Como Seduzir o Seu Marido

Capítulo 32 - Charlie

Mesmo que seus pés estivessem bem fixos no chão, Charlie sentia como se estivesse flutuando, enquanto caminhava até o abrigo, depois mais um dia de aulas na faculdade. Ela não tinha tido a oportunidade de ver Morgan desde que os dois tinham acordado naquela manhã, atrasados para seus deveres, depois de uma longa noite fazendo amor. Mas, na verdade, era como tivesse, já que ele agora fazia questão de ligar para ela o tempo inteiro, para saber como estava, como tinha sido seu dia, a que horas eles poderiam se ver de novo...

Ela tinha o melhor marido do mundo, sem dúvida nenhuma. E, com sorte, eles estavam avançando rápido o suficiente para que ela se certificasse de que ele ficaria com ela para sempre.

Saltitando enquanto abria a porta do abrigo, Charlie mal notou que havia alguma coisa diferente no ambiente, até que ela ouviu os soluços vindos do escritório de Vivian, ali perto. Imediatamente alarmada, ela correu até lá, sentindo seu coração afundar ao encontrar Vivian sentada em sua mesa, com o rosto escondido entre as mãos, mas ainda assim claramente chorando compulsivamente, enquanto Jack a segurava pelos ombros, parecendo querer acalmá-la. Ao redor dos dois, estavam diversos papéis espalhados pela mesa, a maioria já manchados pelas lágrimas de Vivian.

— Vivian?! — Charlie engasgou, correndo até os dois, em pânico — O que aconteceu?

— Oh, Charlie... — foi tudo o que Vivian pareceu conseguir dizer, erguendo o rosto inchado de tanto chorar por um momento, antes de desviar o olhar novamente, deixando as lágrimas escorrerem por suas bochechas.

— Jack, o que houve?! — Charlie virou-se para o amigo, cada vez mais assustada com toda aquela situação; Vivian era a pessoa mais forte e destemida que ela conhecia, por isso, seja lá o que tivesse acontecido, devia ser algo mais do que grave.

— Eu não sei... — Jack suspirou, parecendo estar no mesmo estado de pavor que Charlie — Quando eu cheguei hoje de manhã, ela já estava assim. E nem sequer consegue se acalmar o suficiente para contar o que aconteceu...

— Vivian... — Charlie se aproximou ainda mais para poder abraçar a amiga, sentindo seu corpo estremecer quase que compulsivamente por causa dos soluços — Está tudo bem, nós estamos aqui... Eu não sei o que aconteceu, mas nós vamos resolver, eu prometo...

Foi o que ela continuou entoando enquanto a consolava e não parou nem mesmo quando vários minutos se passaram e Vivian continuava naquele estado desesperado de tristeza, não sendo capaz de fazer nada além de chorar e soluçar. Felizmente, talvez quase meia hora depois, embora Charlie não fosse capaz de dizer com precisão, as lágrimas de sua amiga foram começando a diminuir e Jack correu para buscar um copo com água para ela, enquanto Charlie se ocupava em enxugar o rosto ensopado de Vivian gentilmente, perguntando-se o tempo inteiro o que poderia ter acontecido para deixa-la assim.

— Se sente melhor, Vivian? — Charlie lhe perguntou, com a voz mais baixa e suave que conseguiu, uma vez que Jack voltou e Vivian começou a beber o copo com água com as mãos trêmulas. Contudo, como resposta, ela apenas assentiu debilmente.

— O que aconteceu, Vivian? — Jack perguntou logo em seguida, apavorado, como se não fosse capaz de conter aquela pergunta dentro de sua boca por muito mais tempo; não que Charlie pudesse julgá-lo, já que ela estava se sentindo de uma maneira muito parecida, naquele momento — Oliver está bem? Aconteceu algo com a sua família?

— Oh, Jack... — Vivian lamentou, com a voz ainda instável, mas ao menos um pouco mais clara — Sim, sem dúvida fizeram algo com a minha família, mas não a que mora na minha casa...

— O que quer dizer? — Charlie a questionou, segurando as mãos da amiga entre as dela, temerosa com o que viria a seguir.

— Esses papéis foram colocados debaixo da porta do abrigo hoje de manhã, antes mesmo de eu chegar para abrir. — Vivian explicou, indicando as folhas que estavam espalhadas sobre a mesa — No começo eu pensei que seria apenas mais um aviso judicial de que nossas dívidas estavam vencidas a mais tempo do que era permitido, mas... Como eu poderia imaginar? — sua amiga lamentou, desolada — Como eu ia saber que eles fariam isso assim tão de repente? Sem qualquer aviso prévio ou coisa assim...?