiar e apoiar um ao outro. Especialmente eu.

— Desculpe se eu falei algo que fez você se sentir mal. — ela encostou a cabeça no ombro dele, enquanto murmurava — Mas me magoa saber que você ainda me vê como uma criança. Não quero estar ao seu lado para que você cuide de mim e me proteja até da minha própria sombra. Eu quero me casar com você e estar do seu lado porque confio em você e quero ser sua parceira. Quero que também confie em mim e me veja como igual. — ele sentiu como se uma adaga tivesse sido cravada em seu peito ao ver o brilho os das lágrimas se acumulando nos olhos tristes dela — Será... Que sempre vai ser assim entre nós? Você sempre vai me ver e me tratar como uma criança? Por que, se for assim...

Como Seduzir o Seu MaridoOnde histórias criam vida. Descubra agora